Carta 7

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Querida Tessa,

O aniversário de dois anos de casamento é o meu preferido.

Não só por ser chamado de bodas de algodão, que simboliza a fragilidade e a leveza dos primeiros anos de uma união e todo o seu potencial de se tornar algo fortificado e duradouro, mas também é o meu preferido, no nosso caso, pois foi quando realizamos nosso sonho de irmos para a Escócia. Os seus sonhos se tornaram meus também e, de tanto pensar sobre aquilo e falar com você a respeito, passei a desejar conhecer a Escócia também.

As coisas estavam melhores para Dempster naquele ano e poderíamos ter a oportunidade de fazer aquela viagem. Era mais uma das surpresas que eu tinha preparando para você. Talvez eu tenha me tornado um viciado em surpresas naqueles dois anos de casamento e a culpa é toda sua, pois sua expressão de agrado ao receber presentes e ser surpreendida era viciante. E eu também gostava muito de quando me recompensava por cada surpresa na cama.

Com o cotovelo, abri a porta do nosso quarto, empurrando-a com o tronco e entrando com a bandeja em mãos. Eu tinha acordado mais cedo para preparar aquele café da manhã, a primeira surpresa do dia que estava totalmente recheado delas. Você estava sobre a cama, usando uma camisola diáfana e com os cabelos soltos, minha imagem preferida ao começar o dia. Meu sorriso foi retribuído por você, que se sentou sobre a cama, e eu me aproximei, colocando a bandeja sobre a cama e me inclinando para beijá-la.

- Bom dia. Sabe que dia é hoje? – Perguntei, me sentando perto de você.

Seu semblante demonstrou confusão por um milésimo de segundo.

- É claro que sim. – Respondeu com um sorriso.

Você mentia muito mal. Ainda mente. É bom que treine mais isso. Sua testa forma uma ruguinha entre as sobrancelhas, quase imperceptível, mas que te denuncia.

- Eu entenderia se tivesse esquecido, anda tão ocupada ultimamente. – Falei, sendo sincero. – Mas eu não esqueci. Planejei algumas coisas para nós dois fazermos hoje.

Você vinha trabalhando muito com a minha mãe nas últimas semanas. Ela estava organizando uma recepção e você era a escrava pessoal dela. E por mais que eu insistisse para que ela não pegasse pesado com você, Susan não ouvia ninguém.

- O que você planejou? – Você perguntou com curiosidade.

- Começamos com o café da manhã na cama, depois temos algumas horas vagas pela manhã, um almoço especial no nosso restaurante preferido da cidade, então voltamos para casa para fazermos as malas e pegarmos o navio ao fim da tarde.

- Malas? Navio? – Dava para notar que estava curiosa e animada com aquilo. E, como um viciado, me vi feliz com aquilo. – Para onde vamos?

Tenho certeza de que meu sorriso denunciava que também estava muito empolgado com aquilo.

- Eu queria fazer uma surpresa especial para o nosso aniversário de dois anos de casamento e, como não tivemos uma viagem especial de lua de mel, pensei em leva-la para o lugar que sonha em conhecer. Era para ser surpresa, mas você verá os bilhetes do navio e descobrirá de qualquer forma, nós vamos para a Escócia.

Adorava vê-la sem palavras e, enquanto me encarava daquela forma surpresa e incrédula, sorri abertamente.

- Está falando sério?

- Eu nunca brincaria com os seus sonhos, meu amor. – Garanti com um piscar de olhos.

Sua reação foi um impulso de se jogar em meu pescoço, abraçando-me enquanto ria e me agradecia. Seus braços me apertavam e sua boca depositava beijos por todo o meu rosto. A abracei de volta, inspirando seu cheiro.

As cartas do marquêsOnde histórias criam vida. Descubra agora