capítulo 4

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O cheiro de sangue estava impregnado no ar da floresta escura e sombria. As árvores eram retorcidas e se fechavam umas nas outras, deixando pequenos espaços para se passar pelo chão. 

Ace seguia o rastro do cheiro ferroso e de seus instintos, tentando encontrar um de seus irmãos. Podia sentir uma fraca presença, tão fraca que não conseguia distinguí-la, muito menos afirmar com certeza de quem se tratava.

Apenas sabia que ainda corria risco de vida, podia sentir o cheiro da morte rodeando a floresta e seu interior. O moreno se aproximou do enorme castelo, notando a enorme poça quase seca de sangue ali, além dos rastros do líquido carmesim que seguiam para os cantos mais ermos e profundos da floresta. 

Ace seguiu a trilha rubra, desviando de alguns galhos e raízes que saiam da terra, passando por entre as árvores até chegar em uma pequena clareira afastada do castelo. 

O moreno sentiu seu sangue congelar dentro de si ao ver o estado de Luffy. Ainda estava consciente, mas a ferida em seu peito ainda estava com a estaca de madeira cravada ali. Em passos rápidos se adiantou para o menor, agarrando a madeira com uma de suas mãos enquanto levava a outra para suas presas, rasgando seu próprio pulso com seus caninos afiados. 

— Fique acordado, Luffy, beba enquanto tiro essa estaca de você — pediu o sardento levando seu pulso ensanguentado até os lábios do menor, esperando-o se alimentar um pouco para fortalecer e adiantar seu processo de cura. 

Diferente do que muitos humanos pensam e contam sobre vampiros, uma estaca de madeira não é mortal para essas criaturas da noite, claro que, ao serem perfurados, sofrem com a dor e ficam imobilizados com o golpe. 

Esse fato pode levar ou não a morte do vampiro caso tenha inimigos que lhe deem o golpe final ou caso o Sol faça sua aparição e encerre enfim a vida do cainita.

— Vamos, engula, você não consegue nem ao menos beber um pouco? — questionou o sardento mordiscando irritado o lábio inferior até sentir o gosto de seu próprio sangue preencher seu palato — eu vou tirar a estaca, vai doer, mas você vai ficar melhor se beber meu sangue, então trate de beber assim que puder. 

Após dizer isso, o sardento segurou com mais firmeza a estaca, respirando fundo antes de puxar o objeto e o lançar para longe. Em seguida voltou sua atenção para o menor, vendo o sangue de seu pulso recair sobre a boca alheia, escorrendo por seu rosto que lentamente voltava a se mexer.

— Que bom que consegui chegar a tempo — comentou o sardento sentando ao lado do menor, segurando a mão dele com a sua livre e verificando se havia algum outro ferimento além daquele, sentindo um leve alívio ao notar os tecidos da epiderme do menor se reconstituirem vagarosamente. 

— Ace... Você não deveria estar aqui... Nem me oferecer seu sangue... 

— Não diga bobagens, idiota, você sabe que tanto eu quanto o Sabo viriamos se soubessemos que você está em perigo e não fale, está  gastando vitae [1] a toa, se alimente.

— Mas é um tabu vampiros beberem o sangue de outro para se alimentarem. 

— Não ligue para essas idiotices, é só uma questão de orgulho cainita, orgulho de nada vale se você não estiver bem, entendeu? 

O moreno menor assentiu e voltou a beber o sangue alheio, deixando suas presas perfurarem a epiderme alheia e ingerir cada vez mais do líquido carmesim. Sua fortitude e vitalidade sendo recuperadas a cada gota rubra que descia por sua garganta.

Entre os vampiros era uma afronta, uma ofensa, ter sua vitae sugada por outro vampiro — exceto em casos de rituais de lanços de sangue, no qual não há o processo de perfuração com o intuito de utilizá-lo para se alimentar, ou na criação de um novo cainita através do Abraço.

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