CAPÍTULO VIII

8 1 0
                                    


   Durante a madrugada, Samantha não dormiu e andava de um lado para o outro nervosa:

   - O que ele está fazendo aqui? Eu procurei ele a vida toda... Se soubesse o quanto estragou minha vida! Preciso tentar encontrar você garoto, pois é minha única saída - a mulher decide chamar seus dois capangas Heitor e Helena, gêmeos, que aparecem no mesmo segundo em que são alertados:

   - O que fez a senhora nos chamar a esta hora? Alguma emergência? - diz Helena preocupada.

   - Eu tenho um trabalho importantíssimo para vocês.

   - Que tipo de trabalho? - Heitor estava com a cabeça baixa mas bem atento a tudo.

   - Eu quero que vocês encontrem esse garoto aqui - ela mostra um desenho tosco feito por ela mesma com algumas descrições do lado. Helena ri descontroladamente enquanto seu irmão observa aquela obra rústica, tentando compreendê-la - Não é para rir, isso é algo sério.

   - É impossível! - diz em meio a risos - porque não pediu para um outro alguém desenhar a aparência dele, ou simplesmente nos descreveu como ele é.

   Samantha amassa sua folha com uma cara emburrada e prossegue :

   - Tá, para ser mais fácil, ele fugiu com o Roger.

   - O que?! - os dois falam em coro.

   - É uma longa história que não interessa a vocês! Provavelmente ele está com o caçador, e se estiver, capturem o garoto da cicatriz e com os cabelos roxos.

   - E o Roger?

   - Ele não me afeta mais, então façam o que quiser com ele - a mulher se retira do lugar deixando os dois sozinhos.

   - Uhul! Vamos entrar em uma missão importante! - a garota se vira para seu irmão.

   - É... Legal - o menino continua olhando para baixo.

   - Ah, por que você é tão desanimado assim? - ela levanta a franja do gêmeo - ela escolheu a gente para uma missão importante e você fica assim?

   - Você sabe que eu só estou aqui por você, não é? Eu não me importo com nada disso, além de ver você bem. Depois que ela conseguir realizar o desejo dela, a gente vai embora daqui, tá legal?

   - Tá bom, tá bom! - jogou suas mãos para o alto - é melhor a gente ir logo! - puxou a mão do garoto o conduzindo para fora da sala onde estavam.

   Ao amanhecer o grupo já está de pé. Roger escreve com um graveto na terra, um "mapa" para todo o caminho que precisaram prosseguir e passa as informações:

   - Aqui é onde nós estamos. Para chegar aqui - ele aponta com o graveto - gastaríamos muito tempo, então vamos por aqui - levou o pedaço de galho até a outra ponta - mas prestem atenção... - os garotos continuavam a observar quietos, enquanto o velho prosseguia - ele é o caminho mais rápido mas o mais perigoso! Esse bosque é conhecido como o "bosque encantado" e quase ninguém se atreve a se aventurar lá.

   - Por que?! O que tem de tão assustador lá?! - Wallace se mostra interessado.

   - Flores mágicas.

   - O quê?! Flores mágicas? - Anderson riu alto - eu nunca ouvi tanta baboseira na minha vida.

   - Escuta aqui loirinho - Roger o ameaça com o gravetinho - se eu fosse você eu não desprezaria essas flores. Elas são ótimas flores medicinais mas se inaladas e em grande quantidade, ela pode te fazer entrar em transe.

   - Você acha mesmo que eu vou acreditar nisso? - ergueu sua sobrancelha enquanto empurrava o galho para o lado.

   - E se entrarmos em transe? O que pode fazer a gente voltar à realidade?

   - Se entrarem, nunca voltarão! - o homem velho se vira para o bruxo com uma cara assustada.

   - Eu não quero ir para esse bosque! Não tem um outro mais seguro, além do caminho mais longo? - o menino se demonstrou preocupado.

   - Você é idiota? - o loiro olhou para o menino sério enquanto o caçador se divertia com a preocupação do jovem.

   - Eu estou brincando jovenzinho... Mas o resto é verdadeiro - ele se vira carrancudo para o grandão - teremos que passar rápido e não podemos de jeito nenhum inalar aquilo. Caso isso ocorra, vocês só voltam a realidade quando algo real te traz de volta. Então fiquem atentos às "plantinhas!"

   Os dois afirmaram que sim com a cabeça e prosseguiram. Após alguns minutos de uma longa caminhada, o trio chegou e foram barrados pelo caçador:

   - Tomem muito cuidado e não desprezem essas flores!

   - Eu já entendi, velho! - o grandão revirou seus olhos.

   Roger coloca seu lenço sobre seu rosto, protegendo o nariz e a boca, enquanto os companheiros apenas colocam sua mão sobre o rosto:

   - Você poderia nos dar um desse aí - Ander disse inquieto.

   - Eu não tenho outro, apenas esse. Eu gastei meus outros fazendo curativos.

   - Eu te odeio! - colocou sua mão cobrindo seu rosto e segurou a respiração.

   No meio do caminho, Wallace se distanciou de seus colegas pois se distraiu com a beleza que o bosque tinha, por mais pequeno que fosse, sua beleza era inigualável.

   "Que lindo esse lugar! Eu nunca encontrei algo assim antes! Bosque mágico... Realmente ele parece ter saído de um conto de fadas." pensou consigo mesmo admirado " Eu nunca vi algo parecido... Flores-de-sinos?! Eram as favoritas da minha mãe... " - termina seu pensamento se dirigindo a elas. A dupla chega ao outro lado e sente falta do garoto:

   - Ei, velho! Cadê o Wallace?

   - Eu que deveria lhe perguntar isso! Ele estava do SEU lado!

   - Argh, eu não acredito que ele ficou pra trás! - se virou e começou a caminhar de volta para o bosque.

   - Onde você está indo?

   - Atrás dele?! Eu não vou ficar aqui parado junto com você esperando ele voltar, eu vou buscar o meu amigo.

   - Então tome cuidado e lembre-se...

   - Não respire o pózinho da plantinha - falou com uma voz fina, debochando do velho - Se ela é tão nociva assim, me dê isso - arrancou o lenço de Roger e amarrou em seu rosto - e nem pense em ir embora. Eu estou de olho em você! - cerrou os olhos.

   - WALLACE?! - suspirou - não é possível que ele tenha ficado tão para trás... Esse bosque nem é grande! - e continuou gritando o nome do companheiro até encontrá-lo no meio da mata, tirando sua mão do rosto para cheirar uma linda flor amarela - Wallace o que você está fazendo? - o loiro correu em direção do amigo, mas era tarde demais. O bruxo havia inalado a substância, o fazendo ficar paralisado como uma estátua. 

DEVIDO LUGAROnde histórias criam vida. Descubra agora