CAPÍTULO IV

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   Anderson acorda pela manhã e percebe que Wallace não está deitado na cama, ele levanta desesperado e o encontra na cozinha com um monte de papéis espalhados pelos cômodos:

   - O que está acontecendo aqui ? - comenta com uma voz rouca.

   - Ah, oi - ele vira para trás com uma torrada em sua boca - eu estava com fome e encontrei isso no fundo do armário, espero que não se importe... - caminhou em direção ao companheiro e colocou novas folhas em cima da mesa - eu estava pensando em como poderíamos passar pela segurança que provavelmente terá naquele lugar, então eu fiz algumas anotações - circulou com um lápis algumas partes importantes da sua anotação.

   - Wallace, você está bem?... Seguranças? - perguntou confuso.

   - É que eu adiantei algumas partes do plano e eu estava pensando que, caso encontremos o local que as crianças foram levadas, com certeza será um lugar protegido, então precisamos encontrar uma maneira de despistá-los e... Que tal esse aqui ? - Wallace mostra um papel para Ander e aponta onde acabara de circular.

   - Wallace... - suspira sem paciência tirando a folha da mão do bruxo e a amassando em seguida - você precisa relaxar cara, você está muito nervoso - diz colocando sua mão sobre o ombro do garoto que abaixa a cabeça envergonhado.

   O garoto começa a choramingar e o homem baixa a guarda, aproximando a cabeça do jovem sensível em seu peito. Enquanto acariciava delicadamente seu lindo cabelo roxo, tentou distraí-lo:

   - Ei, não precisa chorar - disse meio sem jeito - vamos arrumar essa bagunça e elaborar algo mais simples, juntos dessa vez, ok? - ele afasta o bruxo de si que no mesmo instante levanta a cabeça, e os seus olhos se encontram com os olhos verdes esmeraldas do loiro que continua sua advertência - eu não quero ver você esquentando sua cabeça. Se precisar fazer algo grande, não faça sozinho, eu estou aqui e eu não sou tão inteligente quanto você, mas sei que duas cabeças pensam melhor do que uma.

   Wallace se afasta em silêncio e começa a juntar seus papéis que estão espalhados por toda a casa e Anderson o observa pensativo.

   Após terminarem a limpa na casa, os dois começam a discutir coisas juntos. Wallace se divertia criando ideias e colocando-as no papel, enquanto Anderson dava palpites e evitava o jovem de fugir do controle. O grande começa a admirar o menino que está distraído explicando com muita empolgação seus planos. Ele sorri gentilmente e então é interrompido pelo ser que admira :

   - Ander?... Eu posso te chamar assim, certo ?!

   - Sim, claro!

   - O que achou dessa ideia? - falou esperançoso juntando suas mãos.

   - É... Hum... Parece boa - riu nervoso.

   - Você não prestou atenção de novo, não é?! - sentou na cadeira ao lado, emburrado - minhas ideias são tão ruins assim ?

   - Não! Suas ideias são ótimas! É só que... Você é tão dedicado no que faz que fica difícil não largar tudo e, permanecer aqui parado apenas te admirando.

   O garoto apenas o olha, um pouco rubro, mas tenta não se mostrar rendido. Aquelas palavras faziam o seu coração palpitar, elas não eram belas palavras, aquelas chiques que se encontram em poesias, mas eram sinceras e isso o fazia se sentir desconfortável, pois viera salvar seus amigos e não tinha tempo para se render a belas palavras ou emoções passageiras. Ele tenta quebrar aquele clima, continuando a discutir sobre as suas ideias:

   - E como podemos nos defender ? - " Eu poderia utilizar meus poderes como defesa mas, ele não sabe deles e não pretendo contar isso tão cedo, e aliás eles estão me deixando na mão ultimamente... acredito que toda essa sobrecarga não está me ajudando '' - refletiu suspirando desanimado.

   - Bom, eu tenho algumas armas. Você sabe utilizá-las?

   - A-ARMAS!? - gritou assustado.

   - Sim. Apenas duas pistolas calibre 22, mas já servirá de grande ajuda caso precisarmos.

   - Eu não sei usar armas. Nunca peguei em nenhuma a minha vida toda.

   - Poderei te ajudar com isso - sorriu - espere só um minuto que eu vou pegar algumas latas e garrafas para treinar sua mira, mas pode ir se dirigindo para fora.

   Anderson chegou com algumas garrafas e latas vazias de bebidas e posicionou uma latinha em cima de uma pedra. Entregou uma pistola para Wallace e o ajudou a se posicionar. O bruxo errou os três primeiros tiros e percebeu que seu colega estava desapontado :

   - Já percebi que vamos demorar o dia inteiro aqui - revirou os olhos e dirigiu para o lado do aprendiz.

   - Não, não iremos. Eu vou conseguir acertar nem que seja apenas uma latinha - e continuou a disparar sem hesitar.

   - Wallace! - o homem abaixa a mão do garoto na tentativa de pará-lo - assim você só está gastando recursos! Tenha paciência.

   - Vou conseguir sem mais ajuda. A próxima eu acerto, eu juro!

   - Vamos começar de novo - o grandão ajeita a postura de Wallace e segura abaixo de suas mãos para manter o equilíbrio - você precisa segurá-la com firmeza e posicionar o seu corpo assim, e por fim puxe o gatilho com uma pressão constante e...

   O jovem fechou seus olhos e apenas acompanhou a fala do amigo. Após o barulho do disparo ter parado, ele abriu seus olhos lentamente e viu que havia acertado :

   - Acertei! Eu acertei o alvo! - pulou de alegria.

   - É, você acertou. - falou dando um sorriso.

   - Vamos de novo! Agora vou deixar o pulso firme e conseguir acertar sem precisar que segure minha mão.

   Anderson balança sua cabeça afirmando e ambos continuam a treinar.

   " Talvez uma arma não será tão útil, mas sei que Wallace está se divertindo fazendo isso, e se aprender a atirar o deixa mais seguro, eu o deixarei atirar para se sentir bem...'' - pensou enquanto sorria admirando o bruxo se esforçando para acertar um alvo.

DEVIDO LUGAROnde histórias criam vida. Descubra agora