- Alice Narrando -
Fiquei a manhã inteira na casa da Júlia e expliquei a situação pra ela, ela ficou bem triste e preocupada com a tia.
- Tia, quero ir pra casa - Gabriel falou entrando no quarto da Júlia
- Cansou de ser paparicado pela bisa? - perguntei e ele se sentou no meu colo
- Não, mas quero meu pai, ele estava triste - falou me olhando e eu abracei ele
- Eu sei como deixar ele bem animado - falei sorrindo - Vamos animar seu pai
- Vamos - falou se levantando e me puxou
- Eu vou também - Júlia falou saindo com a gente
Quando chegamos lá chamamos o Renan e ele não demorou pra atender, entramos e fomos pra sala.
- Vai lá buscar o uno, Gabriel - pedi e me sentei no sofá
- Já tô sabendo - Júlia falou abraçando o primo - Cadê ela?
- Conversamos um pouco e ela resolveu ir no mercado - falou negando com a cabeça
- Você tem que ser forte, vai ser normal ela tentar fugir da situação - falei baixo e ele assentiu
- É difícil mas tenho que fazer isso - falou passando a mão no rosto
- Você não tá sozinho nessa - Júlia falou e eu concordei
- Renan, eu sei que não tem muito tempo a gente se conhece mas pode ter certeza eu tô aqui, ok? Vocês podem contar comigo para qualquer coisa - falei e o mesmo balançou a cabeça
- Obrigado - sorriu fraco e passou a mão no rosto
- Aqui, tia - Gabriel falou entrando na sala
- Vamos jogar, gente - falei pegando o uno
- Não tô - Renan estava falando mas eu interrompi
- Já tá com medo de perder? - perguntei botando pilha
- Ih, eu vou ganhar - Júlia falou entrando na onda
- Ela tá preocupado com você - falei baixo só pra ele ouvir
- Quero vê quem vai ganhar - Renan falou se sentando no chão
Ficamos jogando a tarde inteira mas quando a mãe dele chegou logo o Renan se abateu de novo. Como a Júlia queria conversar com eles e iriam na avó do Renan explicar tudo eu pedi e o Renan deixou eu levar o Gabriel na minha casa.
- Cheguei, família - falei entrando na sala com o Gabriel
- Achou o caminho de casa - minha mãe falou e eu ri
- E veio acompanhada - meu pai falou e o Gabriel estava bem tímido
- Esse é o Gabriel - falei e meus pais sorriram - Gabriel, esses são Catarina e Maurício, meus pais
- Oi - falou baixinho
- Pai, ele ama bonecos de super herói - falei e meu pai logo ficou animado
- Eu tenho muitos bonecos, muitos mesmo - meu pai falou bem animado e eu ri - Quer ir ver?
- Posso? - Gabriel me olhou sorrindo
- Claro que pode - falei e eles saíram conversando sobre desenhos
- Daqui a pouco vamos jantar - minha mãe falou pra eles ouvirem e eu deixei a mochila do Gabriel no sofá - Reparei nessa sua carinha
- A mãe do Renan está com câncer - me sentei e ela arregalou os olhos
- Está avançado já? - perguntou preocupada e se sentou também
- Não sei ao certo - falei olhando pra ela - Descobri por acaso, ela estava tomando o remédio e eu vi
- É uma tristeza - falou pensativa - Mas vai dar tudo certo
- Vai sim - falei baixo - Tem que dar certo, mamãe
- Ei, vem cá - me puxou e eu deitei com a cabeça no colo dela
- Essa doença é tão injusta - meus olhos arderam e logo senti meu rosto molhado
- Eu tenho certeza que depois dessa tempestade só coisas boas acontecerá na vida dela, bonequinha - falou baixo e beijou a minha testa
- Será? - perguntei receosa
- Vai sim - falou firme e eu fechei os olhos
Mesmo depois do jantar o Gabriel ainda brincou muito com o meu pai, quando deu um certo horário eu percebi ele com sono e fui ajeitar ele pra dormir.
- Tia, você não pode me vê assim - falou puxando a toalha e se cobrindo
- Por que não? - perguntei rindo
- Meu pai disse que só ele, a vovó, a Júlia, meus tios, meu bisavô, minha bisavó, tio Douglas e tia Yasmin podem me ver assim - falou enumerando nos dedos
- E eu não sou sua tia? - perguntei cruzando os braços
- Os tios que ele fala é os pais da Júlia - falou explicando
- Você consegue se arrumar direito? - perguntei e ele afirmou - Qualquer coisa me chama
- Ta bom - falou e eu saí do banheiro
Depois que ele saiu do banheiro ficamos assistindo o filme mas logo pegamos no sono. No dia seguinte quando acordamos eu levei ele pra casa já que queria o pai.
- Pensei que você não viesse hoje - falei observando o Renan se arrumando pra dar aula
- Queria me informar direito com a minha mãe, saber ao certo como está a saúde dela mas está se esquivando direto - bufou irritado - Quando eu acordei ela já tinha ido trabalhar, liguei e ela disse que não iria parar a vida dela por isso
- Ela tá assustada, isso é normal - falei e ele balançou a cabeça, decidi logo mudar de assunto - Por que você disse para o Gabriel que só algumas pessoas podem vê-lo sem roupa?
- Assim que eu entrei no corpo de bombeiros tivemos um chamado que uma casa estava pegando fogo, fomos lá e fizemos o trabalho - começou a falar e eu já imaginei que algo bem ruim rolou - Só tinha um homem dentro da casa e ele morreu, levamos pro hospital e quando a esposa dele chegou no hospital ela estava estranha, não mostrava tristeza
- Ela colocou fogo - falei e ele assentiu
- A polícia logo achou estranho mas não tinha pistas, quando pegaram firme no depoimento ela acabou confessando que matou porque descobriu que ele abusava do filho - falou e eu arregalei os olhos
- Filho da puta - falei indignada
- Ai eu ensinei isso pro Gabriel, mas depois eu falo que você pode ajudar ele se arrumar - falou e eu assenti
- Você fez certo, não tirou a ingenuidade dele mas deixou ele esperto - falei concordando
- Se fazem isso com meu filho eu mato - falou sério
- Nojo de gente assim - falei com raiva
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Meu Ébano
FanfictionAlice é uma carioca de 22 anos que levava uma vida tranquila e sem muitas emoções ao lado da sua família e amigos, mas mudanças acontecem quando decidi fazer um trabalho voluntário.