Maki me ligou uma semana depois. Passamos todos os sete dias nos comunicando por pequenas mensagens, em maioria combinando de passar um almoço juntas - para ela "cuidar" de mim - ou irmos à alguma lojinha pequena, coisa que nunca acontecia pelos horários de medicina serem exaustivos de grandes.
Mas aquela ligação, aquele pequeno toque que me estremeceu desde os ossos, me deixou ansiosa. Receei antes de atender e quase gaguejei ao tentar formar alguma palavra concreta. Aquilo era mais difícil do que eu imaginava.
– Hm, oi, Maki?
– Ei Nobara, demorou pra atender. Enfim, queria perguntar algo para você, e na real eu tava pretendendo falar cara a cara mas tô atolada de matéria nova, e não dava. Ai merda, tô enrolando. Queria saber se você topa ir comigo em um piquenique.
Se eu tivesse um espelho, provavelmente o quebraria antes de ver meu vergonhoso reflexo todo vermelho por uma simples ligação. Simples não! A ligação da minha vida! Ela? Maki? Me chamando para sair? Eu simplesmente não consegui acreditar que mesmo toda enrolada ela ainda iria tirar tempo para me ver. Mas devaneei por muito tempo. Muuuito tempo.
– Nobara? Sim ou não?
– Caralho, claro que sim! Eu juro que quero sair contigo a séculos. Só me fala quando e eu me arranjo!
– Ótimo! Te falo por mensagem depois.
– Okay!
E, tremendo, desliguei o celular.
Nunca fui assim. Era natural para mim ter encontros e me envolver com as pessoas facilmente mas naquele momento todos meus pensamentos congelaram e a felicidade me invadiu. Quase gritei fino de emoção. Era memorável, algo que poderia entrar para a nossa história. "Nosso primeiro encontro foi..." seria a minha frase favorita.
Ok, eu estava me precipitando novamente mas qual é, era uma mulher linda me chamando para sair. As chances de isso acontecer normalmente eram raras. Sabe, é difícil achar alguém mais lindo que eu.
Assim que meu pequeno surto acabou, voltei a ligar o celular, dessa vez mandando mensagem para Yuuji me encontrar quando saíssemos da escola. Também pedi um Uber. Seria chato andar até o colégio e o Sukuna havia levado o irmão mais cedo para a escola. E eu não tinha carro. Nem uma motinho, poxa!
Quando adentrei os portões, minha ansiedade já quase me fazia vomitar. Esperei não ter que ir à enfermaria, seria vergonhoso contar para Maki que fiquei mal por pensar demais sobre nós. Se é que existia algum "nós" entre a gente.
Corri para a sala ao soar do sinal e consegui chegar a tempo para uma aula prática. Tentei não me cortar dessa vez, seria chato também ver a mais velha com a mão cortada novamente.
A aula pedia apenas a separação de uns tecidos, algo sobre texturas, e criar uma paleta com texturas diferentes em tons de marrom. Minha professora também falou que poderíamos fazer algo com o que separássemos e eu pensei que dava para fazer algum vestidinho. Talvez se trabalhasse nele por um tempinho e o encontro não fosse perto eu conseguisse termina-lo e o usar.
Pensando nisso, usei as minhas próprias medidas ao cortar a saia primeiro. Sempre foi minha parte favorita, a que mais chamava atenção e a que mais me deixava valorizada. Uma saia não é apenas vários tecidos juntos. Toda a sobreposição precisa ser calculada e pensada cuidadosamente.
Não cheguei a terminar pelo tempo curto que tínhamos, mas meio caminho andado eu já tinha.
Consegui limpar minha mesa antes do sinal bater e assim que ouvi o estridente barulho corri para fora de sala, mandando mensagem para o rosado o avisando que iria ao prédio dele para almoçarmos juntos. E eu queria contar sobre a ligação.
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University • nobamaki
FanfictionQuando Nobara decidiu fazer design foi uma ação impulsiva, mas ao descobrir que a faculdade de medicina ficava do lado de seu prédio seus dias ficaram mais intensos com a aluna de cabelos verdes que sempre passava por perto.