Capítulo 1 - Cinco Anos Depois

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Pensaram que eu não voltaria mais, né? Pois aqui estou. Acho que alguns de vocês devem estar se perguntando o que aconteceu após a morte do Luan e como eu fiquei ao passar dos anos? E é isso e muito mais que vocês descobrirão a partir de agora.

Cinco anos já se passaram. A garota de 16 anos que era medrosa, cheia de traumas e assombrada pelo passado se tornou uma mulher de 21 anos forte, empoderada, que luta pelo que é seu e não abaixa a cabeça diante das dificuldades da vida. Me formei em serviço social e hoje tenho meu próprio abrigo, o Raio de Lua, onde abrigo 15 crianças e adolescentes que foram abusados, negligenciados ou sofreram algum tipo de maus tratos, ou então, que perderam os pais e o vínculo familiar, e assim acabam sendo postas para adoção.

Bryan e eu estamos juntos até hoje e estamos na fila de adoção desde que completamos 18 anos, nosso perfil é menino ou menina, podendo ser dois irmãos, de 0 a 5 anos, de qualquer cor, com doenças tratáveis, queríamos aumentar um pouco a idade, porém é obrigatório os pais serem 16 anos mais velhos que a criança, portanto o máximo de idade era 5 anos. Bryan cresceu tanto nesses últimos anos, já está até com um pouco de barba e adora pegar no meu pé. Ele ganhou um apartamento do pai quando fez 18 anos, pensem na alegria dele, a primeira coisa que me disse ao me mostrar o apê foi ''agora vamos ter bastante tempo só pra nós'', e de fato, temos, mas mesmo assim, ele ainda mora na casa do pai, segundo ele, para ficar pertinho de mim, porém quando queremos um pouco de privacidade vamos para o apartamento dele. Hoje, Bryan é formado em Psicologia e trabalha na área com crianças e adolescentes, até na profissão estamos ligados de alguma forma, e olha que a ideia partiu dele, óbvio que eu dei a maior força.

May? Ah, minha May. Hoje ela está com 10 anos, é uma garota tão esperta, bom, sempre foi, né? Mas as vezes fico surpresa com a inteligência dela, e isso pra não mencionar o fato que ela tem sempre uma resposta na ponta da língua.

Nicolá, hoje com 20 anos, está um homem maior que eu. Infelizmente ele não está mais com a Naty, o namoro dos dois durou apenas dois anos, após isso Natalie se mudou para outra cidade com sua mãe e seu irmão, lá ela conheceu Jennifer, com quem se casou, desde então, não a vi mais, embora as vezes eu ainda fale com ela. Nick não quis fazer faculdade, o que não foi nenhuma novidade pra gente, já que ele nunca foi muito amigo dos estudos mesmo, mas pelo menos resolveu trabalhar, isso sim foi surpresa, ele passou a trabalhar em um restaurante como garçom, não posso dizer que Nick ama o serviço, mas reclama menos do que o esperado.

Ah, mamãe e Cadu continuam casados e juntos eles tiveram duas gêmeas univitelinas, a Louise e a Naomy, ambas de 4 anos. Dá pra ver de longe o quanto eles se amam, Cadu é louco pela minha mãe e vice versa. Cadu e eu nos tornamos excelentes amigos, o tenho como um pai e até o chamo assim, ele adora.

Diego hoje está com 9 anos, por coincidência do destino, ele é colega de escola da May, e os dois não se desgrudam, vivem aprontando juntos.

Infelizmente faz anos que não tenho contato com Josh, ele foi mandado à trabalho para a Inglaterra e nunca mais voltou, faz 3 anos que não o vejo.

Fanny se formou em Direito e trabalha na área, já Lindy é formada em Medicina e trabalha em um hospital. Acho que estou bem de amiga, uma advogada para caso eu precise algum dia e uma médica para caso eu fique doente. Porém as duas se mudaram para outro estado e juntas dividem um apartamento.

Era uma sexta - feira à noite. A família toda estava em casa e quando isso acontecia era bagunça na certa, imaginem só quatro crianças juntas, e cinco quando o Diego vinha pra nossa casa, as crianças tocavam o terror juntas, minha mãe e papai quase iam a loucura com aquela turminha, sinceramente não sei como eles aguentavam quatro crianças, um pré adolescente e mais três adolescentes, eram guerreiros. E apesar da bagunça que havia se tornado a nossa casa, eu adorava ter uma família grande, pois éramos muito felizes e carinhosos uns com os outros.

Estava mexendo em meu celular, quando vejo Louise e Naomy correndo pela casa.

- Meninas, o que eu já falei sobre correr aqui dentro? - Perguntou papai.

- Só quando a mamãe não tiver em casa. - Falaram as duas ao mesmo tempo.

As duas saem e eu olho para papai sem entender muita coisa.

- Falou isso à elas? - Perguntei.

- Por favor, não fale pra sua mãe, senão eu sou um homem morto.

- Pode deixar. - Digo entre risos.

Papai me dá um beijo na testa e sai. Nisso May se joga no sofá, do meu lado soltando fogo pelas ventas.

- O que houve? - Pergunto.

- Eu vou matar o Fred, por favor, me diz que eu posso matá-lo.

- O que ele fez? - Questiono entre risos.

- Ele pegou meu celular sem eu ver e mandou uma mensagem pro Sebastian como se fosse eu. - Diz Maytê se referindo ao seu melhor amigo.

- E não deu tempo de apagar?

- Se tivesse dado, eu não estaria desse jeito, né?

- E o que dizia a mensagem?

- Era uma mensagem de amor, falando que eu sou apaixonada pelo Sebas. Ai, que raiva! Como se eu tivesse idade para gostar de alguém.

- E você explicou para ele a situação? - Perguntei para May.

- Claro que sim, espero que tenha acreditado, afinal, ele é meu melhor amigo e isso não tem nada a ver, e eu também não sei ainda se vou gostar de menino ou menina.

Sim, eu juro que uma criança de 10 anos falou isso e desse jeito, e com certeza, independente de quem ela fosse gostar, a amaríamos da mesma maneira.

-O Sebas está me ligando, vou explicar toda a situação para ele. - Fala se pondo a se retirar.

Bryan, que recém havia saído do banho, aparece sem camisa, com uma toalha enrolada na altura da cintura e secando seu cabelo. O olho enquanto ele faz charme para mim. Sorrio timidamente.

- Você fica linda quando faz essa carinha de vergonha. - Ele me diz se pondo a me dar um selinho.

- Para, bobo. - Peço.

Pouco depois todos nós jantamos em uma mesa de 12 lugares. Na hora das refeições era sempre uma bagunça organizada, Louise e Naomy não conseguiam parar muito tempos quietas, ficavam se mexendo nos seus lugares, como se tivessem agoniadas para descer, May e Fred viviam uma relação de irmãos que se amam e odeiam, brigavam, mas nunca se desgrudavam, o que as vezes provocava um pouco de ciúmes em Analu.

E mesmo com tanta gente morando na mesma casa, apesar da pouca privacidade e de termos várias regras, onde a maioria meus pais criaram por conta do Nicolá e do Fred, mesmo assim eu conseguia ser muito feliz e não mudaria nada na minha vida.

O Drama de Luna (2° temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora