capítulo 10

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Ace entrou na casa com uma expressão irritada, um enorme bico em seus lábios. Seus pés pisavam duro contra o chão da residência alheia, enquanto ouvia a risada do maior o acompanhar. 

— Tá rindo do quê, bastardo? — reclamou o moreno se virando para o loiro, erguendo o queixo levemente e o encarando com sua irritação evidente — não acredito que você ficou interferindo enquanto eu me alimentava. 

— Nada. Só que você fica engraçado bravo — zombou o loiro colocando a mão sobre os fios negros, os bagunçando — não interferi, só não te deixei matar ninguém.

— Dá no mesmo — rebateu o moreno direcionando o dedo do meio para o loiro e se jogou no sofá bufando — que diferença faz matar um ou outro humano? Ainda mais aquele último que tinha roubado aquela velha. Só teria feito o bem para essa sociedade ridícula.

— Você só quer uma desculpa para matar, Ace. A morte não é a solução para as coisas, independente do que a pessoa fez ou deixou de fazer. Você sabe quantas pessoas dependem daquele cara? Se ele tem família, amigos? Ter o matado só traria mais dor e criaria mais raiva entre nós — explicou o loiro dando alguns passos pela sala, se aproximando do moreno — além do mais existem muitos fatores que levam as pessoas a fazerem o que fazem que a morte não levaria em consideração. Também não considera que pessoas mudam e evoluem, aprendem com seus erros.

O moreno bufou irritado, cruzando os braços em frente ao peito e direcionando o olhar para qualquer canto, fingindo ignorar a presença alheia. Alguns longos minutos em silêncio se sucederam, enquanto o moreno parou para pensar no que estava fazendo ali. 

Com um grunhido baixo percebeu que seguira o loiro após ter se alimentado por puro hábito adquirido nas últimas semanas. Não havia qualquer outro motivo para se manter ali com o outro. Já tinha a resposta que precisava para manter seu clã em segurança. 

Um baixo assobio de ave vinda do lado de fora atraiu o olhar do moreno para a janela, observando a imensidão da noite, decidido a seguir seu caminho para ir embora. 

— Você consegue se transformar em gato agora? Terei visita e não seria uma boa ideia manter sua presença assim — pediu o loiro olhando diretamente para as orbes escuras do menor, vendo-o franzir o cenho. 

— Tsc, eu vou embora agora, antes que sua visita chegue, não se preocupe — afirmou o moreno se levantando e se dirigindo para a porta, tendo seu braço segurado pelo loiro. 

— Não dá tempo. Se transforme logo — disse o loiro em um tom sério e levemente incisivo.

O moreno bufou contrariado e se transformou em sua forma felina, se encaminhando para o sofá e arranhando o móvel em irritação. Um rugido baixo saindo de sua boca enquanto o som do tecido sendo perfurado e rasgado ecoava pelo cômodo.

— Que temperamental — comentou o loiro suspirando baixo e se dirigindo para a porta, a abrindo logo em seguida, revelando um par de olhos de um azul cinzento e fios castanhos claro, a mão em punho erguida pronta para bater contra a madeira — Koala... Não sabia que viria hoje. 

— Marco, preciso de um favor... Estava falando com alguém? — questionou a castanha inclinando o corpo para olhar para dentro do cômodo, logo notando o felino de pelagem escura sobre o sofá — resolveu arrumar um animal de estimação? 

— E o que seria? Ah sim... Ele apareceu aqui em casa esses dias e ficou — comentou o loiro dando um passo para o lado, deixando a castanha adentrar a casa antes de fechar a porta — estava falando com ele agora pouco.

— Mesmo? Jurava ter escutado outra voz... Preciso de ajuda com um vampiro teimoso que estava bisbilhotando por aí. 

— Vampiro teimoso? Que coisa inédita — disse o loiro, lançando um breve olhar para o felino que parecia atento ao que estavam conversando — e para que precisa de mim nisso? 

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