Capítulo 11 - Uma Nova Chance

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Na semana seguinte, uma quinta - feira, eu estava voltando do serviço quando Bryan me ligou, ele me contou que a dona Paloma havia tentado me ligar, mas que não conseguiu, pois ela queria me comunicar que havia conseguido conversar com Elliott e Brittany e que as crianças haviam aceitado em nos conhecer melhor, gente, pensem na minha felicidade ao ouvir isso.

Peguei Bryan no trabalho dele e depois fomos em direção ao abrigo, estávamos tão felizes por saber que haviam nos dado uma segunda chance. No caminho acabamos parando em uma loja de brinquedos e compramos uma boneca, daquelas que fazem xixi, que vinha com penico, fralda e mamadeira e um carrinho de controle remoto.

Elliot e Brittany estavam sentados à mesa em uma salinha.

- Oi. - Falamos Bryan e eu.

- Oi. - Eles disseram.

Dessa vez dona Paloma e a diretora, Antonieta nos deixaram sozinhos com as crianças, que não pareciam nada felizes com a nossa presença.

- Trouxemos algo. - Falei.

Brittany arregalou os olhos super curiosa para saber o que tínhamos naquelas sacolas grandes, já Elliott nos olhos meio desconfiado.

- Isso é pra você. - Falou Bryan ao entregar a boneca para Brittany.

- Nossa, ela é linda. Eu sempre quis uma dessa. Obrigada. - Falou a menina com os olhos brilhantes.

- E isso é pra você. - Falei ao entregar o carrinho de controle remoto para Elliott.

- Uau! - Falou o garoto. - Que irado! Digo... Eu não quero, pode levar.

- Não gostou? - Perguntei.

- Hã... Ele é bonito, mas... Mas não devemos aceitar presentes de estranhos.

- Quer saber? Você está super certo. - Falou Bryan.

- Estou? - Perguntou o menino com ar de surpresa.

- Claro que sim. - Falei. - Mas nós não somos estranhos, vocês sabem nossos nomes, a gente sabe o de vocês... E puxa, compramos esses presentes especialmente pra vocês.

Elliott ficou um pouco em silêncio, parecia meio pensativo, acho que estava pensando no que fazer a respeito. Ele olhou pra gente e depois para a irmã.

- Aceita, mano, é feio recusar presentes.

- Tá bom. - Disse o menino. - Mas só porque ele é muito bonito.

Bryan e eu nos olhamos e esbanjamos um imenso sorriso. Acho que aos poucos estávamos conseguindo amansar a pequena ferinha, afinal, ele era só uma criança e já tinha sofrido tanto, tudo o que aqueles dois precisavam era de amor, carinho e compreensão.

Eles abriram seus presentes e nós brincamos juntos, Elliott ainda estava meio arredio, mas eu sentia que aos poucos ele estava deixando a gente se aproximar e isso já era um passo enorme.

Bryan e eu havíamos conversado anteriormente com Paloma e ela havia nos dito que conforme fosse a visita, a gente poderia levá-los para passear, caso os dois quisessem, e a gente estava tão ansiosos para isso.

- Olhem só... - Falei. - O que vocês acham da gente ir um dia ao cinema ou de repente em um parque de diversões...

- Parque? - Pergunta Brittany com os olhos arregalados como se fossem saltar do seu delicado rosto. - A gente nunca foi em um.

- Isso é um sim? - Perguntou Bryan.

- Talvez. - Falou Elliott ao cruzar os braços e se pondo a fechar a cara. - Podemos comer pipoca?

- Claro. -R espondi.

- E algodão doce?

- Também.

- E cachorro quente? - Perguntou ao abrir um pequeno e singelo sorriso.

- Tudo o que vocês quiserem. - Respondeu Bryan.

Elliott olhou para a irmã, que aguardava ansiosamente por uma resposta do menino. Logo, ele se pôs a olhar pra gente e então, disse:

- Acho que temos um acordo!

Bryan e eu nos olhamos sem conseguir conter o sorriso, e nos abraçamos. Eu estava tão feliz, queria abraçá-los, beijá-los, mas senti um pouco de receio, pois até onde eu sabia, os dois não eram muito de receber beijos e abraços de qualquer pessoa, não que a gente fosse qualquer pessoa, mas vai que pra eles a gente fosse...

Combinamos com a assistente social e com a diretora, que sairíamos com os dois no sábado. Ai, estávamos tão ansiosos.

Eu estaciono o carro na garagem de casa, e Bryan sai às pressas para ir ao banheiro. Olho para o seu Antenor que estava varrendo a sua calçada.

- Boa noite, seu Antenor. - Digo.

- Boa noite. - Ele fala ao me olhar seriamente.

Seu Antenor era o nosso vizinho, ele tinha por volta de uns 60 anos e era um homem muito estranho, estava sempre sério, não conversava com ninguém e nem tinha amigos, era um homem muito solitário, até onde eu sabia ele não tinha família, e dizem por aí que por volta do fim dos anos 80, ele perdeu a mulher e o filho de 2 anos em um triste incêndio, pois ele estava viajando à trabalho e sua esposa havia acendido uma vela após um apagão no bairro, só que durante a noite, a vela caiu provocando um incêndio, e os dois morreram. Seu Antenor ao saber disso se culpou tanto e tanto, pois no dia anterior da viagem, sua esposa chorou lhe pedindo que ele trocasse de emprego, ele tinha prometido que faria isso após a viagem, e dizem as más línguas que após isso ele ficou louco. Se isso é verdade ou não, eu não sei, nem Cadu soube me confirmar esses boatos, já que isso ocorreu muito antes dele se mudar pra essa casa, mas que o seu Antenor era pra lá de estranho, isso eu não podia negar.

- Hã... Acho que vai chover de novo. - Digo. - O tempo está estranho.

Seu Antenor para de varrer e me olha seriamente, como se tivesse me expulsando dali, e acho que ele estava. Sinto um certo arrepio do olhar dele e vou pra casa.

Assim que entro em casa vejo Analu deitada no sofá e mexendo no celular. Logo surgem Fred e Maytê brigando por algum motivo que eu não entendo.

- Hey, o que houve? - Pergunto. 

- Ele pegou o meu diário. - Disse Maytê.

- Nossa, que auê todo por causa de uma baboseira. - Fala Fred. - Aquilo só falava das suas notas na escola, do quanto você não me suporta...

- Ai, eu vou te matar, garoto. - Diz May.

Fred começa a correr pela sala e May corre atrás dele, será que esses dois não cansavam de brigar, não? Acabo parando -os.

- Hey! - Digo. - Fred, não foi legal isso, diário é uma coisa muito pessoal, não devemos ler as coisas de ninguém e se a May quisesse que você lesse, ela te mostraria, né?

- É, irmãozinho, vacilou. - Disse Analu.

- Tá bem, eu reconheço que pisei na bola. Foi mal. - Falou Fred. - Desculpa.

- Tá bem. - Falou May.

Os dois saíram, eu dei um beijo na testa de Analu e fui tomar banho. Eu ainda não acreditava que Bryan e eu sairíamos com os pequenos, estava tão feliz, a ansiedade estava a mil, mal podia esperar pelo sábado. 

O Drama de Luna (2° temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora