T.2, Cap. 4 - O hospital

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Bill acordou no hospital. Ao virar o rosto, a primeira pessoa que viu foi Dipper, que parecia estar a dormir enquanto lhe dava a mão.

- Pinheiro...

O moreno abriu os olhos com o chamamento e rapidamente se levantou.

- Dipper...

- Shh, não te esforces. Queres água?

O outro pestanejou e sorriu. Dipper deu-lhe um copo de água e ajudou-o a beber.

- Por deus, estás bem! Eu tive tanto medo! - Disse, tentando segurar as lágrimas.

Com alguma dificuldade, Bill apertou a mão dele, numa tentativa de o confortar.

O médico entrou no quarto, seguido de Ford e Stan.

- Menino Nathaniel, teve muita sorte. Um ferimento assim poderia ser fatal. No entanto, tem recuperado muito rápido e muito bem estes três dias. Ficará aqui mais uns dias e nada de movimentos bruscos, grandes esforços e não tente levantar-se sozinho.

- O que... aconteceu? - Perguntou a Dipper.

- O corte nas tuas costas era muito profundo. Perdeste muito sangue. Ficaste em coma por três dias e levaste vinte pontos.

O médico voltou a sair do quarto.

- Peço desculpas a todos... por vos ter feito preocuparem-se.

- Tudo bem. - Disse Ford. - Dissemos ao hospital que tínhamos tido um acidente de carro. Com alguns subornos do Stanley, eles aceitaram na maior das calmas.

- Ainda para mais, tu fizeste uma grande parte em matar aquele monstro. Não te podíamos deixar ir assim.

- Só por causa do metamorfo? - Perguntou o loiro, com um sorriso.

Dipper corou. - Cala a boca.

Ford tomou a palavra.

- Eu só não entendo como aquela criatura morreu. Como conseguiste a estaca de gelo, Dipper?

- Er... também não sei. Encontrei-a ali, lembrei-me do que o tio e Nath tinham falado e usei-a para o matar.

- Sabes algo sobre o assunto, Nath?

O casal reparou no que estava a acontecer. Era um teste. Ford desconfiava de Bill.

- Não, senhor. Eu já estava inconsciente nessa altura.

O tio mudou de tema, mas não parecia ter desistido.

- Não queres chamar os teus pais?

O loiro sorriu.

- Não, senhor. Afinal, eu fui expulso de casa e eles disseram-me para não voltar. Qual seria o objetivo em chamá-los só para os ouvir gritar comigo?

- Bom ponto.

Foram cinco dias que Bill passou no hospital. Dipper foi lá em todos eles fazer-lhe companhia e ajudá-lo. De vez em quando, os tios Pines iam também, mas sabiam que o casal queria privacidade.

No quinto dia, Dipper entrou no quarto e encontrou o namorado de pé apoiado na cama.

- Ei.

Depois de olhar para ele por um bocado, o moreno sorriu, correu para ele e abraçou-o com cuidado.

- Que bom que já estás melhor!

- Sim, mas ainda não tentei andar.

Dipper afastou-se um pouco e abriu os braços para ele.

- Vem até aqui. Eu apanho-te.

Bill sorriu. Largou a cama e deu um passo, mas voltou a segurar-se.

- Tudo bem, vai com calma. Eu passei por uma coisa parecida.

Ele hesitou um pouco, respirou fundo e conteu a respiração. Largou novamente e deu quatro passos seguidos na direção dele. Dipper segurou-o.

- Vês? Foi difícil?

- Sim.

Riram os dois.

- Queres tentar outra vez?

- ... Sim.

Procurando à sua volta, o moreno encontrou uma cadeira e esticou o braço para a puxar. Bill segurou-se nela enquanto ele se afastou mais do que antes.

- Podes vir. - Disse, abrindo os braços novamente.

O loiro sorriu, respirou fundo e caminhou na sua direção. No entanto, a um passo dele, tropeçou no seu próprio pé e caiu em cima dele.

- Bill!!

Caíram os dois, mas Dipper fez um esforço para o proteger da queda.

Quando o mais velho abriu os olhos, estava deitado em cima do moreno, que abriu os olhos enquanto grunhia.

Nessa hora, a porta abriu.

- Menino Nathaniel...

A enfermeira parou à porta. Nenhum dos três trocou uma palavra por um tempo.

- Bem, eu... acho que volto mais tarde...

Ela fechou novamente a porta silenciosamente e retirou-se.

Os dois rapazes olharam um para o outro e sentaram-se rapidamente no chão.

Do outro lado da porta, a mulher afastava-se corada e com um sorriso no rosto, enquanto ria baixinho e murmurava "Jovens de hoje em dia..."

- Desculpa por isto. - Disse Bill.

- Tudo bem. Não é como se fosse um segredo, de qualquer forma...

Trocaram novamente um olhar e riram.

- Coitada da enfermeira. Devemos pedir desculpa? - Perguntou o mais novo.

Por hora do almoço, a enfermeira voltou, mas bateu à porta antes.

- Pode entrar.

Ela assim fez e Dipper estava sentado na cadeira de antes a ler enquanto Bill estava sentado na ponta da cama virado para ele.

- Menino Nathaniel, sobre à pouco...

- Ah, er... perdoe-nos.

- Oh, não se preocupem com isso. Eu queria dizer-lhe porque é que vim cá.

- E porque foi?

A enfermeira segurou na prancheta que trazia de baixo do braço.

- Você recebeu alta. Poderá deixar o hospital amanhã.

- Que bom! - Comentou Dipper.

- Sim. - Concordou o loiro.

- Mas por hoje terá de ficar cá para confirmar. Não o queremos mandar para casa e o menino voltar dois dias depois com algo que poderia ter sido evitado enquanto cá esteve.

- Nós entendemos, obrigado. - Respondeu Bill.

A enfermeira sorriu e olhou para eles por um tempo.

- Ah, sim, eu deveria ir. - Antes de fechar a porta, completou. - Lembrem-se que isto é um hospital. Tentem não fazer muito barulho.

Eles trocaram outro olhar e ambos coraram.

- Como se fôssemos fazer algo aqui... - Comentou Dipper.

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