Capítulo 26

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Agradeci por minha mãe não ter visto o estado em que cheguei ontem em casa, depois que consegui tirar todo resquício de tinta de mim, apenas disse a ela que tinha passado mal na escola, e para não levantar suspeitas, joguei minhas roupas sujas no lixo.

Agora estou aqui, deitada no chão de meu quarto, embargada no meu sofrimento e vergonha, insisti para minha mãe que não estava bem para ir à escola hoje. Desde ontem meu celular não parava de apitar com notificações de mensagens, mas não fiz questão de pegar no celular em nenhuma hora, só queria ficar sozinha.

— Não quer que eu prepare um sanduíche para você, querida? — escuto minha mãe perguntar, do outro lado da porta.

— Não precisa — respondo, a voz saindo preguiçosamente.

— Nem um suco? — insiste ela.

— Estou bem, mãe.

— Você passou o dia todo nesse quarto.

Conseguia sentir a preocupação em sua voz, mas não estava a fim de sair de meu quarto.

— Daqui a pouco eu desço — digo por fim, para ela não ficar mais apreensiva.

— Está bem — diz, e ouço seus passos se distanciando.

Respiro fundo fechando meus olhos, e revivendo aquele momento.

É como se eu visse meu mundo desmoronar em minha frente, achei que aqui as coisas poderiam ser diferentes, mas vi que estava errada, certas coisas nunca mudam, mesmo que eu já tivesse passado por momentos constrangedores em minha antiga escola, nunca chegou em uma proporção como essa. Eles queriam me ver realmente sendo humilhada.

Passei boa parte de minha vida ignorando essas coisas, mas agora é quase inevitável, pois eu achei que isso já tinha acabado em minha vida, tinha esperanças de que conseguiria chegar até o fim do ano letivo sem passar por um momento como esse.

Alguém bate em minha porta.

— Não quero nada, mãe — digo, um pouco alto.

— É o Brian — diz a pessoa, a voz um pouco abafada.

Me levanto surpresa.

O que ele está fazendo aqui?

Vou até a porta, não acreditando que ele está em minha casa, mas assim que abro a porta e o vejo ali parado em minha frente, tive certeza de que ele está aqui, ainda atônita, dou passagem para ele entrar em meu quarto.

— Pedi para sua mãe não avisar que eu estava subindo, tinha uma grande certeza de que você diria que não queria ver ninguém — Brian diz, sentando em minha cama.

Olho para ele, que me dá um sorriso reconfortante.

Me sento ao seu lado.

— Por que está aqui? — pergunto.

— Soube o que aconteceu.

— Acho que o colégio inteiro sabe — murmuro, desalentada.

— Fiquei sabendo que eles gravaram o que aconteceu.

Encolho os ombros ao ouvir aquilo.

— Devo ser a nova sensação do colégio agora — digo, sem humor.

— Parece que Eric pegou o celular antes mesmo que eles compartilhassem o vídeo — ele diz, e o encaro surpresa.

— Eric? — indago, e Brian apenas assente.

Saber aquilo de certa forma é reconfortante, porque talvez signifique que Eric não teve participação nisso. Contenho um sorriso.

— Eu só não entendo por que eles fizeram isso comigo — digo, encarando minhas mãos.

Uma confusa ironia do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora