capítulo 9

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A densa escuridão da noite recobria os passos não tão silenciosos, mas velozes o suficiente para não serem acompanhados pelo olhar desatento. 

Luffy passava rapidamente pelos arredores do castelo dos Lasombra. Embrenhando-se pelas profundezas obscuras daquele local. Seus olhos e ouvidos mantinham-se atentos aos arredores. 

Estava ciente de que fora percebido e era seguido pelas sombras dos objetos. As via tremeluzir em seu encalço, dançando atrás de si.

Era óbvio para si que ele o seguiria, mesmo que mantendo uma distância razoável entre eles. Podia sentir aquelas orbes intensas e âmbares cravando em suas costas, acompanhando seu trajeto por dentro das sombras.

Em um pulo rápido se agarrou em um dos galhos e esperou. Seus olhos que refletiam o próprio breu presenciaram as trevas se unirem e do âmago da escuridão surgir o brilho dourado que o atraia tal qual um corvo fascinado pelo vislumbre de um objeto reluzente.

Luffy sabia que o vampiro — de inusitadas orbes amareladas e envolto nas trevas e mistérios — apareceria em algum momento.

Havia voltado outras vezes para aquela floresta e em todas elas sentia o outro lhe seguir. Nas primeiras vezes o acompanhava de longe, envolvido totalmente pelas sombras. Logo passou a se aproximar mais e mais a cada vinda, como se aos poucos fosse se permitindo envolver em sua curiosidade.

O moreno menor sentia aquela aura disforme que o outro emava aos poucos se moldar em formas e sentimentos cada vez mais distintos e assentados. A raiva que antes o transbordava junto ao medo eram vagarosamente substituídas pela curiosidade e receio.

Em seguida, o corpo tatuado e recoberto por camadas e mais camadas de tecidos se ergueu das sombras, deixando-se estar totalmente aparente. 

Luffy desceu de onde estava assim que as sombras se dissiparam. Seus pés se encaminhando até se aproximar do tatuado, o suficiente para distinguir em seu cheiro ou presença qualquer mínima mudança em seu ser. 

— Você é realmente teimoso — afirmou o tatuado em um tom sério, mantendo-se fechado e distante — não deveria ficar voltando aqui tantas vezes. 

— Ainda tenho muitas coisas que quero saber, não vou desistir até descobrir o que quero — pontuou o menor dando uma baixa risada.

— E o que mais você quer descobrir? Já não lhe disse o suficiente da outra vez? 

— Você não me contou quase nada, Tral. Eu não sei nada sobre você.

— E eu também não sei nada sobre você, estamos quites. 

— Touché — brincou o menor dando alguns passos em torno do tatuado — você sabe meu nome, meu clã, minhas habilidades... Já é bastante coisa... Façamos assim: você me dá algo que eu quero saber e eu te dou algo que você quer saber. 

— Não me parece nem um pouco vantajoso. O que eu poderia fazer com alguma informação sobre você? 

— Vamos, Tral, não seja chato. Nem tudo precisa ter alguma vantagem. Estamos só nos conhecendo. 

— Depois disso você deixa de vir para cá? — questionou o tatuado, recebendo como resposta um dar de ombros e um pequeno sorriso — o que quer saber? 

— O que te assusta em vampiros? Ou o que te deixa com raiva do que somos? 

— É uma longa história. Iria te entediar. 

— Tenho a eternidade para ouvir — afirmou o menor sentando-se encostado em uma árvore — e se irá me entendiar ou não, não é você quem decide. 

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