Bryan e eu terminamos de tomar café e fomos voando para o abrigo para poder ver nossos futuros filhos, estávamos tão ansiosos.
Naquela manhã a nossa visita durou um pouco mais, Brittany nos mostrou os seus brinquedos preferidos, já Elliott ficou mais quieto, calado, parecia que estava analisando a gente, Bryan e eu tentamos por diversas vezes puxar algum assunto com ele, mas geralmente o menino só respondia com a cabeça ou então com ''sim, não, talvez, pode ser, tanto faz''.
- Essa é a Jujuba. - Falou Brittany. - Ao me mostrar uma boneca.
- Ela é linda que nem você. - Falei.
Brittany esbanjou um leve sorriso e guardou a boneca.
- Vocês querem nos adotar, né? - Nos perguntou Elliott.
Bryan e eu olhamos surpresos para ele, pois não imaginávamos que ele fosse nos perguntar isso. Logo a gente se olhou e então, Bryan respondeu:
- Sim, a gente gostaria, se vocês quiserem.
Brittany olhou com os olhos brilhantes para o irmão e com um lindo sorriso, parecia estar esperando a resposta dele, e acho que estava. Porém Elliott respondeu:
- Não, estamos bem aqui, e não queremos ir a lugar algum, e a Brittany também não vai sem mim, então escolham outras crianças para serem os filhos de vocês, tem muita criança aqui que querem ter uma família, sabiam? Nós já tivemos uma e foi uma porcaria, não precisamos de outra.
Bryan e eu nos olhamos surpresos e ele me abraçou. Dona Paloma ficou sem reação, como se não soubesse o que fazer.
- Posso me retirar? - Perguntou o menino ao se dirigir para a diretora Antonieta, que consentiu com a cabeça.
O garoto pegou sua irmã pela mão e saíram, porém antes de sair, a menina nos olhou com os olhos tristonhos e deu de ombros, era evidente que ela não concordava com o irmão.
Olhei para cima, tentando evitar das lágrimas caírem e abracei Bryan, que me passou conforto. Eu queria aquelas crianças, eu queria amá-las, queria que elas aprendessem que o mundo pode ser cruel, sim, mas que também pode ser maravilhoso, eu queria mudar o mundo deles.
- Não desanimem. - Falou Paloma. - Essas coisas acontecem, tem muita criança aqui que não quer ser adotada, ou porque tem esperança de voltar pra família biológica ou porque já passaram tanto tempo aqui, que acabam tendo medo do novo, do desconhecido. Mas algo me diz que isso não acontece com esse menino, eu acho que o problema do Elliot é que ele tem medo que aconteça tudo de novo, medo de novamente ser machucado do jeito que ele foi.
- Exatamente. - Falou dona Antonieta. - Por conta do que ele viveu, Elliott não consegue confiar nas pessoas e nem demonstrar sentimentos.
- Sei como é. Também trabalho em abrigo. - Falei cabisbaixa.
Eu entendia ele, entendia mesmo, mas saber que ele nem queria tentar e nem se aproximar da gente, havia doído muito, não cheguei a pensar que isso poderia acontecer.
- Eu vou falar com ele, podem deixar. - Falou dona Antonieta.
Bryan e eu agradecemos e fomos embora. A gente almoçou junto em um restaurante, mas eu não conseguia tirar aqueles dois da cabeça.
- Amor, não fica assim, a gente vai conseguir. - Disse Bryan ao pegar em minha mão.
- Tomara que conversem com ele e que Elliott aceite nos dar uma oportunidade.
- Vai sim. - Falou Bryan se pondo a me dar um selinho.
Como estávamos só com o carro do Bryan, ele me levou para o serviço e ficou de me buscar também.
- Luna! - Falou Malu ao me abraçar.
- Oi, meu amor. Como você está?
- Bem. - Ela disse com um enorme sorriso.
De repente Mad vem chorando até mim.
- Luna! Luna! - Ela diz aos prantos.
- Hey, o que houve, princesa?
- Eu cai no pátio. - Falou. - E ralei o joelho.
- Oh, meu amor, não foi nada, vem, vamos passar uma pomada.
