Não costumo gostar de conhecer outras pessoas.
Sabe, mesmo com meu jeito extrovertido ainda é muito difícil me sentir confortável em um ambiente estranho, e isso me faz ficar calada por longos períodos de tempo. Sempre.
É assim que me sinto toda vez que janto junto aos meus pais. Em um ambiente estranho, onde não sou bem vinda.
Nós todos crescemos no interior, especialmente eles. Só quando me tornei pré adolescente que os velhos tiveram a chance de abrir uma companhia na capital, e desde então eu tive uma vida boa, uma casa legal, roupas bonitinhas e etc.
As vezes eu sinto falta do campo, mas as pessoas eram rudes e mente fechada. Não vou falar que a cidade é tão diferente assim, mas pelo menos não estranham alguém com outras preferências. Principalmente se elas se referem a quem eu consigo ou não amar.
De qualquer maneira, todo jantar é igual. Eles falam horrores sobre como a agência está indo, desde a pequena e recém formada parte de modelos - influência minha, claro - até a pioneira empresa de viagens, que é o xodó deles.
Foi uma luta conseguir fazer design. Eles queriam que eu tomasse conta da companhia toda, mas nunca foi minha vocação. Por isso abriram a parte de modelos. Assim em algum lugar eu fico perto deles.
Enfim, nesse momento me sinto um peixe fora da água. Todo mês é assim. Sentamos a mesa e fingimos uma refeição saudável enquanto eles debatem.
Nunca gostei dessa porra.
Para mim, fingir todo um teatro só para falar que somos uma família unida não rola.
É por isso que reviro os olhos disfarçadamente quando o assunto chega em mim.
– Filha, você um dia vai liderar pelo menos alguma parte de tudo que construímos, o mínimo que pedimos é atenção ao assunto – é o que eles sempre repetem.
– Eu tô prestando, vocês estão falando sobre viagens! – é o que sempre respondo.
Pelo menos isso é irrefutável.
Nunca gostei de ver minha mãe suspirando enquanto me olha mas é antes isso do que sei lá, ser xingada.
Afundo na cadeira enquanto olho para meu prato intocável e me pergunto quanto tempo vai demorar para um meteoro cair e me tirar dessa situação.
Amo meus pais, mas todo esse teatrinho já virou forçação de barra.
Por sorte, o telefone da casa toca bem no momento em que meu pai abre a boca para falar comigo.
– Eu atendo! – digo.
– Mas filha, deixa tocar, agora é janta! – rebate minha mãe.
– Vai ser rápido.
Corro até o aparelho e quase o agradeço quando tiro o telefone do suporte.
– Alô?
– Oi, Nobs! – ouço a voz de Itadori e quase gemo de prazer – Vem cá, hoje é dia de jantar aí né? Tá afim de fazer o Nanami ir conversar com seus pais pra gente ficar na sala?
– Beijo seus pés por isso.
– Ótimo! Chegamos em cinco minutos!
Desligo o telefone mordendo as bochechas para não sorrir e estragar a falsa desanimação que estampo no rosto.
Meus pais me encaram quando volto à sala de jantar, ambos com os olhos brilhando de expectativa.
– Nanami pediu para vir aqui fazer uma visita de última hora, falei que podia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
University • nobamaki
FanfictionQuando Nobara decidiu fazer design foi uma ação impulsiva, mas ao descobrir que a faculdade de medicina ficava do lado de seu prédio seus dias ficaram mais intensos com a aluna de cabelos verdes que sempre passava por perto.