Cap. 18 - A cicatriz

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Aviso: Este capítulo tem referências a suicídio, abuso e a  "cenas adultas".

*Dipper*

O seu corpo era bastante bonito. Seus músculos não eram muito grandes, mas eram definidos. A sua pele bronzeada era suave e quente. Senti o meu rosto queimar.

Ele começou a tirar minhas calças de uma forma lenta e excitante. Eu apenas pude cobrir meu rosto com meus braços.

– Pinheirinho? – Perguntou Bill, desenterrando meus olhos.

– Hm?

– Entendo. Este não é o melhor lugar para fazer isto. O chão é duro, deves estar desconfortável.

Surpreso, olhei para ele diretamente, descobrindo meu rosto.

– N-Não, não é isso! Eu-Eu já fiz em azulejos frios, por isso está tudo bem em relação a isso!

O rosto dele pareceu ficar mais escuro.

– Eu quero o melhor para ti, Dipper. Se não estiveres confortável, não continuo. – Ele usou o meu nome, realmente estava a falar a sério!

– Eu já disse que estou bem, realmente! Não faz mal se usarmos o chão como cama.

Bill desviou o olhar.

– Mas eu... eu queria que a nossa primeira vez fosse especial... – só agora reparei que suas orelhas estavam vermelhas.

– Então, o que sugeres? – Perguntei.

– Há algum dia em que os teus tios não estejam na Cabana?

Naturalmente, o meu quarto seria o lugar onde me sentiria mais confortável.

– Eu... vou ver sobre isso.

– Leva o teu tempo.

Ele voltou a olhar para mim, sorrindo. Chegou mais perto e beijou-me. Bill sentou-se e abraçou-me, fazendo-me sentar no colo dele. A maneira como olhava para mim... era o olhar mais gentil que alguém já dirigiu para mim.

– É melhor vestires-te, senão vais apanhar uma constipação.

Isso fez-me lembrar que ele me tinha tirado as calças e as camisolas. Meu rosto ficou vermelho.
Empurrei-o e comecei a vestir-me.

– Seu tarado!

No entanto, Bill não falou nada. Só continuou a olhar para mim, sorrindo. Bem, até eu me virar de costas...

– Dipper!

– Hm?

– Quem foi que fez isso contigo?!

Do que ele estava a falar?

– Não entendo. A que te referes?

O seu olhar era grave e cheio de preocupação, que envolvia uma fúria ardente.

– Essa cicatriz que tens nas costas. – O tom tinha mudado, talvez ele estivesse a tentar não me assustar.

Oh, ele estava a falar... dessa cicatriz. Aprecei-me a vestir a primeira camisola. Sim, era verdade que eu tinha uma cicatriz assustadora, que cobria minhas costas desde o ombro direito até ao lado esquerdo da minha cintura.

Continuei a vestir-me, sem dizer nada. Quando terminei, comecei a olhar para a parede. Bill se colocou na minha frente (já com a camisa vestida), e pegou nas minhas mãos.

– Pinheirinho... Dipper, fala comigo. O que aconteceu?

– Não eras tu, quem tinha estado sempre a vigiar-me como um stalker?

Bill abaixou a cabeça, abanando-a de leve.

– Eu só comecei a vigiar-te depois dos teus 15 anos. Peço desculpa, eu realmente quero saber o que aconteceu contigo...

A sua voz começou a falhar. Fiquei com medo que ele começasse a chorar de culpa.

– Eu... peço desculpas também, eu... depois daquele incidente, tive uma discussão feia com a Mabel. Ela estava preocupada sobre porque eu me tinha fechado tanto, e até hoje ela não sabe. Não falámos por um tempo, ela ficou irritada comigo. Eu... – lágrimas rolaram para fora dos meus olhos e um nó formou-se na minha garganta. Minha cicatriz começou a doer. Não sabia o que doía mais, a minha garganta ou as minhas costas. – Peço imensas desculpas, foi na hora, eu não pensei! – Continuei. – Eu... eu... EU TENTEI COMETER SUICÍDIO!

Finalmente disse. Inexplicavelmente, minha alma sentiu-se muito mais leve por ter tirado este peso de cima. Bill, que olhava para mim à espera de resposta, arregalou os olhos. Depois de os fechar por um tempo e ficar em silêncio, olhou de novo para mim, com um sorriso triste.

– Então era isso...

Ele me abraçou, não apertando muito para não me magoar. Eu abracei de volta.

– Desculpa por não ter estado lá para ti. Eu sou uma péssima pessoa, e um péssimo demónio.

Apertei mais um pouco.

– Não digas isso. Está tudo bem agora. Ainda estou vivo, não estou?

– Mas poderias não estar... – senti algo molhado na minha bochecha, que estava colada à dele. Ele estava a chorar! Desfiz o abraço e segurei seu rosto, limpando suas lágrimas.

– Não, a culpa não é tua! Tu és incrível! A forma como estás a preocupar-te comigo é mais do que eu podia pedir ou sequer sonhar. Não é culpa tua de não me poderes proteger antes. És um ótimo demónio, pessoa e... namorado também...

A última parte falei, corando um pouco. Ele voltou a sorrir e segurou-me pela cintura.

– Então sou teu namorado agora? – Falou, envolvendo-me num abraço quente e confortável.

– Hm. – Respondi, enterrando meu rosto no seu peito.

Ele riu um pouco, baixinho. Depois de uma hora, que pareceram apenas cinco minutos, falou: – Não tens de voltar para a Cabana?

– Que horas são? – Perguntei, sonolento. Sim, eu tinha dormido uma sesta nessa mesma posição.

– Não sei, não tenho relógio.

Pois, mas eu tinha. Tirei o telemóvel [celular] do bolso do casaco e vi as horas. 16:30.

– JÁ?!

– O que foi?

– Eu realmente tenho de ir!

Antes de ter tempo de me levantar, Bill deu-me um beijo na testa, bem em cima da minha marca de nascença.

– Vai lá, então, docinho de menta.

Senti-me mal por ter de o deixar aqui sozinho, no meio da floresta, com este frio. Eu podia voltar amanhã com roupas quentes e levá-lo para a Cabana, mas minhas roupas de certeza que não lhe devem servir.

Vasculhei na minha mochila e encontrei algumas velas e um isqueiro.

– Aqui. Se estiveres com frio, acende-as.

– Certo, então!

Ainda um pouco hesitante, peguei na minha mochila, abri a porta e saí rapidamente, para que o calor não escapasse de dentro do mini-templo.

Eternamente meuOnde histórias criam vida. Descubra agora