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O tilintar dos talheres contra a louça eram a única coisa que orquestrava o almoço na casa do Whitman. Desde que voltara de seu passeio pela cidade, Newt não havia falado muito além de "estou bem" e "já vou".

Charles e Daisy se entreolharam. Aquele silêncio estava sendo torturante e eles não tinham os mesmo dons que a filha mais velha para quebra-lo.

— Filho, não queremos invadir seu espaço, mas estamos perdidos e confusos com seja lá o que tenha acontecido. — O homem começou, o tom de voz sereno. — Você e Thomas discutiram? Ou foi outra coisa?

O garoto suspirou. Era tão difícil e cansativo precisar falar sobre o que sentia.

— Sim, nós brigamos. — Remexia o pedaço de frango de um lado ao outro do prato. — E eu o mandei embora, foi burrice.

A mãe bebeu um gole da água e esperou, caso houvesse mais algo que ele precisasse dizer. Novamente a quietude caiu.

— Naquele momento, você acreditou que era o correto, mesmo que agora veja com clareza que podia resolver de outra forma. — Disse tranquila. — Imagino que tenha tentado falar com ele, teve resposta?

— Não, estou preocupado. — Fitou os olhos da mãe, que todos diziam ser iguaizinhos aos seus. — Ele não me responde, acho que acabei com tudo.

— Discordo. — Charles respondeu pontual.

O filho franziu o cenho confuso.

— Como assim?

— Olha, não importa se você achar que isso é baboseira paterna, mas eu não acredito que seja tão simples acabar totalmente com algo como o que vocês dois tem. — Cruzou os dedos sob a mesa. — Thomas te fez sair do casulo de uma maneira muito positiva e sem depender só da presença dele para estar feliz, vocês dois evoluíram juntos... isso não desaparece assim.

— Ele não quis me contar sobre ter sido demitido do cinema e agora não quer me falar o motivo de ter sumido. — Fitou a comida no prato, sem graça. — Acho que ele não confia tanto em mim.

— As vezes amamos tanto alguém, que queremos poupar essa pessoa do nosso sofrimento, porque sabemos que ela vai senti-lo também... e isso nunca dá certo, porque o outro continua a falar sobre seus sofrimentos achando que está tudo bem. — Segurou a mão do filho. — Nunca fazemos isso por mal, apenas queremos impedir que essa pessoa fique triste... mas é impossível, alguma hora todo mundo fica e se ambos podem se apoiar, é mais fácil.

Newt não respondeu, um pouco de tranquilidade pareceu invadir seu peito, mesmo que ainda inseguro.

— Eu e seu pai passamos por isso, mais de uma vez, e ainda estamos aqui! — Daisy segurou a mão do marido, sorrindo empolgada. — Você e o Tommy ainda tem um caminho bonito pela frente, mas precisam conversar mais, conversar de verdade sobre esses medos.

— Exatamente. — Charles concordou. — E quando se resolverem, é melhor que ele venha jantar aqui.

O loiro deu risada. Tinha tempo que não conversava sobre assuntos mais profundos com seus pais, mas quando esses momentos surgiam, sentia que era muito sortudo.

Levantou-se da mesa e levou seu prato para a pia, mas no meio do caminho pôde sentir a vibração no bolso traseiro da calça. Largou a louça sem tanto cuidado e puxou rápido o aparelho.

O nome "Tommy :)" brilhou na tela indicando uma ligação.

— Oi, Tommy? Você está bem? Onde está? Fui a sua casa mas não encontrei ninguém... além da Sérgio, claro. Estou preocupado! — As palavras foram disparadas de forma desesperadora.

movie session | newtmasOnde histórias criam vida. Descubra agora