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Os olhos de Newt se perdiam na janela do corredor, a chegada do outono era notável com as folhas alaranjadas e secas caindo das árvores, além claro da chuva que não dava trégua alguma.

— Hey, bom dia. — A voz familiar o chamou. — Me conte mais sobre o mundo em que está, é Marte ou Vênus?

— Netuno. — Ele riu ao sentir o abraço de Thomas, notou que usava o moletom que havia emprestado ao namorado dias antes (e já aceitava que não voltaria mais para seu guarda-roupa). — Bom dia, Tommy.

A mão em sua cintura o guiou pelo caminho, andava introspectivo desde o episódio com Teresa e após o moreno ficar ciente de tudo, decidiu dar espaço até que Newt quisesse falar mais profundamente sobre isso.

O grupo se reunia sempre na mesma parte do corredor e dessa vez, Gally repousava os braços nos ombros da irmã, a contornando.

Este gesto, incomum a princípio, trazia o segundo motivo para o loiro estar tão dentro de sua própria cabeça: era o dia de Sonya ir embora.

A mais velha havia passado por tempos difíceis e Newt soube disso apenas quando ela voltou para casa no verão. Sun adorava a liberdade e a sensação de estar em um lugar novo, cheio de oportunidades, entretanto a solidão parte da nova vida trouxe à tona o antigo quadro de ansiedade e isto desencadeou um episódio depressivo, que demorou para ser contornado.

Inicialmente o irmão ficou chateado por não ser informado sobre o estado da garota, sentia que devia ajudar da mesma maneira que ela o ajudou sempre, mas era muito claro que ela não queria preocupar a ninguém, nem mesmos os próprios pais.

Agora, teria de voltar para Manchester, focar em seu futuro e abraçar as partes muito boas e muito ruins da vida adulta.

Brenda estava visivelmente abalada com aquilo e se esforçava para não demonstrar. Durante os dias difíceis da namorada, teve muitas inseguranças quanto ao relacionamento. A baixinha nunca teria coragem de pedir a Sonya que ficasse em Londres e abandonasse o que já havia construído, mesmo assim era dolorido.

— Já pensaram na fantasia que vão usar na festa do Jackson? — Minho começou empolgado, faltavam apenas três dias.

— Nem ideia. — Fry respondeu. — O tema tinha que ser mesmo desenho animado?

— Vemos aí que ele tem crises de identidade anuais. — Gally deu risada. — Acho que vou acabar recorrendo ao-

Sid de Toy Story. — Todos responderam juntos sem que ele pudesse completar.

Devia ser a quinta vez que ele reutilizava aquela fantasia.

— Acho que tenho uma ideia legal pra gente. — Thomas comentou para Newt, que só estava quieto durante o rumo da conversa.

— Ah, qual? — Balançou a cabeça se distanciando do próprio mundo.

Antes de receber uma resposta, o sinal que indicava o início da primeira aula tocou e o moreno abriu um sorriso.

— É surpresa, logo saberá. — Depositou um beijo rápido nos lábios do loiro. — Até mais tarde, tenho que recuperar uma prova de álgebra.

— Eu vou te cobrar! — O loiro reclamou do mistério, mas acabou rindo ao ver Thomas correndo para longe.

Foi rápido para chegar ao período de literatura, onde novamente, Sr. Anderson tinha uma energia e tanto cumprimentando todos. Dessa vez o garoto decidiu realmente ouvir aquela aula, dar uma chance para as dinâmicas do professor, sem livros ou sonecas.

— Bom dia, senhor Anderson. — Falou mesmo sem estar completamente contagiado com aquele ânimo.

— Bom dia, Newt. — Respondeu alegre. — Eu acabei esquecendo de perguntar na última aula, qual é o nome do livro que está lendo mesmo?

movie session | newtmasOnde histórias criam vida. Descubra agora