Capítulo 24

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- Alice Narrando -

Fiquei a manhã inteira na casa da Júlia e expliquei a situação pra ela, ela ficou bem triste e preocupada com a tia.

- Tia, quero ir pra casa - Gabriel falou entrando no quarto da Júlia

- Cansou de ser paparicado pela bisa? - perguntei e ele se sentou no meu colo

- Não, mas quero meu pai, ele estava triste - falou me olhando e eu abracei ele

- Eu sei como deixar ele bem animado - falei sorrindo - Vamos animar seu pai

- Vamos - falou se levantando e me puxou

- Eu vou também - Júlia falou saindo com a gente

Quando chegamos lá chamamos o Renan e ele não demorou pra atender, entramos e fomos pra sala.

- Vai lá buscar o uno, Gabriel - pedi e me sentei no sofá

- Já tô sabendo - Júlia falou abraçando o primo - Cadê ela?

- Conversamos um pouco e ela resolveu ir no mercado - falou negando com a cabeça

- Você tem que ser forte, vai ser normal ela tentar fugir da situação - falei baixo e ele assentiu

- É difícil mas tenho que fazer isso - falou passando a mão no rosto

- Você não tá sozinho nessa - Júlia falou e eu concordei

- Renan, eu sei que não tem muito tempo a gente se conhece mas pode ter certeza eu tô aqui, ok? Vocês podem contar comigo para qualquer coisa - falei e o mesmo balançou a cabeça

- Obrigado - sorriu fraco e passou a mão no rosto

- Aqui, tia - Gabriel falou entrando na sala

- Vamos jogar, gente - falei pegando o uno

- Não tô - Renan estava falando mas eu interrompi

- Já tá com medo de perder? - perguntei botando pilha

- Ih, eu vou ganhar - Júlia falou entrando na onda

- Ela tá preocupado com você - falei baixo só pra ele ouvir

- Quero vê quem vai ganhar - Renan falou se sentando no chão

Ficamos jogando a tarde inteira mas quando a mãe dele chegou logo o Renan se abateu de novo. Como a Júlia queria conversar com eles e iriam na avó do Renan explicar tudo eu pedi e o Renan deixou eu levar o Gabriel na minha casa.

- Cheguei, família - falei entrando na sala com o Gabriel

- Achou o caminho de casa - minha mãe falou e eu ri

- E veio acompanhada - meu pai falou e o Gabriel estava bem tímido

- Esse é o Gabriel - falei e meus pais sorriram - Gabriel, esses são Catarina e Maurício, meus pais

- Oi - falou baixinho

- Pai, ele ama bonecos de super herói - falei e meu pai logo ficou animado

- Eu tenho muitos bonecos, muitos mesmo - meu pai falou bem animado e eu ri - Quer ir ver?

- Posso? - Gabriel me olhou sorrindo

- Claro que pode - falei e eles saíram conversando sobre desenhos

- Daqui a pouco vamos jantar - minha mãe falou pra eles ouvirem e eu deixei a mochila do Gabriel no sofá - Reparei nessa sua carinha

- A mãe do Renan está com câncer - me sentei e ela arregalou os olhos 

- Está avançado já? - perguntou preocupada e se sentou também

- Não sei ao certo - falei olhando pra ela - Descobri por acaso, ela estava tomando o remédio e eu vi

- É uma tristeza - falou pensativa - Mas vai dar tudo certo

- Vai sim - falei baixo - Tem que dar certo, mamãe

- Ei, vem cá - me puxou e eu deitei com a cabeça no colo dela

- Essa doença é tão injusta - meus olhos arderam e logo senti meu rosto molhado

- Eu tenho certeza que depois dessa tempestade só coisas boas acontecerá na vida dela, bonequinha - falou baixo e beijou a minha testa

- Será? - perguntei receosa

- Vai sim - falou firme e eu fechei os olhos

Mesmo depois do jantar o Gabriel ainda brincou muito com o meu pai, quando deu um certo horário eu percebi ele com sono e fui ajeitar ele pra dormir.

- Tia, você não pode me vê assim - falou puxando a toalha e se cobrindo

- Por que não? - perguntei rindo

- Meu pai disse que só ele, a vovó, a Júlia, meus tios, meu bisavô, minha bisavó, tio Douglas e tia Yasmin podem me ver assim - falou enumerando nos dedos

- E eu não sou sua tia? - perguntei cruzando os braços

- Os tios que ele fala é os pais da Júlia - falou explicando

- Você consegue se arrumar direito? - perguntei e ele afirmou - Qualquer coisa me chama

- Ta bom - falou e eu saí do banheiro

Depois que ele saiu do banheiro ficamos assistindo o filme mas logo pegamos no sono. No dia seguinte quando acordamos eu levei ele pra casa já que queria o pai.

- Pensei que você não viesse hoje - falei observando o Renan se arrumando pra dar aula

- Queria me informar direito com a minha mãe, saber ao certo como está a saúde dela mas está se esquivando direto - bufou irritado - Quando eu acordei ela já tinha ido trabalhar, liguei e ela disse que não iria parar a vida dela por isso

- Ela tá assustada, isso é normal - falei e ele balançou a cabeça, decidi logo mudar de assunto - Por que você disse para o Gabriel que só algumas pessoas podem vê-lo sem roupa?

- Assim que eu entrei no corpo de bombeiros tivemos um chamado que uma casa estava pegando fogo, fomos lá e fizemos o trabalho - começou a falar e eu já imaginei que algo bem ruim rolou - Só tinha um homem dentro da casa e ele morreu, levamos pro hospital e quando a esposa dele chegou no hospital ela estava estranha, não mostrava tristeza

- Ela colocou fogo - falei e ele assentiu

- A polícia logo achou estranho mas não tinha pistas, quando pegaram firme no depoimento ela acabou confessando que matou porque descobriu que ele abusava do filho - falou e eu arregalei os olhos

- Filho da puta - falei indignada

- Ai eu ensinei isso pro Gabriel, mas depois eu falo que você pode ajudar ele se arrumar - falou e eu assenti

- Você fez certo, não tirou a ingenuidade dele mas deixou ele esperto - falei concordando

- Se fazem isso com meu filho eu mato - falou sério

- Nojo de gente assim - falei com raiva

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