nearby enemies

capítulo 19

Os sons dos golpes era tudo o que se podia ouvir ali, cada chute e soco desferido com violência resultava em feridas que lentamente começavam a se demorar em curar-se devido ao desgaste dos cainitas. 

Ace se aproximava e se afastava rapidamente, colidindo furiosamente suas garras contra a epiderme alheia e tendo a sua própria rasgada pelo outro.

O sangue pingava pelo chão, manchando a terra com o líquido rubro, as expressões angustiadas daqueles que acompanhavam a luta deixavam aparente suas preocupações. 

— Sabo... Essa briga parece longe de acabar, logo eles não terão energia o suficiente para recuperarem suas feridas — comentou Koala em um tom agudo pela sensação de impotência de apenas observar aquela luta sem sentido que se estendia cada vez mais.

— Eu sei, mas não podemos fazer nada, se nos intrometermos os demais não vão aceitar o resultado — disse o loiro virando levemente o rosto para o lado ao ver as garras do líder transpassarem a carne do braço de Ace, seguido de um som de dor.

— Essa briga não tem sentido algum... Se o Ace perder, vocês permanecerão aqui e serão massacrados pela guerra... 

— É difícil tentar mudar a mentalidade de quem sempre viveu desconfiando de todos de fora... — pontuou o loiro — a maioria do clã pensa assim, de que todos são possíveis inimigos e não devemos confiar neles. Ser um clã independente tem seus lados ruins... Esse é um deles.

A castanha prendeu o ar em sua boca, um tanto angustiada com toda a situação, os sons dos golpes fazendo seus olhos se fecharem inconscientemente, não via sentido naquele derramamento de sangue, naquela briga entre iguais que possuíam o mesmo ideal, o mesmo objetivo.

O loiro passou seus braços pelo corpo alheio, a trazendo para si. 

— Você não precisa ver — pontuou Sabo e logo a castanha apoiava seu rosto contra a blusa alheia, tentando não olhar para a luta que ao seu ver parecia completamente desnecessária, afinal, ambos tinham o mesmo objetivo de protegerem o clã.

Um rosnado ainda mais alto ecoou pelo local, os olhos do líder ganhavam um brilho mais animalesco, sua força física aumentando conforme permitia que sua besta interior tomasse forma. O sardento ofegou dolorido levando sua mão até a ferida recente, trincando os dentes ao notar que sua recuperação estava lenta demais.

— O que foi, Ace? Não aguenta mais lutar? — provocou o cainita avançando sobre o moreno que se afastou enquanto se defendia dos golpes furiosos — pensei que queria me vencer e dominar... Mas acho que já era de se esperar, já que se deixou dominar por um vampiro qualquer. 

— Vai a merda. Eu aguento por dias se precisar — retrucou o moreno desviando de um dos ataques e aproximando sua garra do flanco alheio, cortando a pele, a raiva ficando mais evidente em seus golpes — ele não é um vampiro qualquer, você não entenderia. 

— Você é igualzinho seu pai, um líder não deveria trair seu clã com um inimigo. 

O moreno avançou em fúria, agarrando o braço alheio, forçando seu peso para trás, derrubando-o com tudo contra o chão. Um rugido alto raspou pela garganta do sardento que lentamente se transformava, suas mãos se tornando patas negras e enormes, com garras duras e afiadas.

A cauda longa e comprida balançou atrás de seu corpo de enorme felino. Logo tornava a atacar, usando as grandes patas fortes que aquela transformação lhe dava. 

O líder girou pelo chão, escapando por pouco das garras que arrancaram parte da grama do local, lançando a terra para longe. 

Os espectadores soltavam murmúrios a cada ataque, sem saber como aquela luta terminaria. Ambos os cainitas usavam suas habilidades que os tornavam mais fortes e resistentes, mais velozes e brutais.