CAPÍTULO 30

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SALVATORE


As coisas haviam voltado ao normal. 

Ou pelo menos, o mais normal possível. 

Agora, quase um mês após minha cirurgia, já posso andar normalmente. Meu médico havia desenvolvido uma nova técnica de recuperação, e se eu seguisse firme na rotina de fisioterapia, eu poderia voltar a treinar em breve. Eu vinha trabalhando de casa nas últimas semanas, sempre acompanhado por Maria, já que Natália estava se virando nos trinta para dar conta das filiais. Isso significa que passei os últimos trinta dias convivendo todos os dias com uma Maria solicita, amigável e protetora. Estamos de volta a nossa normalidade de implicâncias e carinho, mas ainda não havíamos conversado sobre nossos sentimentos. O que me parecia estúpido para caralho já que tudo em que eu conseguia pensar era em ter Maria em minha cama o mais rápido possível. E eu sabia que ela queria o mesmo. Estava no ar entre nós.

Porque eu estava apaixonado. 

Agora eu tinha abraçado a ideia com todo o meu coração. 

E estava feliz. 

Pela primeira vez em muito tempo, sinto felicidade genuína só de olhar para ela. Só de ter sua companhia. De escutar sua voz, sentir seu cheiro. 

Que meus irmãos e cunhados nunca me ouvissem. 

Deus que me livrasse de parecer um maricas apaixonado feito os idiotas. 

Mas é verdade. Não consigo tirar meus olhos dela. De cada movimento suave, de seu cabelo, os olhos que estão sempre curiosos, buscando mais. O coração resiliente. A forma que ela se estendia ao mundo. 

Ela era perfeita. Toda perfeita para mim. 

E era também uma ratinha traiçoeira, pois nas últimas duas semanas, ela vem se esquivando de mim como o Diabo foge da cruz. 

Os cochichos com Mariana, Nina e Aninha toda vez que estavam perto, seguidas de risadinhas e olhares em minha direção, assim como as expressões de desejo mal disfarçadas de Maria, me levavam a única conclusão lógica: Maria estava planejando alguma coisa. 

E é quando estou saindo do banho, secando meu cabelo com a toalha que escuto seus cochichos dentro do meu closet. 

- Eu sei, Aninha. - Ela resmunga. - Sei disso, mas você não sabe como tem sido difícil me esquivar. Parecemos muito mais próximos agora. Esse plano não vai dar certo. 

Eu me repreendo, dizendo a mim mesmo que devo respeitar sua privacidade, mas é pelo que ela diz em seguida que finco meus pés no chão e não ouso mexer um músculo. 

- Deixar Salvatore com ciúmes não vai funcionar, ele não tem paciência para joguinhos. - Maria diz, parecendo ansiosa, e quase posso ver seus olhos dourados hesitantes, enquanto morde a unha do dedão. 

Só então reparo no que ela acabou de dizer.

Maria queria me fazer ciúmes? 

Não consigo segurar o sorriso idiota que se espalha por minha cara. 

- Maria Clara Lima, - Ouço a voz autoritária de Ana, aquela que ela usava comigo quando queria me obrigar a fazer alguma coisa. É claro que ela sempre conseguia. Era minha princesinha. - Eu conheço homens como Salvatore. Ele precisa sentir que está te perdendo para cair em si. Você vai ver. É seu instinto macho alfa idiota. Você é território dele, está óbvio para todo mundo e pelo que você me falou, está óbvio para ele também. Agora você precisa ser esperta e usar isso contra ele. Apenas ciúmes saudáveis. Confie em mim. - Ana declara, parecendo muito orgulhosa e eu tenho vontade de rir. 

REDENÇÃO - Irmãos Fiori: Livro III - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora