CAPÍTULO XIV

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    Roger e Anderson chegam até o laboratório que, sem surpresa nenhuma, está rodeado de seguranças:

   - Não acredito nisso! - o homem respira fundo - como a gente passa por eles? São muitos para ir no soco!

   - Hum... Acho que precisamos de um tempo maior do que o que eu imaginava...

   - Um tempo maior?! Ah, você está de brincadeira velhote! Não temos tempo!

   - Eu sei que está nervoso, mas precisamos ao menos saber uma base nos horários de troca de turno. Sempre deixam uma brecha nesses momentos.

   - Ou, a gente tenta entrar pelos fundos... - ele aponta com os olhos para a direção dos guardas.

   - Isso não é um filme! Você acha mesmo que vai estar livre e aberto lá atrás?

    - Não custa tentar... - os dois permanecem calados e o homem fecha a cara - se você não quiser ir, eu vou do mesmo jeito! Não vou ficar aqui parado olhando essa sua cara feia - jogou os braços para cima e começou a dar a volta pelo lugar.

   Após chegar atrás do laboratório, olhou para os lados e ao notar que ninguém estava lá, se aproximou:

   - Ha, ha! Um ponto para mim, velho! - se gabou - temos uma porta que está... - ele girou a maçaneta com confiança - fechada! - emburrou. No lugar havia apenas duas janelas minúsculas  no alto e a porta resistente que era impossível quebrá-la, ao menos naquele momento, sem nenhuma ferramenta pesada. Roger chega no lugar e debocha do loiro que está de braços cruzados em frente a porta:

   - Estou vendo que alguém não obteve sucesso.

   - Ao menos eu tentei alguma coisa!

   - E quem disse que eu não tentei nada? - Roger se aproxima - eu estava os observando... Daqui a pouco o sol vai se pôr e geralmente acontece uma troca noturna. Também vi que eles autorizaram a entrada de dois... Vou chamá-los de cientistas por conta do jalecozinho branco - o velho puxa de leve sua roupa para enfatizar.

   - Eles deixaram entrar... - Ander coloca sua mão no queixo e se vira para o caçador - E se a gente arrumasse algum traje, conseguiríamos entrar!

   - Olha, eu não quero cortar sua felicidade, mas onde poderíamos arrumar uma roupa como a deles? Impossível.

   - Só esperarmos algum cientista "vazar" e agarrar ele na saída. A gente pega a roupa dele e entramos!

   Roger o observa sem colocar muita fé em seu plano, e enquanto Anderson está empenhado imaginando como poderiam realizar a idéia, alguém se aproxima da área:

   - Ei, loirinho, tem alguém vindo!

   - Quem está...? - ele se vira e vê Heitor que hesita em dar mais um passo ao ver os dois - VOCÊ?! - Ander caminha em direção ao recém-chegado. Percebendo que o garoto tenta recuar, o agarra pelo pescoço o pressionando contra a parede - eu nunca deveria ter deixado sua irmã ir, talvez assim você não teria sido um covarde de nos entregar!

   - Eu não fiz nada! - o menino segura com suas mão o braço do grande e tenta se soltar - eu só segui as ordens dela, mas eu não encostei nenhum dedo no seu namoradinho, eu juro! Se eu não a ajudasse, ela provavelmente mataria a minha irmã...

   - E por que não matariam você?!

   - Porque Helena é a única coisa que me importa! Eu só fiz isso para o nosso bem, mas eu juro que eu cumpri com a minha palavra de não incomodar mais vocês!

   - Sua irmã machucou ele, então você também tem uma parcela de culpa nisso! E você voltou e disse a ela onde estávamos, e com isso levaram o Wallace de mim! Você tirou ele de mim! - Anderson aperta o pescoço dele mais forte. O garoto implora para Ander o soltar, Roger intervêm e consegue separar os dois:

   - ANDERSON! - ele o encara com fúria - nós já conversamos sobre isso e Wallace ficaria chateado se te visse agindo assim! - o caçador apenas olha para o loiro que se retira enfurecido e se vira para Heitor - e você garotinho? Está bem?

   - Eu acho que sim - ele diz em um tom baixo enquanto massageia o seu pescoço - eu juro que não é isso que eu queria... Eu só estou tentando fazer o necessário para sobreviver a esse pesadelo, mas eu não queria machucar ninguém...

   - Sei que não é isso que você queria e você não machucou ninguém até agora. Não liga para ele. Anderson errou muito, mas ele só está com medo, muito medo e acaba agindo por impulso, sinto muito.

   - Eu queria ser corajoso como você, Roger... Você fugiu e não se permitiu fazer o que você não queria, mesmo que isso custasse sua vida.

   - Ambos são corajosos, apenas com visões diferentes. Se o certo para você é fazer as vontades dela, tudo bem. Às vezes fazemos loucuras por quem amamos apenas para protegê-la - o caçador olha para trás e Anderson continua bravo - Ei, Heitor! Eu sei que você já tem problemas demais para lidar, mas você conseguiria arrumar dois uniformes do laboratório?

   - Não tenho certeza, mas sei que querem aprontar alguma coisa... Para que você quer isso?

   - A única forma da gente entrar aí dentro vai ser assim. Pode nos ajudar?

   - E-eu acho que sim... - o garoto olha para baixo.

   - Eu juro que se ajudar a gente a tirar o Wallace daí de dentro, eu posso libertar você e sua irmã desse pesadelo!

   - Sério mesmo que você faria isso pela a gente?! - o menino abre um sorriso tímido.

   - Sim! Farei o possível para retribuir esse favor!

   - Ok! Eu só não tenho certeza sobre os uniformes... Vai demorar um pouco para conseguir eles.

   - Um pouco, quanto?

   - No máximo uma semana, tudo bem? E por favor, não esqueça da promessa...

   - Uma semana?! Acho que o loirinho não vai gostar de saber disso mas, tudo bem! E não se preocupe, a gente vai dar um jeito - ele afaga a cabeça do menino - então, daqui a uma semana, no mesmo horário?

   O garoto balançou sua cabeça afirmando com um sorriso inocente no rosto. Ele volta pelo caminho que tinha percorrido, feliz e confiante, finalmente ele estaria próximo da sua liberdade que tanto almejava.

DEVIDO LUGAROnde histórias criam vida. Descubra agora