movie session | newtmas

08 ☼

Havia algo para Newt que podia ser tão ruim quanto rasgar a página de um livro, e o nome disso era ressaca. Sem dúvidas aquela era a pior de sua vida. Deviam ser dez horas da manhã quando foi quase carregado para fora da cama.

— Eu quero dormir. — Murmurou, puxando o braço de volta e enfiando-se em baixo do edredom.

— Eles voltaram de viagem, você sabe, café da manhã em família. — Sonya arrancou todas as cobertas, rezando para que o garoto tivesse chego sóbrio o suficiente para não dormir pelado.

— E precisa ser agora? — Choramingou, encolhendo-se com o rastro de baba na bochecha e os cabelos loiros bagunçados.

— Credo, você tá péssimo.

— Obrigada, se não avisasse não perceberia. — Espreguiçou os braços. — Eu já vou.

— Depois toma esse remédio, vai ajudar a sobreviver seu pós festa, que aliás, você precisa me contar a respeito. — Curvou a sobrancelha. — Não demora e... tenta esconder isso aí no seu pescoço.

A porta do quarto bateu e o garoto deu um longo suspiro, esfregando os olhos ao levantar, sem nem processar a última frase da irmã. Fez uma careta ao notar que aquele rastro de saliva seguia pela gola da camisa. Ao menos estava vivo suficiente para tomar um banho assim que chegou em casa.

Encarou-se no espelho e só então se deu conta da marca vermelha pouco discreta no lado esquerdo do pescoço. Corou instantaneamente apenas por lembrar da sensação de Thomas contra seu corpo.

— Vou matar ele, o Minho e o Gally, juntos, é isto. — Esfregou a testa pensando no que fazer.

Newt abriu o armário, procurando o moletom mais largo que tivesse e, de preferência, com capuz. Acabou escolhendo um em tom de verde musgo, tentando amassa-lo próximo da marca. Seria suspeito demais aparecer com um cachecol as dez da manhã no verão.

Seguiu apenas de meia para o banheiro, foi prazeroso sentir a água gelada tocar a face, onde o rubor das bochechas o abandonou. Depois de escovar os dentes, olhou por mais alguns segundos no espelho, procurando diversos ângulos que fossem possíveis de enxergar o "presente" que havia recebido.

Podia sentir o cheiro de alguma comida no forno impregnando o ar, que imaginou ser bolo de chocolate. Na verdade, estava apenas com um mau humor matutino, não tinha praticamente nada para reclamar de seus pais. Mesmo passando muito tempo fora, eram carinhosos.

— Senti sua falta, filhote. — Mal havia entrado no recinto quando Daisy o abraçou, quase fazendo o filho rodopiar. — Fiz bolo e roubei umas coisinhas da sua horta pra preparar aquele chá que você ama.

— Fico feliz que esteja em casa, mãe. — Sorriu.

— Ok, minha vez. — O homem alto o apertou como nunca. — Correu tudo bem nesses dias? Não andou fazendo besteira? Nenhum machucado?

— Ah claro, sim. — O garoto deu uma risada, logo estavam se dirigindo para a mesa de vidro da cozinha. — Estou ótimo pai, relaxa.

— Exato, Charles ele mal acordou, dê um tempo. — A de fios castanho claro advertiu enquanto colocava água quente em uma caneca.

Sonya engoliu o riso ao notar o constante nervosismo do irmão, agia como se tivesse andado traficando drogas.

— Já comprou sua passagem? — A mais velha perguntou à filha. — E Brenda, como ela está?

— Sim, estou com quase tudo pronto, não se preocupe. — Comeu um pedaço de torrada. — E Brenda está bem, acho que vamos sair pra algo hoje, talvez na casa da mãe dela.