Capítulo 4 - O Presente Assustador

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- O que é isso? - Perguntei sem crer naquilo que meus olhos estavam vendo.

- É um coração. - Respondeu Bryan tão apavorado quanto eu.

- Humano? - Pergunto.

- Não. - Falou mamãe. - Pelo tamanho, deve ser de algum animal.

- Meu Deus! - Digo incrédula. - Quem faria uma coisa dessas?

Nisso, Louise e Naomy apareceram preocupadas com o grito de mamãe.

- O que houve? - Perguntou Louise.

- Nada, nada. - Respondo tentando evitar que elas vissem o coração. - A mamãe se machucou, mas não é nada, podem voltar para o quarto de vocês.

As duas saíram meio desconfiadas. Mamãe, Bryan e eu não conseguimos imaginar quem havia feito isso. Minha mãe falou que o pacote com o coração estava na caixa do correio, mas que não tinha remetente, obviamente a pessoa não colocaria o nome no pacote para que soubéssemos de quem se tratava. E de repente, escutamos um barulho estrondoso vindo do pátio da nossa casa, nós três nos olhamos assustados e corremos para ver do que se tratava. Porém, quando fomos até a frente da nossa casa nos deparamos com um cachorro morto bem na porta de entrada, e o pobre animal estava com o peito aberto e sem o coração, mamãe e eu gritamos ao vê-lo, era horrível, pobre animal. A gente olhou para os lados para ver se víamos alguém, mas não tinha ninguém ali.

Fiquei tão assustada com tudo isso, nunca tinha visto uma coisa dessas, quem poderia ser tão perverso a ponto de fazer isso com um bichinho tão indefeso?

Quando Cadu e Nick chegaram em casa, contamos para eles o que havia acontecido e ambos ficaram bem preocupados, mamãe falou que aquele coração parecia uma ameaça de morte, mas quem poderia querer nos machucar? Luan já estava morto, e eu não acredito nisso de um espírito voltar e matar pessoas, pra mim essas coisas só existem nos filmes, ou será que não?

A noite quase não consegui dormir, só pensava naquelas cenas horríveis que vi horas antes e ainda tive pesadelo com aquilo. Então, alguém bate na porta do meu quarto, cubro a cabeça com meu cobertor, enquanto rezo um Pai Nosso.

''Mas que bobagem! Um assassino ou espírito não bateria na porta.'' - Penso.

- Luna... - Fala May ao abrir a porta do meu quarto. - Tive pesadelo de novo, tô com medo, será que posso dormir com você?

- Claro, meu amor. Venha...

May deita do meu lado e fica me olhando, como se estivesse pensando em algo.

- Eu não gosto desses pesadelos. - Ela diz. - Por que você acha que sempre sonho com a mesma coisa? Preferia sonhar com o Sócrates ou Platão, seria bem mais interessante.

- Eu sei, meu amor. - Digo. - É ruim mesmo ter esses pesadelos, mas sempre que tiver pode vir pra cá, que eu sempre terei um lugarzinho pra você na minha cama.

- Obrigada, Luna. - Fala ao me abraçar.

May dormiu cerca de meia hora depois, e eu ainda custei muito pra pegar no sono, dormi muito mal naquela noite só lembrando daquele presente horrível que mamãe havia recebido.

No dia seguinte, eu já estava bem mais calma, mamãe também, mas mesmo assim Cadu fez questão de tirar o dia de folga para ficar com ela, achei tão fofo da parte dele.

Estava chovendo muito, uma chuva que já durava umas 6h, aproveitei o tempo livre para ficar vendo filme com Bryan e Nicolá, como queria passar o dia todo com Bryan, mas nós dois trabalhávamos na parte da tarde, então isso não seria possível.

No caminho para o serviço, tenho a impressão de estar sendo seguida, pois por diversas vezes durante quase todo o caminho, vejo um carro preto pelo retrovisor, o que acaba me assustando, acelero e o carro atrás acelera também.

''Fudeu!'' - Penso.

Acelero mais um pouco até chegar ao abrigo, porém quando chego, olho pelo retrovisor novamente e o carro preto já não estava mais atrás de mim, havia desaparecido. Dou uma leve suspirada de alívio.

O dia no trabalho foi bem bom, porém um pouco cansativo. Havia chegado uma criança nova, a Sophia, ela tinha 6 anos e sofria maus tratos por parte dos pais, por conta disso eles acabaram perdendo a guarda da garota, que foi morar com os tios, mas ela era abusada pelo tio e ao contar pra professora, o tio foi preso, mas a tia bateu tanto na menina, que ela acabou fugindo de casa e foi encontrada pela Adrielly, nossa assistente social, que tirou a guarda dos tios e a levou para o abrigo. As vezes achava que eu não era capacitada para esse trabalho, pois cada vez que eu ficava sabendo sobre a história de uma criança nova, eu tinha que me controlar muito para não chorar, isso mexe com meu psicológico.

- Oi. - Falo para Sophia.

- Oi. - Ela diz cabisbaixa.

- Como está? Como se sente? - Pergunto.

- Triste.

- E por que está triste?

- Porque meus pais eram maus e não me quiseram, e meus tios também não quiseram ficar comigo. Por que será que ninguém me quer?

- Hey... - Falo. - Não diga isso, você sabe que não é verdade, acontece que eles não eram pessoas boas e não mereciam uma garotinha tão fantástica como você.

- Acha mesmo? - Me pergunta com um leve sorriso.

- Tenho certeza que sim. - Afirmo.

Nisso, a campainha tocou e eu fui atender, mas tive uma enorme surpresa ao abrir a porta e ver quem era.

- Você? - Pergunto surpresa.

O Drama de Luna (2° temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora