9. Manhã de natal

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DEZEMBRO DE 1837,

MANHÃ DE NATAL.

Não demorou para que, naquela manhã de natal, os gêmeos acordassem e decidissem invadir o quarto dos pais, pedindo se podiam descer e descobrir os presentes que o Papai Noel havia trazido para eles. John havia pedido um taco de golfe como o do pai e Agatha queria muito mais um cãozinho de estimação – um dálmata desta vez.

Quando a família desceu para a sala de estar, todos ainda em seus pijamas, Tessa já sabia o que encontraria no espaço em que estava a árvore montada no dia anterior. Mesmo que ela e Henry não tivessem conversado sobre aquilo, ela conhecia o marido muito bem para saber que os pedidos dos filhos seriam prontamente atendidos, pois nenhum dos dois conseguia mesmo dizer não para os gêmeos.

Em seus pijamas especiais natalinos de tricô – presente de Margot, que deixava as crianças uma fofura, na opinião de Tessa –, John e a irmã empurraram a porta da sala de estar e entraram correndo, olhando diretamente para os pés da árvore, onde uma pilha de presentes se fazia visível. Da lareira da dala de estar até a árvore, havia uma trilha de grandes pegadas que foram seguidas pelos dois e pelos seus primos também, que acabavam de chegar, e enquanto todas as crianças exploravam o caminho percorrido pelo Papai Noel, seus pais assistiam à cena com sorrisos nos rostos. Levi e Charlote haviam sido os responsáveis por prepararem aquilo tudo e Henry só tinha trazido o presente de Agatha, que tinha ficado sob os cuidados de um criado, escondido desde que chegaram ali.

- O meu cachorrinho! – A menina exclamou ao ver o animal todo branco com pintinhas pretas, deitado em uma pequena cama ao lado da pilha de presentes, e se virou para os pais. – O Papai Noel me deu um dálmata!

Tessa e Henry trocaram um olhar cúmplice, sorrindo.

- Cuidado com ele, querida. – Henry avisou, seguindo para junto de todas as crianças, que já se reuniam ao redor do animal, mal se importando com qualquer outro presente. – Seu novo amigo ainda é muito pequeno e pode se machucar fácil.

O pequeno cão já estava nas mãos de Agatha, que acariciava o pelo macio e descobria a coleira cor de rosa que ele tinha. A menina só ficou ainda mais feliz ao notar que até aquilo o Papai Noel acertara, era uma fêmea!

- Pela expressão de Frederico, nós também teremos que encontrar um dálmata em breve... – Levi comentou.

- Ele já tem muitos cães em casa. – Charlote vetou aquilo, mas seu olhar sobre o filho deixava claro que, se o menino pedisse, teria um dálmata também.

Levou meia hora para que as crianças se lembrassem que o cão não era o único presente ali e decidissem abrir os embrulhos, mas o cão não saiu do meio deles quando todos se sentaram no tapete da sala de estar e os pais distribuíram os presentes conforme os nomes nos bilhetes, todos eles dando suas opiniões para o nome do pequeno animal.

Frederico ganhou uma bola, que tão logo foi aberta já tinha sido chutada contra uma parede; Marjorie e Olívia ganharam as bonecas gêmeas que haviam pedido tanto; John ganhou seu taco em tamanho especial e todos estavam muito felizes. Então Charlote teve que explicar que Charles ainda era pequeno demais para saber o que queria pedir ao Papai Noel e que, por isso, não tinha ganhado nada, afinal ele só trazia presentes para aqueles que pediam em cartas, e que o caçula não tinha ficado sem presente por ter sido malcriado naquele ano.

Todos os outros presentes também foram entregues, como aqueles de Margot para os netos ou os que os tios haviam mandado, tudo regado à mais biscoitos de gengibre, pois ninguém conseguia fazer as crianças se levantarem dali para um desjejum comum à mesa.

As cartas do marquêsOnde histórias criam vida. Descubra agora