Querida Tessa,
Eu pensava que sabia o que era estar apaixonado, mas estava enganado, mais uma vez. Aquele primeiro ano do nosso casamento serviu para intensificarmos tudo, meus sentimentos cresciam mais a cada dia e eu passava cada segundo pensando em poder voltar logo para casa e vê-la, estar com você.
Minha mãe não demorou em torna-la sua pupila e você parecia gostar de estar com ela, cumprindo aquelas obrigações de marquesa, mas eu ainda ficava sempre de olho, cuidando para que Susan não passasse dos limites. Sabia que minha mãe era rígida e que a testava a cada segundo, e assistia com um sorriso a cada vez que ela retornava para Dempster House e reclamava que você era perfeita, o que provava que sua reclamação não fazia sentido nenhum, e meu pai me acompanhava com as risadas enquanto ela ralhava sobre aquilo.
A relação com meu pai tinha mudado também naquele ano, depois de conhecer mais sobre o passado dele, e nós passamos a ter uma relação mais aberta, eu passei a vê-lo diferente e ele também me via de outro modo, com mais respeito pelas minhas opiniões e sugestões. Nós estávamos melhores do que nunca e, apesar da chata insistência dele para que nós tivéssemos logo os herdeiros de Dempster, eu estava gostando daquela nova dinâmica.
Baker House, com seus sofás, mesas, estantes e tantos outros móveis bem que eram testemunhas de que nós estávamos praticando com muita constância para que tivéssemos nossos herdeiros, mas eu gostava de ter você só para mim por aquele tempo e achava que podíamos esperar mais algum tempo para que a família crescesse. Não nego que, no início do casamento, tive receio por ser inexperiente no quesito sexual, mas isso não foi problema para nós e eu me sentia muito bem em fazer todas aquelas descobertas ao seu lado, Tess. Às vezes ainda acho que éramos, e ainda somos, intensos demais nesse quesito, mas não posso mudar o fato de que desejo minha esposa e, se você me deseja do mesmo modo, não há motivos para vergonhas.
Estava ansioso para aquela noite, o nosso primeiro aniversário de casamento. Vinha pensando desde que nos casamos que queria leva-la para a Escócia, era seu sonho, mas ainda não poderia ser naquele ano, pois meu pai não estava muito bem com todos os seus compromissos e, naqueles últimos meses, eu estava assumindo muitos de seus deveres, mas esperava que pudéssemos realizar seu sonho no próximo aniversário de casamento, teríamos muitos ainda para comemorarmos.
Como não poderíamos fazer a viagem, escolhi algo mais simples para aquela noite. Ficaríamos em casa, teríamos um jantar especial e passaríamos todo o dia seguinte na nossa cama. Estava ansioso para que visse seu presente, gostava de ver seus olhos brilharem ao ganhar o que quer que fosse, um simples bolinho confeitado ou uma joia que custava mais que uma casa. A sua simplicidade ainda era o que mais me encantava. E isso não mudou em todos os vinte anos de casamento.
O olhar atravessado que recebi da minha mãe quando pedi que a enrolasse um pouco mais naquele fim de tarde foi totalmente ignorado por mim. Ela podia não gostar muito daquilo, mas me ajudou para que eu pudesse organizar toda a surpresa para aquela noite.
E quando você chegou em casa, depois de alguma reunião sobre alguma coisa que minha julgava ser muito importante, você nem desconfiava do que a aguardava. Seu primeiro presente tinha sido entregue naquela manhã, um traje completo para o nosso jantar daquela noite, e você parecia feliz apesar de ter passado o dia com Susan Baker. Aproveitei enquanto tomava seu banho para trocar minha roupa, um traje totalmente formal, e esperei por você até que estivesse pronta.
- Vamos jantar com a família real? – Você indagou, divertida, ao sair do quarto de vestir com o presente que recebeu pela manhã e me ver totalmente formal também.
Eu sorri, admirando a imagem que tinha. O vestido era vermelho, com um decote profundo, tinha o busto colado e era todo cravejado em pedras vermelhas. Maitê tinha me ajudado a escolher o modelo e ele combinava perfeitamente com as luvas e todas as roupas de baixo também. Seus cabelos estavam em um penteado mais solto, enrolados, e você usava maquiagem. Estava sem joias.
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As cartas do marquês
Historical FictionConto especial de "Amor esquecido" - Os Hildegart. Em 1817, Henry Baker se apaixonou assim que colocou os olhos em Tessa Hildegart. Seus planos para uma vida mudaram por conta disso e ele se viu vivendo um conto de fadas ao lado da senhorita que o e...