CAPÍTULO 5

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Salvatore 


O Relógio marca quatro e cinquenta e oito e Maria Clara ainda não chegou.

Não sei exatamente como me sentir sobre ela ser minha aluna, mas após sua mensagem surpresa aceitando as aulas e sua resposta sobre o que havia feito com que ela mudasse de ideia, eu tinha uma leve ideia sobre como tudo se desenrolaria. Eu precisava ser profissional. Ela também. Daria certo. Uma relação de professor e aluna, como qualquer outra. Seria fácil.

Ouço uma movimentação nas escadas que levam até o terceiro andar, onde ministro minhas aulas particulares, e observo uma Maria Clara completamente sonolenta e resmungona aparecer em meu campo de visão. Ela usa uma roupa de ginástica preta justa, que faz com que todas as suas curvas voluptuosas fiquem a mostra, e a camisa cavada não esconde absolutamente nada de seus seios cheios. Os cabelos cacheados estão espalhados ao redor de seus ombros numa cascata bonita e comprida e seus olhos felinos, quase amarelos, me encaram com irritação e cansaço.

Tenho vontade de sorrir porque ela é minúscula, sua cabeça mal alcançando meu ombro e estar tão mau humorada só a deixa fofa ao invés de ameaçadora. Mas é claro que não faço isso. Ela é minha aluna, amiga da minha irmã, muito mais nova do que eu e tem cheiro de problema. Tudo o que eu não preciso. Então ignoro seus seios bonitos, seu rosto exótico, os cachos castanhos e sua expressão amarga. Ignoro tudo porque é assim que tem que ser.

— Bom dia. — Falo, educado.

— Será um bom dia quando amanhecer. — Ela resmunga, franzindo o nariz pequeno em puro desagrado, mas parece se dar conta de que está em uma aula e que não foi obrigada a estar aqui, porque logo emenda — Desculpa. Péssimo humor matinal. Bom dia para você também.

— Comeu alguma coisa?

Ela nega com a cabeça.

— Não, tem tempo que não me exercito e não sei como meu estômago vai lidar com tanta movimentação cedo.

Eu me limito a concordar com a cabeça.

— Tire os sapatos. — Eu mando, indicando seus pés pequenos, que estão calçados com um tênis de corrida. Ela me olha com o cenho franzido, estranhando meu pedido, mas me obedece, ficando descalça em alguns segundos.

Ando até o centro do tatame e ela me acompanha a passos lentos.

— Sou uma pessoa objetiva, Maria, mas você já sabe disso. — Começo, observando seus olhos felinos que me olham com cautela.

- Eu exigirei apenas três coisas de você: comprometimento, seriedade e respeito. Apenas essas três coisas. Se você puder se comprometer com as aulas, ter seriedade durante as práticas e respeitar o tatame em que você pisa, então não há motivos para termos qualquer problema. Você acha que pode me entregar isso?

Ela me encara por alguns segundos e balança a cabeça rapidamente, concordando com meus termos. Parece estar falando sério, então apenas concordo.

- Que bom. Por isso te disse para ficar descalça. Não vou fazer perguntas sobre o seu passado, nem onde costumava treinar e o que costumava fazer. – Digo, e sua expressão surpresa e completamente aliviada me faz franzir o cenho. – Isso não me interessa. Só o que me interessa é o que você sabe fazer agora, os seus limites de agora e principalmente quem você é agora.

Ela pisca algumas vezes, mas concorda. As bochechas coradas e os cílios cheios deixando seu rosto concentrado ainda mais bonito.

- Vou te encaminhar uma ficha por e-mail e quero que você preencha tudo, serão apenas informações sobre seu histórico médico.

REDENÇÃO - Irmãos Fiori: Livro III - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora