O Sonho (Madara e Leitora)

Superei... até

Depois de duas semanas pernoitando na casa de Hayato Tajima finalmente decide voltar para sua casa mas antes Madara tinha que tirar tudo que lembrava sua mãe da casa, talvez guardar no porão ou no sótão. Izuna ofereceu ajuda e enquanto o pai conversava com o sogro do mais velho eles aproveitaram para sair sem serem vistos.

Quando entraram na casa, parecia que o ar se esvaiu. O clima era pesado, quase tocava na tensão que pairava no ar. As lembranças todas invadiram a mente dos irmãos que seguraram as lágrimas e começaram a juntar retrato por retrato os colocando em uma caixa de papelão. Não tinha muitas coisas da mãe espalhada pela casa, apesar de que em seu quarto estava cheio delas. Na verdade não tinha como esquecer Kimiko, a cada vaso ou móvel lembrava a mulher, até mesmo simples copos que eram seus favoritos os quais proibia qualquer um de beber neles, agora estavam ali no armário, Madara os pegou e guardou em outra caixa.

Izuna engolia a saliva a cada coisa da mãe que guardava nas caixas, até que seu irmão o chamou para irem no quarto dela. Não admitiu, mas para ele ainda não era a hora. Ele seguiu o irmão e quando entrou no quarto ele quase desabou. As lembranças de quando via a mãe chorando pela beleza a qual ela disse que agora lhe faltava veio a mente e lágrimas silenciosas molharam seu rosto.

*Flashback on

-Izuna:Mãe, a senhora está magnífica, não precisa de mais maquiagem.

-Kimiko:Você é igualzinho seu pai. Eu posso estar com muitos problemas de saúde, mas minha visão ainda está boa, eu me olho no espelho e vejo o quanto mentem para mim.
Disse enxugando as lágrimas que agora escorria por seu rosto.

-Izuna:Não, nós não estamos mentindo para a senhora. Você apenas não consegue enxergar o que vemos.

-Kimiko:Muito poético, mas...não é verdade...

*Flashback off

-Madara:Eu vou ficar com as roupas, quer guardar os pingentes e maquiagens dela?
A voz do irmão o arrancou de seus pensamentos.

-Izuna:Tá, pode ser.
Disse segurando seu choro, mas sua voz já estava embargada.

-Madara:Deixe isso comigo, pode ir embora.

-Izuna:Você não está bem para ficar aqui sozinho.
E os dois se encararam por longos minutos até que começaram a guardar tudo que pertencia a mãe.

Izuna abriu uma caixa aveludada vermelha e encontrou os colares da mãe, as lágrimas nunca cessaram mas quando o moreno viu o pingente com duas crianças que Kimiko vivia usando dizendo que eram seus filhos no colar Izuna desabou e começou a soluçar alto. Nunca foi um homem fraco, vivia em brigas na escola e por final quase não sentia mais dor, ou então os machucados eram tão insignificantes que não tinham importância, mas agora ter que lidar com a morte da mãe era doloroso ao extremo, nada se comparava aquela dor que agora Izuna sentia.

Madara se aproximou e quando tocou o ombro do irmão o viu se virar e o abraçar. O menor soluçava abraçando o irmão que tentava segurar as lágrimas. Madara acariciava as costas de Izuna na tentativa de acalma-lo mas em vão.

-Madara:Vai ver Sakura, pode te fazer bem.

-Izuna:Ela está na escola.
O mais velho olhou para o relógio de pulso e viu que eram cinco horas.

-Madara:Já são cinco horas, a saída delas é cinco meia, não? Podemos ir lá, o que acha?

-Izuna:É pode ser.
Izuna ainda abalado acompanhou o irmão até o carro.

Madara dirigia em silêncio. O menor olhava a paisagem passando rápido pela janela do Civic também em silêncio, mas vez ou outra suspiros altos ou até mesmo soluços escapavam de seus lábios.