Mãe De Anjo

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• pov. Gizelly •

1 semana depois.

Uma semana havia se passado desde a nossa perda.

Uma perda dolorosa demais.

Rafaella não quis ficar na sua casa depois de receber alta da clínica, assim que entrou no seu quarto ela se jogou de joelhos no chão e um gritou entre o choro compulsivo.

Um grito de dor.

Decidi levá-la pra minha casa e passei esses dias com ela, dona Helena havia me dado folga.

Eu odiava ver ela chorando, mas eu sabia wue era preciso deixar ela se permitir a sentir a dor do processo de luto. Eu sabia que ela nunca ia passar, mas a ajudaria diante dessa situação. A perda de um filho era uma dor insuportável e a reconstrução só se torna possível quando ela tem a liberdade de expressar sua dor.

"A perda de um filho não se pode curar" eu ouvia muito isso e agora eu que estava nesse papel de perda.

Me sentia destruída. Destruída por ter perdido meu filho. Destruída por ver Rafaella também destruída.

A dor se transformaria em uma nova parte da nossa vida e nós duas íamos ter que aprender a lidar com isso e com esse sentimentos. O que não seria fácil.

...

2 semanas depois.

Mais uma semana havia se passado e a dor não doeu menos. Mas, mas eu estava me esforçando para não chorar na frente de Rafaella.

Preferia chorar sozinha.

Quando eu estava na presença da minha namorada, eu a deixava apenas falar e colocar sua dor pra fora de alguma forma. Agarrada em meu colo, ouvindo seu choro dolorido todos os dias, eu me mostrava forte por ela, a dando todo o meu apoio e compreensão.

Mesmo que por dentro eu estava igual ela.

...

• pov. Rafaella •

1 mês depois.

Hoje fazia um mês daquela madrugada de quinta-feira que acordei sentindo dores horríveis, mas a dor pior veio depois.

A perda do meu filho.

O impacto da perda havia atingido não só meu corpo, mas principalmente, minha mente e meu coração.

Quando descobri que estava grávida, eu amei meu bebê desde o primeiro segundo, senti uma felicidade absurda.

Uma felicidade impossível de por em palavras.

E quando fui fazer meu primeiro ultrassom e ouvi seus batimentos cardíacos, eu não soube descrever a sensação maravilhosa.

Eu estava gerando uma vida dentro de mim. Ele era uma parte de mim.

Eu estava gerando meu filho com Gizelly.

E meu mundo caiu quando em vez de ouvir seus batimentos cardíacos outra vez. Apenas o silêncio.

Meu coração ficou destroçado.

Um buraco no peito.

Nada mais fazia sentido.

Meu bebê que estava sendo esperado com tanto amor, já imaginava cada momentinho com ele.

Mas não pude tê-lo em meus braços.

Mesmo ele não ter nascido. Eu senti ele.

E agora ele estava no céu junto de Deus.

Eu era mãe de um anjo.

Meu eterno anjinho.

...

Boa noite meu amores, tudo bem?

Trazendo uma att pra vocês. Aos poucos tudo vai se acertando e melhorando ok?

Entre Laços, e CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora