Cap. 8 - De volta à realidade

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*Dipper*

O beijo dele é delicado e doce. É a primeira vez que beijo alguém, mas parece que ele sabe o que está a fazer.
Espera um pouco, ele continua a ser o Bill! O demónio que está a destruir a cidade e a aterrorizar a minha família! Mas, se é assim, porque ele me beijou?

Quebro o beijo, um pouco assustado e abro os olhos. Já não estava naquele cenário negro. Agora, estou na cama do quarto que Bill me deu, com ele por cima de mim, olhando-me nos olhos. Ele parecia preocupado.

– Estás bem, Pinheiro?

Meu rosto parecia um tomate de tão vermelho que estava. Não só pela posição em que estávamos e a maneira como me olhava, mas também por causa do que aconteceu no meu sonho.

– Eu... eu estou bem, porque te estás a preocupar comigo?

– Posso ser um demónio, mas eu tenho um coração. E preocupo-me com quem quero.

Ele saiu de cima de mim e sentou-se ao meu lado. Como eu continuava acorrentado, não podia fugir, então sentei-me também.

– Podemos falar sobre o que aconteceu no teu sonho?

Será que ele estava a falar do beijo? Por mais que meu rosto estivesse a voltar ao normal, minhas bochechas continuaram rosadas.

– So-sobre o que queres falar?

– Quem eram aquelas pessoas?

Quem?

– Que pessoas?

– Aquele homem e aquela mulher, que estavam a gritar contigo.

– Ninguém em especial.

– Pinheiro, eram os teus pais?

Como ele sabia? Pensei um pouco e suspirei antes de responder.

– Sim, eram.

– Tens problemas com a tua família, é isso?

– Pode-se dizer que sim. – Respondi, cabisbaixo.

– Eu entendo, não te preocupes. Eu sei o que é ter problemas com a família.

– Sério?

Do que ele estava a falar? Pensei que ele não tinha família.

– Sim. Antes de me tornar um demónio sociopata que destrói dimensões inteiras, eu era apenas uma criatura pequena de uma dimensão longe daqui. Nunca conheci a minha mãe e meu pai obrigava-me a mim e aos meus irmãos a treinar para sermos mais fortes. Até que houve um dia que meus poderes se descontrolaram e destruí a minha dimensão, junto com o meu pai. Desde então não voltei a ver os meus irmãos, acho que me odeiam.

– Tens irmãos?

– Sim, Will, Kill e Bia.

– Eu também discuti com a Mabel antes de tudo isto começar. Só que tenho a certeza que ela não me odeia.

Ele ficou calado por algum tempo. Este silêncio era deprimente. Decidi quebrar este ambiente e, com alguma dificuldade, consegui abraça-lo. Quando fiz isso, senti Bill sobressaltar-se.

– Não me vai fazer mal, pois não? – Perguntei.

– Claro que não, porque o faria?

– Se mantiveres os teus monstros afastados da minha família e não lhes fizeres mal, eu aceito o acordo.

Porque eu disse isto?

– Sério? Combinado então. – Ele estendeu a mão, que se encheu de chamas azuis. – Só precisas de apertar a minha mão.

Pensei um pouco, mas aproximei minha mão da dele. Quando a apertei para selar o acordo, senti a sensação incrível que estar dentro de fogo sem me queimar, que antes só tinha sentido uma vez. Senti uma forte dor de cabeça, que me levou lágrimas aos olhos. Seja lá o que estivesse a acontecer, estava a doer demais. Não aguentei e soltei um grito de dor, porque a cada momento a dor aumentava.

– AAAHHHHHH!

Bill pareceu dizer algo, mas não importa o que me dissessem, eu só conseguia ouvir um zumbido irritante, que me atravessava o cérebro de um lado ao outro. De repente minha vista escureceu, como se me tivessem colocado uma venda, e então desmaiei.

Eternamente meuOnde histórias criam vida. Descubra agora