CAPÍTULO XV

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   Uma semana havia se passado e Wallace parecia estar mais fraco do que tudo. Ele passou seus dias em uma sala, rodeado de cientistas que coletavam seu sangue, o forçando a usar seus poderes e realizaram uma série de exames continuamente, o deixando descansar apenas a noite. Samantha parecia mais tensa do que tudo, e enquanto retornava para sua cela, o garoto a ouviu discutir com a senhora Johnson:

   - Você quer me dizer que não podemos realizar o experimento?!

   - Infelizmente Wallace está fraco. Eu te disse que realizar seguidamente essa série de exames não seria eficiente!

   - Mas ele é capaz de realizar o que quero, certo?

   - Sim, ele já consegue transferir os poderes dele a você, só está muito instável... E sobre o pequeno Wallace?

   - Deixe ele ainda por aí. Apenas parem os experimentos com ele mas não o soltem!

   - Ok, vou avisar os outros... - a garota abaixou a cabeça e seguiu para os corredores e topou com o bruxo no caminho - Ei, o que você está fazendo aqui?!

   - Eu...

   - Você não estava tentando fugir, estava?

   - Olha o meu estado! Você acha que consigo sair daqui sozinho? - o garoto se vira para trás e olha para o segurança o monitorando - e esses caras não saem da minha cola... Estou apenas retornando para a minha jaula.

   - Eu sinto muito por isso, mas fico feliz que esteja colaborando...

   O garoto não deu a mínima e continuou seguindo para o seu canto.

   Heitor estava perambulando no laboratório atrás da roupa que prometeu entregar para o caçador:

   - Ah, droga! Onde eu posso encontrar as peças que eu prometi?! Se eu não encontrar, o que eu faço? - ele murmurava enquanto bagunçava as gavetas atrás de algo.

   - No que você está tão interessado, irmãozinho?!

   - H-Helena?! - o menino vira para trás - eu...

   - Você andou muito estranho essa semana, e eu quero saber o que planeja. Por acaso não está pensando em deixar Samantha na mão, está?

   - Não... Na verdade, eu encontrei o Roger semana passada.

   - Roger...? Em que lugar?

   - Eu estava indo lá fora, dar uma volta para aliviar a mente, como de costume e o encontrei. Ele me disse que se eu o ajudasse com uma coisinha, ele nos ajudaria a sair daqui.

   - Você acreditou nesse bocó? Qual foi o absurdo que ele te pediu? - a menina cruzou os braços e o gêmeo a encarou desconfiado - Não vai me dizer nada? Já não confia mais na sua querida irmã?

   - Não que eu não confie em você, mas você tem ficado muito mais próxima da Samantha nesses últimos dias e eu não quero que me pare!

   - Pode me contar, eu ficarei de bico fechado, prometo - ela se balança de um lado para o outro.

   - Sinto muito, mas dessa vez eu preciso resolver isso sozinho - ele passou por ela de cabeça baixa e saiu da sala onde estava.

   Após muita insistência, ele consegue encontrar dois uniformes novinhos e seus olhos brilham:

   - Finalmente! Estranho isso ficar nesse depósito empoeirado, está tão limpo que parece que alguém deixou aqui a pouco tempo...

   - Eu sabia!

   - Não acredito que você me seguiu! - Heitor fica decepcionado ao ver Helena novamente - como sabia que o que eu precisava era justamente isso?!

   - Você não sabe disfarçar quando tem algo errado, principalmente para mim, você não pode esconder nada! Eu tinha te visto perguntando sobre a chegada de novos uniformes, só não sabia exatamente para quem ou o que, mas sabia que para você não era.

   - Parabéns, temos um Sherlock Holmes aqui - o menino bate palmas ironicamente - agora por favor, fique de bico calado!

   - Eu já falei que pode confiar em mim. Se eu te entregar, Samantha me leva junto de você! Só espero que você não cometa erros, Heitor - a menina coloca sua mão no ombro do irmão - e tome cuidado com eles...

   - Tudo bem, eu vou tomar - ele sorri.

   Mais tarde Heitor aparece no mesmo lugar que combinaram e vai ao encontro de Roger:

   - Aqui estão os uniformes! - ele arremessa os uniformes - eu vou voltar para dentro e espero vocês lá...

   - Muito obrigado, Heitor! - o velho sorri e observa o garoto voltar para dentro - pegue e vista-se - Roger dá um uniforme para Anderson.

   - Tem certeza que confia nele? E se for mais um plano para nos capturarem também?

   - Olha, caso nos descubram, o máximo que pode acontecer é ela tentar nos matar... - ele fala enquanto veste sua roupa.

   - Uau! Que inspirador! - o loiro debocha e começa a se vestir.

   - Anderson?

   - Sim? - Ander para de se arrumar, levanta sua cabeça e percebe que o jaleco ficou pequeno e apertado no caçador e ele começa a rir - cara, o que aconteceu?! Eu não acredito que isso não coube em você!

   - Ei, não ria! - o velho homem retira a roupa - você vai ter que ir sozinho - ele joga o jaleco apertado na direção do loiro.

   - Eu já disse que te odeio? - revirou os olhos enquanto pegava suas roupas do chão - segura minhas roupas e não suje elas, ouviu?!

   - Tudo bem, como quiser - o caçador pega as peças da mão do homem - boa sorte lá dentro, tente não morrer!

   - Não encha! - Anderson vira de costas e anda sem olhar para trás.

   Ander espera ansiosamente a troca dos guardas e após isso acontecer, ele corre para o meio e anda normalmente de cabeça baixa até a porta da entrada:

   - Boa noite...? - um dos seguranças tenta reconhecê-lo.

   - Boa noite... - Anderson congela por alguns segundos sem saber como prosseguir.

   - Esse é o tal do Bruce que viria hoje mais cedo? - o outro guarda o ajuda sem intenção.

   - Sim, sim, sou eu, Bruce! - o homem engrossa a voz.

   O primeiro segurança o olha de cima a baixo, com desconfiança mas o deixa entrar sem exigir mais nada. Anderson se sente aliviado e ele começa a procurar com os olhos, Heitor que o prometeu ajudar, mas não o encontra:

- Eu não acredito que vou ter que fazer tudo sozinho! - ele bufa - não que eu não tenha essa capacidade, sempre fiz tudo sem a ajuda de ninguém, mas agora que eu achei que a barra estaria mais leve para mim, as únicas pessoas que prometeram me ajudar, me abandonaram aqui... Que incrível! - o loiro apenas decide apressar logo os passos e desafia encarar aquele longo corredor a procura de Wallace.

DEVIDO LUGAROnde histórias criam vida. Descubra agora