A levei para passar um remédio e fazer um curativo, cinco minutos depois e ela já estava correndo pelos cantos sem lembrar do joelho. Assim que Mad saiu, Cauã se aproximou devagarinho de mim, senti como se ele tivesse querendo me dizer algo.
- Está tudo bem, querido? - Perguntei.
- Hã... Eu não estou conseguindo fazer meus temas de Português. - Falou cabisbaixo.
- Vem, vamos que eu te ajudo. - Falei com um pequeno sorriso.
Ajudei ele com as atividades, e de repente o olhei, por um instante ele me lembrou muito o Elliott, eram um pouco parecidos, mas eu sentia como se aos poucos Cauã estivesse me dando permissão pra eu me aproximar dele.
- Obrigado. - Falou timidamente, assim que terminamos as tarefas.
Sorri, dei um beijo no rosto dele e sai, mas antes de sair, pude perceber ele esbanjar um pequeno sorriso.
Bryan me buscou no serviço como o combinado. Estávamos indo pra casa, quando meu celular tocou. Era a Bailee.
- Alô. - Falei ao atender.
- Luna, onde vocês estão? - Perguntou Bailee aos prantos.
- Estou indo pra casa. Mas o que houve?
- Venham pra cá, por favor. - Pediu ao soluçar de tanto chorar. - Meus pais foram assassinados.
- O quê? Como assim? - Perguntei apavorada.
- O que houve? - Me questionou Bryan.
Pedi para Bailee tentar manter a calma e avisei que estávamos a caminho. Contei para Bryan, e assim como eu, ele ficou apavorado. Quem poderia fazer uma coisa dessas?
Ao chegarmos na casa das minhas amigas, Bailee me abraçou aos prantos e entramos. A casa estava repleta de sangue por todos os lados. Tinha diversos policiais que estavam pegando o depoimento da Bailee e os corpos já haviam sido levados, não cheguei a ver, ainda bem.
- E cadê a Jess? - Perguntou Bryan.
- Ela passou mal e teve que ser levada para o hospital. - Falou Bailee. - Ai, foi horrível! Nós chegamos em casa e vimos essa quantidade toda de sangue, e então fomos até a cozinha e vimos o meu pai, ele estava caído no chão morto e tinham amputado uma das mãos dele. - Pausa. - Ai, meu Deus! Começamos a gritar pela nossa mãe, foi quando ouvimos um barulho vindo do quarto dos meus pais, eu corri para ver e mais sangue, comecei a buscar por alguém pelo quarto e quando abri o roupeiro dos meus pais... A cabeça da minha mãe caiu, eu me assustei muito, comecei a chorar e gritar, foi a coisa mais horrível que eu já vi na vida, a Jess correu para ver o que tinha acontecido e ficou do mesmo jeito ao ver a cena, e de repente avistamos o corpo da minha mãe ao lado da cama.
Bryan e eu ficamos perplexos com tudo isso, eu só via essas coisas nos filmes de terror, mas não imaginava que isso pudesse acontecer realmente, quem seria tão cruel a esse ponto?
Eu gostava muito dos pais das garotas, eles deviam ter na base de uns 40 e poucos anos, eram tão jovens e eram muito queridos, sempre recebiam a gente bem e faziam de tudo pra nos sentirmos em casa. Não imaginava quem pudesse querer machucá-los.
- Eu vi alguém fugindo daqui. - Disse Bailee muito nervosa. - Eu não vi o rosto, estava todo de preto e usava uma máscara horrível, acho que era a pessoa que vocês nos falaram.
O quê? Como assim? Será que ele conhecia as minhas amigas? Mas por que machucaria os pais delas? Isso não fazia sentido, não pra mim, não tinha explicação, não conseguia entender. E infelizmente algo me dizia que ele não pararia tão cedo...
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O Drama de Luna (2° temporada)
Mystery / ThrillerE aí, quem já estava com saudade da Luna, do Bryan e de toda a turma? Pois é, eles estão de volta. Cinco anos se passaram desde que Luan morreu. Agora Luna tem 21 anos, é formada em Serviço Social e tem seu próprio abrigo, ela cresceu e amadureceu b...