REDENÇÃO - Irmãos Fiori: Livro III - COMPLETO

CAPÍTULO 31

MARIA CLARA 

Eu sabia que esse plano era a pior ideia de merda do mundo. 

Eu apenas sabia. 

Quando Nina me convocou em sua casa e disse que tinha um plano perfeito para colocar Salvatore de joelhos, eu deveria saber que não era uma boa ideia. 

Nina era passional demais. Enquanto seu irmão mais velho parecia controlar até mesmo a quantidade de ar que entrava e saia de seus pulmões.

E quando ela explicou toda a sua ideia de me fazer sair com alguém para deixá-lo com ciúme, eu deveria ter adivinhado que Salvatore não reagiria da forma que esperávamos. 

Com raiva, ciúme, indignação. 

Era isso que eu estava preparada para lidar. 

Não aquela tristeza em seus olhos. O semblante de quem acabou de ter os sonhos cortados pelas raízes. A distância para lidar com seus sentimentos. 

Desde quando Salvatore tinha virado aquela muralha sentimental que precisava de espaço para lidar com as coisas? 

Ele se trancou no escritório pelo resto do dia, e só apareceu para me entregar os documentos assinados que eu deveria entregar para Natália na manhã seguinte. Depois, ele me esmagou em um abraço com aqueles braços gigantes e deu um beijo em meu rosto que teve gosto de despedida. 

Ele estava abrindo mão de mim assim? Tão facilmente? 

- Você não pode desistir! - Nina disse, enquanto trançava o cabelo de Mariana, que estava sentada no chão da minha sala, fazendo caretas de dor. 

- Nina, ele não deu a mínima. Ficou triste, se trancou no escritório e depois me deu um abraço como se nunca mais fosse me ver na minha vida. - Reclamo, exasperada, me jogando no meu tapete macio. 

- E você não vê como isso é um avanço? Salvatore puto era previsível, mas Salvatore triste?! - Ela pergunta, antes de rir. - Meu amor, isso nunca! Ele está mais apaixonado do que pensávamos. Está sentindo a dor profunda de te perder. Você tem que continuar, agora sim o plano começa. Salvatore nunca aceita perder, Bela Merida. Nunca. Você pode ter certeza que ele não vai abrir mão de você assim tão fácil. 

Eu apenas bufei. 

Era uma péssima ideia. 

Péssima! 

Mas... Nina parecia ter tanta certeza, e Salvatore merecia uma lição por ter sido tão cabeça dura. 

E é por isso que na terça-feira, quando Matheus, um dos nutricionistas do complexo que sempre sorria para mim durante o almoço, se aproxima pela primeira vez e pergunta se eu gostaria de sair para jantar com ele no sábado, eu tenho que lutar contra todos os meus intinstos para dizer sim. 

Matheus era um cara bacana. E lindo de morrer. Cabelo preto bem cortado, olhos gentis e um sorriso amigável. Sem falar do corpo bem trabalhado que fazia cada mulher daquele complexo suspirar. Mas era amigável... Demais. Era tão inseguro que me fazia rir. Era fofo. Toda aquela ansiedade apenas para me chamar para sair. 

E de quem eu estava falando? Como se eu não ficasse um posso de ansiedade e anseio quando Salvatore vinha cheio de sorrisos e mãos para cima de mim. 

Estar apaixonado era um saco. Meio patético, completamente vergonhoso. 

Mas eu precisava seguir com o plano. E sair com Matheus era a parte crucial. 

O pior vinha agora. Ter que contar para Salvatore dos meus planos. 

Instigá-lo. 

Por isso, assim que saio da cafeteria após concordar de sair com Matheus e lhe passar meu número e vou direto para o escritório de Salvatore.