O Guarda Costas

(46) - Nova vida.

Aproveitem os últimos capítulos....

Me olhei diante do espelho, me dando conta da mudança dentro de mim. Não por fora, e sim dentro. Tá sendo difícil viver sem o perdão do Tae, minhas amigas me apoiaram e são uns anjos. Acontece que eu nunca menti pra elas, já pra ele, muitas vezes. Sei que nunca mais o verei, e preciso lidar com isso, só que tá sendo tão ruim, algo dói. Cada vez que me lembro da forma de como ele me olhou naquele dia, a própria decepção. Isso tudo tá me matando.

Já passei por situações que fiquei magoada e necessitei esquecer de uma determinada pessoa. Agora é diferente, ainda tenho que esquecer mas das vezes que fiquei magoada foi porque alguém me magoou, nessa situação, foi eu mesma quem magoou. Mais cedo ou mais tarde terei que me livrar, sei que será difícil, pois no tempo em que ficamos juntos, foi maravilhoso. Podia -se dizer que estava vivendo um dorama.

— Por favor filha! — Gritou minha mãe do outro lado, batendo sem cessar na porta do banheiro da minha tia. — Eu sei é difícil, mas preciso que você saia logo daí.

Me recomponho vendo se estou de acordo para participar do julgamento de meu pai. Um vestido cumprido preto até os joelhos com um casaquinho para cobrir os ombros. Não tenho tido paciência com nada inclusive meu cabelo, então só fiz um coque e pronto.

— Pronto. — Saí finalmente e com isso, fui obrigada a encará-la. Seu semblante semelhante ao meu.

— Vamos. — Disse suspirando pesadamente que pude sentir sua tensão acompanhada de sono, o fuso horário mexeu muito com ela, pois aqui é dia, e lá é noite. Ela tem sofrido com isso, já comigo, não teve dificuldades, não consegui dormir em horário nenhum por causa do Tae.

Tia Roberta foi conosco também, pois faz parte do julgamento. Depois que chegamos, soubemos que ela foi atacada pelos funcionários do senhor Santos e a manteram presa a noite toda.
Ainda bem que não a tocaram.

Quando chegamos, já vimos meu pai e o juiz se posicionando. O julgamento será somente dele, e depois o do senhor Santos. Queria comparecer somente no do meu pai mãe sou obrigada a estar de frente aquele miserável que quase ia fazendo barbaridades com aquelas garotas, e comigo também.

Como o marido da tia é advogado, ela o colocou no caso do meu pai, por mais que ele esteja disposto a pagar por tudo que fez.

O julgamento deu início, junto com o promotor já fazendo seu papel. Respondi tudo que me perguntaram, e minha mãe também.

(...)

— Oito anos de prisão... — Sussurrei pra mim mesma. Surpresa pois pensei ser mais que isso. Meu pai deu um golpe contra os dados de uma empresa, ou seja, um estelionato de grande nível. Foi só isso que consegui entender.

Todos se retiraram da sala, apenas eu, minha mãe, meu pai e o policial o segurando. Me aproximei, com as palavras presas em minha garganta. Ele com seu olhar calmo, aceitando seu destino. Que ambição é essa? Era só isso que queria perguntar, pois querendo ou não, ele não foi só o responsável pelos seus crimes, mas também pelo meu sofrimento. Se ele não tivesse inventado isso e nos levado para Seul, eu nunca teria conhecido o Tae, nunca iria magoá-lo. Porém também não teria vivido aqueles momentos mágicos ao lado dele, e as meninas não teriam se curado de suas feridas.

Me perdi em meio a essas reflexões ao ouvir a voz do meu pai.

— Filha. — Chamou baixinho e voltei a olhá-lo. — Não tá sendo fácil, tô vendo nos seus olhos. Só que você já provou que é forte, sua vida não acabou. Daqui pra frente terá muitas surpresas.

— Como consegue ter essa calma? — Indaguei.

— Porque fui capaz de dar o bom e do melhor pra vocês mesmo idiguinamente. — Suspirou, tentando evitar chorar. — Agora é sua vez! Pode se sustentar e ter uma vida muito próspera, pois você tem bastante conhecimento, não precisará dar um golpe tão baixo que eu dei, porque na época eu não tinha. Já você, terá riqueza e honra honestamente.
— Disse que sua voz saiu anasalada, acompanhada de algumas lágrimas.