1. O lançamento

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DEZEMBRO DE 1837,

"NÃO HAVIA NINGUÉM QUE MERECESSE MAIS"

O som das palmas ecoou por todo o enorme hall da Livraria Trevallon, no centro de Lamero. Do lado esquerdo de Tessa, Levi aplaudia com um enorme sorriso e, do lado direito dela, Henry também acompanhava a salva de palmas, mas ninguém ali parecia mais feliz do que o cunhado de Tessa. Do outro lado de Levi estava Sarah, que também tinha um sorriso feliz nos lábios e aplaudia, Sam estava ao lado de Henry e Margot estava sentada com Nate e Elisa na fileira do outro lado do pequeno corredor.

Com um sorriso que mal cabia em seus lábios e lágrimas escorrendo pelo rosto, Charlote agradecia as palmas das pessoas reunidas ali para aquela leitura coletiva de lançamento. Depois de tudo que havia passado no primeiro casamento e de ter se distanciado da família, Charlote voltara a ser mais como ela mesma, com a ajuda de Levi. Tessa admirava a relação dos dois e via a forma como sua irmã mais nova havia amadurecido naqueles últimos anos, não só se tornando uma mulher, mas desabrochando para a felicidade. E Levi apoiava cada passo do caminho dela, Tessa sabia, ele tinha incentivado a esposa a começar a escrever seus próprios romances, como ela sempre sonhara, e estivera ao lado dela quando Charlote assinou o primeiro contrato, comemorou com ela quando a primeira remessa toda do romance de estreia de Charlote esgotou na primeira semana, Tessa assistiu aos dois juntos em vários outros lançamentos e comemorações, recebia as cartas da irmã e nunca, em nenhuma delas, Charlote dizia algo minimamente desagradável sobre seu marido.

E não havia ninguém que merecesse mais aquele amor e aquele apoio do que Charlote. Ela tinha sonhado muito com aquela vida que agora levava.

Aquele romance, em especial, era muito importante para a irmã, Tessa sabia. Depois de muitos lançamentos nos últimos anos, com Charlote colocando no mundo os personagens que sempre estiveram em sua mente, ela tinha tomado a decisão de escrever um romance inspirado na sua história com Levi. Não era uma autobiografia, nem todos os detalhes eram iguais aos acontecimentos da vida dos dois, mas havia muitas informações na base da história que tinham saído da história dos dois. E Charlote parecia muito feliz em colocar algo relacionado ao marido naquilo que era a sua paixão mais antiga, os livros.

Várias das pessoas presentes foram à frente para receberem autógrafos e a família esperou que ela tivesse seu momento com os leitores. Charlote optara por não usar um pseudônimo nas publicações, ela queria ter o contato com os seus leitores e poder conversar pessoalmente com eles, saber sobre as formas que suas histórias os tocavam, e nada parecia deixa-la mais em êxtase do que toda aquela agitação e todos os sorrisos que recebia.

Assim que os leitores todos se despediram e apenas poucas pessoas sobraram ali, Margot foi à frente para abraçar a filha, orgulhosa, e Tessa ficou ali, ao lado de Sarah, quando Levi também se juntou à esposa para parabeniza-la. Tessa passou o braço pelos ombros da caçula e a puxou para perto de si, preocupada com a expressão de Sarah.

- Tudo bem com você? – Perguntou ela. – Parece tensa.

Com Sarah morando no continente nos últimos anos para realizar seu sonho de cursar a universidade, a relação das duas se estreitou bastante e Tessa tinha se tornado quase mãe de Sarah. As duas passavam muito tempo juntas, principalmente depois da mudança de Simon, que deveria retornar apenas naquele fim de mês, depois de concluir sua formação também. Sarah havia se formado há alguns dias, era uma médica formada agora e toda a família estivera reunida também para vê-la receber o diploma da Escola Real de Medicina.

- Tem como não ficar tensa? – Sarah questionou com um sorriso forçado. – Estou me sentindo uma pilha de nervos desde a minha formatura.

- Por que? – Perguntou Tessa, curiosa. – Se agora é formada, as coisas tentem a ficar mais fáceis e não mais difíceis para você.

As cartas do marquêsOnde histórias criam vida. Descubra agora