CAPÍTULO II

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   Wallace caiu no lugar que havia visualizado em sua mente, o bosque onde ocorreu todo o desastre anos atrás. Ele se levantou, tirando a poeira em seu cardigan e ao caminhar um pouco mais adentro da mata, ele começou a ouvir vozes se aproximando do local onde estava e soltou um yes baixinho, comemorando pois chegou na hora certa e no lugar certo:

   - Para todos os livros que diziam que viajar no tempo era ficção e não me ajudavam com absolutamente nada - continuou se gabando - até que eu não mandei mal... Deveria me nomear o melhor bruxo de todos os tempos! - deu um sorriso sapeca.

   Voltando ao seu normal, continuou examinando qual seria a melhor maneira de impedir a morte de seus amigos. pensou que o melhor meio seria interferir todos um pouco antes da catástrofe e quando estava prestes a sair de onde se encontrava, ele foi puxado com força para trás e alguém o segurou por detrás e tapou sua boca o impossibilitando de correr ou gritar e sem conseguir ver seu rosto, podendo apenas escutar uma voz grave:

   - Você está louco?! Você quer ferrar com a linha do tempo toda? Você não pode fazer isso, a menos com alguns cuidados.

   Wallace não fazia ideia de quem o segurava, muito menos como ele soube de tanta informação em tão pouco tempo, a única coisa que tinha certeza era que o tempo estava correndo e ele precisava urgentemente fazer algo para salvar seus amigos. Aproveitando uma brecha que aconteceu, o bruxo mordeu a mão da pessoa que estava o segurando e saiu correndo adentro do bosque, e ao se virar, percebeu que o indivíduo estava perseguindo ele. O perseguidor conseguiu alcançá-lo e o agarrou de novo:

   - Argh, me solta cara! Eu. Não... Quero ficar colado em você... - dizia pausadamente, tentando se livrar daquele abraço de urso.

   Ambos são interrompidos por uma explosão. Wallace é jogado para o lado, e, olhando para trás, pode apenas observar seu inimigo o deixando enquanto corria em direção ao desastre. O bruxo se levantou e foi correndo até seu perseguidor, que parecia estar mais desesperado do que ele próprio:

   - Merda... Merda!

   - O que está... - antes de terminar sua frase, seus olhos se arregalaram.

   O acidente havia ocorrido mais uma vez e Wallace não pode salvar os seus amigos novamente. O raio que atingiu o local, deixou o bosque rodeado de fumaça e entre aquela cortina, pode-se observar três silhuetas, duas semelhantes, e a outra que, pela postura, parecia ser uma mulher empoderada. Os garotos apenas se mantiveram longe tentando entender o que estava acontecendo e, Wallace notou que, quem quer que estivesse por trás disso, também já estava ciente do que ocorreria. As pessoas estavam examinando os corpos que se encontravam desacordados, por conta do raio que atingiu a região, e após checarem, cada um pegou o corpo que examinara. A mulher se encarregou de levar o corpo do bruxo jovem, fazendo o garoto querer ir atrás dela para defender a si mesmo, que está desacordado. Antes de fazer alguma coisa, uma mão pesou sobre seu ombro esquerdo que, o apertou bem forte, fazendo ele entender o recado e hesitar, enquanto apenas via as silhuetas desaparecendo em meio a nevoa:

   - É tudo culpa sua! - O bruxo avança para cima do seu inimigo o agarrando pela gola de sua camiseta - se você não tivesse se metido no meio do meu caminho, isso não teria acontecido! - ele termina a frase enquanto está na ponta dos pés, tentando derrubar aquele cara, nitidamente muito maior do que ele.

   Os dois se desequilibram e caem, Wallace permanece por cima do homem e tenta socar ele, mas os seus socos vão diminuindo de força e ritmo, até que ele para e começa a derramar lágrimas em cima do perseguidor que, se levanta devagar e tenta tirar as mãos que cobrem o rosto do garoto:

   - Calma... Eu entendo o seu lado, mas você precisa me escutar. Isso foi o necessário, se eu não fizesse isso você iria cometer uma merda gigantesca, e seria pior, tenho absoluta certeza.

   - E quem é que você pensa que é? - disse em prantos - você não sabe nem metade do que aconteceu e eu ia fazer tudo certo, sem ajuda de ninguém.

   - Ae? como tem tanta certeza disso - riu em tom debochado

   - Eu sei disso porque eu sempre estive sozinho e nunca precisei da ajuda de ninguém! - limpou seu rosto com força tirando suas mãos da frente de sua face. Seus olhos se encontraram com a pessoa que arruinou seu plano. O perseguidor corou enquanto o bruxo apenas permanecia com uma expressão fria:

   - Wallace... - Sussurrou para si mesmo o homem ao ver aquele olhar tão deprimido, enquanto observava o garoto se levantar e continuar seguindo um caminho sem rumo, de cabeça baixa - e-ei, aonde você está indo?! - gritou mas não obteve nenhuma resposta, o forçando a levantar e seguir ele - eu perguntei aonde você está indo!

   - OH CÉUS! o que você tanto quer?

   - Para onde está indo?

   - Vou ir para qualquer lugar que eu não tenha que ver o seu rosto, nunca mais.

   - Você não pode andar sozinho por aí sem um rumo.

   - Eu acho que já tenho idade suficiente para andar sozinho, sem uma babá do meu lado!

   - Por que você queria tanto ir atrás daquelas crianças?

   - É uma história grande que tenho certeza de que você não acreditaria nem em metade dela e, me taxaria de louco.

   - Hum... creio que não.

   - E como você tem tanta certeza disso ? - perguntou desinteressado em qualquer resposta que viria em seguida.

   - É que... - tentou pensar em algo mas nada veio em sua mente, e percebendo a inquietação do jovem, decidiu mudar de assunto - você conhecia aquelas pessoas? As que levaram as crianças?

   - Não tenho certeza, pude vê-las apenas por silhuetas mas creio que não as conheço de lugar algum - acelerou os passos.

   - Aliás, eu me chamo... - começou a acelerar seus passos na mesma intensidade do garoto - ...Anderson - riu nervoso.

   - Mais que... - suspirou - prazer Anderson, me chamo Wallace. - Parou e virou para o grandão - agora por gentileza poderia se retirar e seguir o seu caminho sem encher meu saco? - respondeu sem paciência.

   - Minha casa fica na mesma direção para onde você está indo, então é meio difícil eu não lhe acompanhar.

   - Ah cara! sério isso?!

   - Sim...

   - Então eu sigo pra lá, no caminho oposto - apontou - e nem ouse me seguir!

   - Como você quiser. - deu os ombros 

   Wallace ignorou Anderson e continuou seguindo para a direção oposta.

DEVIDO LUGAROnde histórias criam vida. Descubra agora