Em Casa

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• pov. Gizelly •

Um mês já tinha se passado desde que meus trigêmeos tinham nascido. Rafaella recebeu alta no dia seguinte, e desde então nós duas vínhamos na clínica ficar com nossos filhos.

Toda vez de irmos embora, Rafaella chorava por não pode levá-los pra nossa casa, eu me segurava por ela, mas confesso, que doía a mesma proporção em mim.

Graças à Deus os três estavam se desenvolvendo muito bem, ganhavam o peso adequado, e após uma semana que estavam na UTI, eles conseguiram sugar o peito de Rafa.

Foi a coisa mais linda de se ver, Rafaella ficou toda feliz sem conseguir conter as lágrimas de emoção.

Tinha dois dias que eles não dependiam mais do oxigênio. Tudo estava se encaminhando bem.

Meus pais, minha sogra, Bia e Mari os conheciam apenas pelo vidro já que não tinham permissão para entrar na UTI. Depois de uma semana meu pai voltou pro Espírito Santo pra cuidar da fazenda e minha mãe está com a gente desde então.

...

Era mais um dia que havíamos acabado de chegar na clínica.

Já estávamos na UTI e Rafaella amamentava Lavínia que sugava seu seio com toda força.

- Eu tenho uma ótima notícia pra vocês. Marcela disse ao entrar na UTI.

- Oi Marcela, tudo bem? perguntei.

- Tudo sim, e vocês como estão?

- Estamos bem.

- E você Rafa, como está se sentindo?

- Estou bem, tirando essa flacidez. falou.

Ela estava muito incomodada com seu corpo pós-parto. Mas a Marcela já tinha liberado alguns exercícios pra ela quando completou 15 dias de resguardo.

- Aos poucos vai voltando, lembre-se que seu corpo teve uma mudança por meses e agora pra voltar não vai ser da noite pro dia, você precisa ter paciência. Marcela disse com um jeito terno.

- Eu sei. Rafa assentiu.

- Hoje tem 30 dias, então vou avaliar sua recuperação pós-parto e o seu estado de saúde em geral novamente.

- E qual é a ótima notícia que você tinha pra gente? perguntei.

- Bom, fizemos outros exames nos três pata avaliá-los e os resultados continuam ótimos, eles estão conseguindo mamar no peito, conseguem manter sua temperatura corporal, estão ganhando peso de forma estável e não precisam mais da ajuda do oxigênio para respirar, então... ela fez uma pausa.

Meu coração já estava cheio de esperança.

- Eu vou dar alta para eles, vocês poderiam levá-los para casa. ela disse com um sorriso gentil.

- Sério? perguntei sem acreditar.

- Sim, eles estão saudáveis. ela disse.

- Ouviu meu amor, você e seus irmãozinhos vão pra casa com as mamães. Rafa disse passando o dedo devagar no rostinho de Lavínia.

- Obrigada meu Deus! agradeci.

Era impossível por em palavras a minha felicidade nesse momento.

Quando Lavínia ficou satisfeita, Rafa amamentou Valentina e Matteo juntos. Às vezes os horários deles eram iguais para a fome e outras necessidades.

...

Ficamos na sala com Marcela quase uma hora mais ou menos, depois da consulta de Rafa, ela nos passou os devidos cuidados com nossos filhos, como eles haviam nascidos prematuros, tinham que ter um pouco mais de atenção que um bebê à termo, mas já estavam prontos para a vida normal, sem aparelhos graças a Deus.

- Bom, já que seu resguardo acaba daqui 10 dias, vou te receitar esse anticoncepcional já que vão estar liberadas para namorar né? Marcela disse rindo.

- Se der tempo de namorar né? eu disse e Rafa me olhou me repreendido. - Menti? Vai ter que ser umas rapidinhas de 10 segundos. falei brincando só pra implicá-la e ela me deu um tapa.

- Para. falou séria.

- Parei.

Voltamos nossa atenção a Marcela que nos olhava com um sorriso gentil no rosto.

- Realmente no começo a rotina de vocês vai mudar muito, mas aos poucos vocês conseguem administrar o tempo dos bebês para ter o de vocês. ela disse e nos assentimos.

- Obrigada Marcela, por tudo que fez pelos meus filhos. Rafa disse.

- Não tem o que agradecer, tudo que eu faço é com amor, amo crianças. ela respondeu.

- Mas são poucos os médicos que são carinhosos e cuidadosos e sempre tem  um tempo para as mães e os pais que ficam aflitos por alguma situação que estão passando com os filhos.

- Nisso eu concordo com você, mas além de médica, eu sou mãe também e fico com o coração apertado quando tenho que dar uma notícia não muito boa para os pais, ou quando a mulher tem um aborto ou perde o filho no parto, eu tento fazer o meu melhor a cada dia.

- E acredite você faz. falei e ela sorriu terno.

- Bom, eu vou assinar a alta dos trigêmeos e o Pedro vão levar vocês pra casa.

- Eu vim no meu carro Marcela, não precisa se preocupar, vou lá em casa buscar minha mãe pra ela ajudar a Rafa com nossos filhos.

- Como preferir. ela falou.

- Vou lá rapidinho amor, já estou voltando tá? falei desviando meu olhar pra Rafa e ela assentiu.

...

O caminho de ida e volta da minha casa a clínica foi de 30 minutos.

Ao entrarmos, avistei Rafaella com Lavínia e Valentina no colo, Marcela estava com Matteo.

Sorrir de orelha a orelha.

- Oi coisa linda, a vovó tava doida pra pegar esse neném. minha mãe disse pegando Matteo dos braços de Marcela.

- Bom, não se esqueça de voltar daqui 15 dias tá bom? Marcela falou pra Rafa.

- Ok, estaremos né meus amores.

- Qualquer coisa é só me ligar ou mandar mensagem.

- Obrigada, dá tchau pra titia Marcela, depois a gente volta. Rafa falava brincando com as duas em seu colo.

- A titia vai ficar esperando, vão com Deus e tudo de bom pra vocês. ela disse.

- Obrigada! Rafa e eu agradecemos.

Acho que um simples "obrigada" não vai ser suficiente para agradecê-la. Marcela foi anjo para os meus filhos.

...

Chegamos em casa com o coração grato e feliz.

Foi um mês de preocupação, aflição e medo. Um mês de que alguma coisa pudesse acontecer. Um mês que voltávamos pra casa deixando nossos pequenos na clínica.

E hoje graças à Deus, eles vieram com a gente.

Hoje começaríamos uma nova fase. Com eles em casa.

...

Depois de 84 anos escrevendo, apagando e reescrevendo, a att veio. ✌

Entre Laços, e CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora