Capítulo 5 - A Figura Sinistra

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- Luna! - Ela diz ao me abraçar.

- Hey, o que houve, meu amor? - Perguntei.

- Não me quiseram, Luna. - Ela fala aos prantos. - Me descartaram depois de mais de um ano.

Olho para Adrielly, a assistente social, que estava visivelmente triste, e então, ela fala:

- Os senhores Gonzalez me ligaram essa manhã, falando que infelizmente não poderiam continuar com a Malu, pois a mulher está grávida de gêmeos e eles não dariam conta de três crianças.

- Luna, eu juro que eu nunca desobedeci eles, pelo contrário, sempre fiz tudo o que me pediam e eu disse que ajudaria eles a cuidar dos bebês.

Fiquei chocada com essa notícia, onde já se viu descartar uma criança como se fosse um guardanapo usado? Será que nesse um ano e meio eles não pegaram um carinho sequer pela Malu? Será que não foram capazes de amá-la? De se importar com os sentimentos da criança? E como eles fariam se ela fosse filha biológica deles e a mulher engravidasse? Jogariam fora a filha? Juro que não consigo entender quem consegue fazer esse tipo de coisa.

- Meu Deus! - Digo. - Como eles tiveram coragem? Não acredito que fizeram isso.

- Aí eu pedi pra eles me trazerem pra cá. - Falou Malu tristemente. - Queria pelo menos ficar com você.

- Oh, meu amor... - Falei ao lhe abraçar.

Tadinha da Malu, estava arrasada, não parava de chorar. Agradeci a Adrielly, que logo foi embora. Malu e eu nos sentamos no sofá e eu lhe abracei.

- Por que me devolveram, Luna? - Perguntou. - Achei que eles gostassem de mim, sempre me trataram com tanto carinho.

- Querida, infelizmente eu não sei. - Falei. - Mas pode ter certeza que logo, logo você será adotada novamente e será muito amada com uma família que cuidará de você por toda a vida.

- Obrigada, Luna. - Fala ao tentar conter o choro.

Eu estava com muita saudade da Malu, fazia muito tempo que eu não a vi, que ela não ia me visitar, mas eu não queria que nada disso acontecesse, ela não merecia isso, era um encanto de criança, dificil não se apaixonar por ela. Mas pelo menos agora a Malu estaria com pessoas que gostam dela de verdade.

Mais tarde, resolvi ir ajudar Cauã com o tema da escola.

- Eu não quero mais fazer essas merdas. - Ele disse.

- Vamos só terminar esse exercício e depois fazemos o resto. - Falei.

- Eu não quero! - Gritou.

- Ok, tudo bem, paramos por aqui. - Falei.

Ele se levantou, cruzou os braços e ficou de costas para mim.

- Me diga, o que você quer fazer? - Lhe perguntei.

- Nada. Quero ficar sozinho. - Falou agressivamente.

- Cauã...

- Me deixa, Luna! Por que está sempre pegando no meu pé? Não sou teu amigo e nem quero ser, aliás, eu nem gosto de você, então vê se me deixa em paz, sua chata.

Ele sai furioso, me deixando meio pensativa. Eu até entendia a reação dele, o menino havia sofrido tanto, não era de se estranhar a atitude dele.

Eu estava no meu carro indo pra casa, mas não tirava aquele dia da cabeça, estava morrendo de dó da Malu e do Cauã, espero que eles possam superar tudo isso em breve.

Eis, que de repente noto na minha frente uma figura que eu não sei o que era. Se tratava de uma pessoa (eu acho), que usava uma espécie de vestido preto com capuz na cabeça, uma máscara branca com dois buracos negros no lugar dos olhos e um buraco no lugar do nariz e uma boca sorridente e ele carregada uma foice grande. Me assusto tanto, que acabo perdendo um pouco o controle do carro e saio da pista, indo parar em um gramado, consigo parar o carro e quando olho para trás, a figura já não estava ali, olho para todos os lados, mas não o vejo.

- Oh, meu Deus! O que foi aquilo? - Me pergunto.

Com medo, volto pra estrada e acelero como se não houvesse amanhã. Estava muito assustada, sem entender o que havia acontecido. Olho pelo retrovisor, mas não tinha mais nem sombra daquela figura sinistra.

De repente meu celular tocou, olhei rapidamente e era Max. Aceito a chamada e coloco no viva voz.

- Fala. - Digo.

- Oi. Já tá em casa?

- Não, estou a caminho. - Respondo.

- Pilha em tomar um sorvete?

Penso por um instante e aceito, precisava tentar me distrair para passar o susto.

- Se quiser convida o Bryan pra ir junto. - Falou Max. - Faz tempo que não o vejo.

Após desligar a ligação, mandei uma mensagem para Bryan avisando que eu sairia para tomar sorvete com Max e o convidei para ir conosco, em seguida, ele me respondeu aceitando o convite.

Cerca de uns dez minutos depois eu cheguei na sorveteria, parei o meu carro na frente e entrei. Bryan já havia chegado, dei um selinho nele o cumprimentando e me sentei.

- E o Max? - Perguntei.

- Ainda não chegou, mas deve estar a caminho. - Respondeu. - Está tudo bem? Você parece preocupada.

- Aconteceu uma coisa hoje, mas prefiro esperar o Max chegar, assim conto só uma vez.

Max chegou em seguida e se sentou conosco. Nós escolhemos nossos sorvetes, e então, eu comecei a contar:

- Eu estava voltando do serviço hoje, quando me deparei com uma criatura estranha.

- Como assim? - Perguntou Bryan meio assustado. - Que tipo de criatura?

- Eu não sei. - Falei meio nervosa. - Estava todo de preto e usava uma máscara, ele estava parado no meio da estrada e carregava uma foice enorme, quase o atropelei, mas desviei e quando olhei novamente, ele já não estava.

- Meu Deus! - Falou Max. - Mas ele te fez alguma coisa?

- Não, só ficou parado na frente do meu carro, mas me deu muito medo, e ele usava uma máscara horrível, parecia psicopata de filme de terror, por um minuto pensei que ele fosse aparecer novamente e me matar.

- Ai, não diz isso, amor. - Falou Bryan ao me abraçar. - Mas quem poderia ser?

- Não faço ideia. - Falei. - Só espero nunca mais vê-lo novamente.

Quem era eu não sei, a única coisa de que eu sei é que aquilo foi muito estranho e assustador, não sentia tanto medo assim desde a última vez em que estive cara a cara com Luan. Seja o que for aquilo, espero nunca mais me encontrar com aquela coisa.

O Drama de Luna (2° temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora