Capítulo 26 - Matando a Saudade

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Fomos para casa da minha mãe completamente abalados. Resolvemos ir para lá, pois não queríamos ficar sozinhos naquele instante e também eu precisaria buscar as crianças.

Chegamos aflitos, nervosos e chorando muito. Mamãe e Cadu estavam na sala quando chegamos e se assustaram ao nos verem.

- Meu Deus! O que aconteceu com vocês? - Perguntou mamãe.

- Ela tá morta. Ela tá morta. - Disse meu irmão aos prantos.

- Quem? - Questionou Cadu.

- A Jessie. A minha namorada.

Max, Bryan e eu contamos o que havia acontecido, para desespero dos meus pais, que ficaram visivelmente assustados com o ocorrido.

Eu estava muito assustada também e abalada emocionalmente, não queria ir pra casa e ficar só com Bryan e três crianças. Eu morava em um condomínio e os porteiros sempre interfonam avisando quando alguém está subindo, seria meio difícil ele conseguir entrar no meu apartamento, mas daquele monstro eu não duvidava de nada, ele era capaz das coisas mais surpreendentes possíveis.

- Será que podemos dormir aqui essa noite? - Perguntei.

- Hey, é claro que sim. - Falou papai ao me abraçar.

Mamãe fez um chá de camomila pra gente beber numa tentativa de nos acalmar. Fez um pouco de efeito, pois após beber o chá eu consegui ficar um pouco mais calma. Assim que conseguimos parar de chorar, Louise e Naomy apareceram e abriram dois lindos sorrisos ao nos verem. Ambas correm na nossa direção, Louise pulou no meu colo e Naomy fez o mesmo com Bryan.

- Estávamos com saudade. - Disse Louise ao me abraçar fortemente.

- Também sentimos muita saudade. - Falei ao lhe fazer um pouco de cócegas na menina, que riu sem parar.

Ambas estavam lindas, pareciam terem crescido bastante desde a última vez que as vi, sentia falta delas correndo sem parar pela casa. Em seguida, aparecem Fred e May brigando como antes, os dois estavam tão distraídos que nem notaram a nossa presença. Sorrio ao lembrar de quando eu morava com eles, cheirinho de nostalgia, Analu também surgiu atrás dos dois.

- Alguém faz eles pararem? - Pediu a garota, parando em seguida e se pondo a nos ver. - Luna? Bryan?

Fred também ficou feliz em nos ver. Quando levamos as crianças, eles não estavam em casa, haviam saído com Cadu, por isso da surpresa e felicidade em nos verem, como se a gente não fosse seguido na casa deles.

- Posso saber o motivo da briga dessa vez? - Perguntou meu namorado.

- Ele arrancou a cabeça da minha boneca. - Disse a menina ao nos mostrar a boneca decapitada.

- Mas é só colocar de volta. - Peguei e encaixei a cabeça no corpo. - Não é motivo para brigarem.

- A gente sabe. - Riu Fred. - Mas estávamos com saudade de brigarmos que nem antes.

Maytê riu ao concordar com o garoto. Acabamos rindo também. Já nem lembrava quase do que havia acontecido minutos antes, ainda bem que lá em casa todo mundo dormia tarde, assim, podemos nos distrair um pouco. Mas pera, cadê os meus pinguinhos de gente?

- Estão dormindo. - Falou mamãe assim que eu perguntei por eles.

- Eles dormem cedo, hein. - Disse Analu.

- São pequenos, se cansam mais rápido. - Respondeu o meu namorado.

Nós dois fomos até o quarto, que antes era da May e agora era quartinho de hóspede. Olhamos aqueles dois serzinhos pequenos dormindo. Me aproximei cautelosamente da Brittany, e Bryan fez o mesmo com Elliott. Dei um beijo na testa da pequena que acordou e abriu um imenso sorriso, ainda bastante sonolenta.

- Vocês chegaram. - Ela disse ao agarrar seu ursinho de pelúcia e sem conter a alegria.

- Sim, chegamos. - Respondi.

Tentei conter a vontade de chorar, pois enquanto olhava aqueles olhinhos brilhantes, eu me pus a imaginar o que aconteceria se o mascarado tivesse nos matado, e se eu nunca mais voltasse pra casa? E se eu nunca mais os visse? Se não tivesse mais aquele sorriso ao chegar? Eles já tinham sofrido tanto nessa vida, não poderia fazê-los sofrerem mais. Não, o assassino mascarado não podia e não nos mataria. Eu precisava e eu ia cuidar daqueles crianças até eles terem bisnetos. Era assim que eu queria que as coisas acontecessem, e era assim que ia acontecer, custe o que custasse, nem que para isso eu tivesse que dar um jeito de matá-lo.

- Se divertiram bastante? - Perguntou Bryan.

Com um largo sorriso, Brittany acenou a cabeça positivamente. Nisso Elliott acordou e nos viu ali parados. Sorrimos para ele na espera de um sorriso que não aconteceu.

- Oi. - Falou.

- Oi, meu amor. - Eu disse ao lhe fazer um pouco de cafuné.

Ficamos com os dois até ambos pegarem no sono, o que não demorou muito para acontecer, e após isso fomos para o meu antigo quarto, que estava da maneira que eu havia deixado, mamãe falou que queria conservar tudo igual para quando eu dormisse lá sentisse que eu estava no meu quartinho, e foi o que aconteceu.

Nos deitamos na minha cama, ele esticou o braço e eu coloquei minha cabeça em cima dele. Ficamos olhando para o nada, em um completo silêncio. Eu queria dizer algo, mas não sabia o quê. Acho que com Bryan acontecia o mesmo.

- Vai ficar tudo bem. Esse infeliz ainda vai pagar caro por tudo isso. - Ele disse quebrando o silêncio.

- Como você tem tanta certeza?

- Não sei. - Fez uma breve pausa. - Só sei.

Bryan me deu um selinho me passando uma boa confiança. Ficamos mais um pouco em silêncio, até meu celular resolver tocar, o que era estranho, já que era um pouco tarde.

Pego-o. Número restrito. Olho para Bryan, que estava com tanto medo quanto eu. Atendo a ligação e coloco o aparelho em minha orelha direita, porém não digo nada.

- Olá querida Luna. - Dizia a voz distorcida. - Gostou de me ver hoje?

- Eu não te vi, seu infeliz. - Falei enfurecida. - Por que não mostra a cara, seu covarde? Deixa -me ver sua face, aposto que você é tão podre por fora como é por dentro.

- Calma honey, na hora certa você verá o meu rosto.

- O que você quer de mim?

- De você? Quero sua dor, teu sofrimento, teus gritos de pavor quando eu cortar todos os seus membros um por um sem anestesia, quero sua alma, sua vida.

Deixei o celular cair de tão apavorada que eu estava. Eu tremia e chorava muito, os dois ao mesmo tempo. Bryan me olhou surpreso e apavorado, e então pegou o celular.

- Deixa a gente em paz, miserável. - Falou se pondo a desligar.

Ele ia me fatiar viva que nem se fatia um pão. Ele queria me matar. Mas por quê? Por quê?

O Drama de Luna (2° temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora