CAPÍTULO III

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   Wallace estava bravo por seu plano ter sido estragado e agora queria saber quem eram aquelas pessoas e para onde levaram as crianças. Sentou em uma pedra e pensou em onde poderia encontrar aquele povo. Relembrando os acontecimentos que ocorreram mais cedo, tentou ligar algo entre Anderson e os outros:

   - E se aquele maluco tiver alguma relação com a mulher que carregou o corpo do meu outro eu para longe? Oh! faz sentido! - espantou-se - faz muito sentido! Talvez ele seja algum tipo de guarda-costas? Ele tem um ótimo porte para servir como guarda-costas. Isso até que faz bastante sentido, pois ele não me disse se conhecia ou não aquela gente, e estava atrás de mim, possivelmente atrás de alguma informação útil. E se eu estiver certo e ele tiver alguma relação com eles, poderei o ameaçar e fazê-lo me levar até o esconderijo deles. Ha! como sou incrível! - gritou feliz dando um pulo - eu só preciso refazer toda essa caminhada e torcer para que aquele louco não tenha blefado sobre morar naquela redondeza - desanimou ao ver a distância a ser percorrida.

   A porta da casa de Anderson é recebida a leves batidas, que conforme a demora do atendimento, recebe pancadas mais fortes. O garoto suspira forte e se senta de costas para a porta. Emburrado pela demora, coloca sua cabeça apoiada na sua mão no aguardo.  Após dez minutos de espera, a porta se abre:

   - Quem quer que tenha batido, provavelmente já foi embora... - ao olhar para baixo gritou e, perguntou logo em seguida após se recuperar do leve susto - o que você está fazendo aqui?!

   O bruxo estava olhando para trás com um sorriso de orelha a orelha :

   - Finalmente eu te encontrei!

   - Ok... Não era você que desejou que nunca mais veria meu rosto? Entendo que eu seja irresistível - ironizou, jogando seus cabelos loiros para trás.

   - Olha cara, eu não estou para brincadeiras - levantou e foi em direção ao grandão - Eu quero saber sua relação com o pessoal de hoje mais cedo.

   - Hum... Nenhuma?

   - Ah, mas é claro que você não vai me contar nada assim de graça... - ao se aproximar mais, agarrou o roupão que ele vestia no momento com uma mão e deixou a outra em gesto de garra - Eu sei que você trabalha com eles! Conte-me tudo agora ou...

   - Ou o que? - levantou a sobrancelha

   O garoto olhou para a mão solta e percebeu que estava vazia. Ele não conseguiu lançar feitiço algum e se espanta com aquilo, olhando em direção do seu inimigo que o responde calmamente:

   - Eu entendo o motivo de estar tão zangado - tirou de si a mão do garoto que o segurava - Mas olha, eu não tenho nada haver com aquelas pessoas.

   - Então como você sabia de tanta informação? Eu lembro muito bem que você me disse algo como ''ferrar a linha do tempo ''.

   - E-eu disse? - enrubesceu.

   - Sim. E se você não tem relação com ninguém, como sabe disso? Já que fora eu, os únicos que pareciam saber de algo eram eles - Wallace o encarou franzindo a testa.

   " Puta merda! acho que fui muito descuidado quanto a isso. Ele não pode saber de nada, muito menos ela..." pensou. " Preciso encontrar uma maneira de o despistar, mas que desculpa eu posso lhe dar por agora?! Argh, Pensa Ander, pensa! '' - Anderson respirou fundo - Ok. Você venceu - jogou as mãos para cima - mas podemos primeiro entrar para conversarmos com calma ?

   O menino sorriu e entrou confiante. Se sentou a mesa um pouco inquieto e, observou o loiro vindo em sua direção com uma caneca e uma chaleira, e o ofereceu café, ele balança a cabeça afirmando.

   Anderson ficou quieto somente observando Wallace bebendo o seu café, mas isso não durou tanto pois foi chamado a atenção:

   - Quando parar de me analisar, estou pronto para te ouvir - disse dando outro gole na sua caneca.

   - D-desculpe, eu me distraí um pouco. Nunca vi alguém tão satisfeito com uma simples bebida - tentou desviar o olhar.

   - Só vamos logo com isso, estou cansado.

   - Sim é verdade. Já está tarde e eu prometi lhe contar a minha história; desculpe... - Ander observa sua companhia balançar a cabeça e, ele suspira - Bom, eu já tive contato com uma das pessoas que estava presente naquele dia. Sendo mais exato, uma mulher. Ela é como uma viajante do tempo e sempre está rondando por aqui e, eu nunca confiei nela. Então quando a vi novamente, eu sabia que ela estava tramando algo...

   - E como você me encontrou e soube o que eu estava planejando?

   - Bem, como já lhe disse, eu a vi e como desconfiava de algo, a segui e fiquei observando de longe. Ouvi ela dizer coisas do tipo, que ela e seus capangas tinham de ser cuidadosos para evitar alarmar aquelas crianças e nisso eu te vi escondido atrás do tronco daquela árvore. Brincando de esconde-esconde você não estava...

   - Então porque ao invés de pular em cima dessa mulher, você veio pro MEU lado?

   - Eles eram três. Você era baixo, magro e apenas um - deu uma risada gostosa.

   Wallace dá um riso tímido e retoma ao assunto:

   - Eu sinto que você ainda me esconde algo, mas eu vou deixar passar dessa vez. Você tem alguma ideia de para onde poderiam levar aquelas crianças? - Wallace aguarda uma resposta positiva mas Anderson nega com a cabeça:

   - Não tenho a mínima ideia, mas eu posso lhe ajudar caso me permita ser o seu companheiro...

    Após uma pequena pausa o garoto responde com receio: 

   - Está bem, seremos companheiros, mas depois disso, eu nunca mais vou querer ver sua cara... - abaixou sua cabeça e falou tão baixo as últimas palavras que saíram como um sussurro.

   O grandão sorriu e balançou sua cabeça lentamente de um lado para o outro. Convidou Wallace para passar a noite lá, que aceitou e estavam dispostos a iniciar algum plano pela manhã.

DEVIDO LUGAROnde histórias criam vida. Descubra agora