capítulo 1

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Ace seguiu o rastro do cheiro ferroso que ficava cada vez mais escasso, se perdendo e se esvaindo no meio de outros milhares de cheiros da cidade. Desde o fedor dos esgotos e dos lixos até o aroma agradável, ou nem tanto, dos perfumes das pessoas que passavam ao redor.

O moreno já havia perdido a conta de quanto tempo estava andando seguindo seu olfato que aos poucos começava a lhe deixar na mão. Com certa raiva olhou ao redor, buscando com o olhar algum sinal daquele vampiro que com certeza se destacaria na multidão, principalmente por sua presença e aura que o sardento não saberia como descrevê-la.

Havia um quê de perigo mascarado por uma presença forte e carismática, além de uma estranha e sutil sensualidade a qual Ace não vira em nenhum outro vampiro, mas também não conhecera muitos para além de seu clã e outros esporádicos.

Por puro instinto o moreno se deixou guiar por sua Besta interior, permitindo-se ser parcialmente dominado pela criatura nefasta que habitava em sua interioridade. Criatura a qual mantinha seus sentidos aguçados em seu máximo, além de lhe oferecer uma força e velocidade ainda maiores.

Seus passos se adiantaram pelas ruas, suas orbes adornando um brilho ainda mais obscuro e obstinado. Seus movimentos fluiam pelas calçadas, seguindo os resquícios mínimos do cheiro e da presença alheia, até chegar em um pequeno condomínio fechado de casas.

O moreno tornou a dominar sua Besta e olhou para as enormes grades que cercavam as residências, vendo alguns animais transitarem livremente por entre as barras.

Suas orbes percorreram as redondezas, observando que não haviam humanos próximos dali que o pudessem ver, muito menos ouvir.

— Ei, gato — chamou o sardento abaixando perto das grades em que passava um pequeno felino alaranjado, logo o animal voltou sua atenção para o vampiro, miando como se o entendesse — você viu algum vampiro por aqui? —questionou o sardento ouvindo o gato novamente miar e o encarar — não, sem ser eu... Hm... Ele é alto e loiro, tem um corte de cabelo de gosto bem duvidoso... Não sabe? Ele... Já sei, ele parece um abacaxi — o felino deu um alto miado afirmativo e balançou a cabeça para os lados — você vai me mostrar? Valeu.

O vampiro seguiu o caminho das grades com o olhar, buscando uma forma de entrar em sua forma vampírica, mas a única maneira que parecia possível era subir pelas enormes grades e pular para o outro lado, o que parecia trabalhoso demais.

Logo pensou em algo mais fácil e se metamorfoseou em gato, passando com facilidade por entre as grades e seguindo o felino laranja que ora ou outra voltava seu olhar para verificar se o vampiro lhe seguia.

Com um miado o gato parou em frente a uma das casas, indicando que estava ali o que o moreno buscava.

— Valeu, gato — agradeceu o moreno seguindo para a lateral da casa, pensando em uma maneira para entrar, olhando para uma das janelas que estava entreaberta.

Em um pulo, o vampiro em forma felina subiu para o batente pronto para adentrar a residência. Contudo, se assustou ao notar que a outra criatura da noite estava ali em frente a janela e que o encarava com atenção.

O moreno deu um baixo rugido com o susto daquela coincidência e pensou em pular para o lado de fora e fugir, entretanto a voz alheia oferecendo para que ele entrasse o fez mudar de ideia.

Lentamente adentrou a residência e se atentou a tudo ao redor. Parecia uma simples e comum casa humana para Ace. Não que o vampiro sardento houvesse entrado em muitas casas, mas era exatamente assim que imaginava uma residência normal.

— Você está com fome? — perguntou o loiro caminhando pela sala, enquanto o moreno parecia curioso sobre cada parte do lugar, subindo nos móveis, cheirando o ar — não tenho ração por aqui, mas posso arranjar um pouco com algum vizinho.

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