T. 2, Cap. 8 - Pressa

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Tudo estava a correr bem. Bill tinha-se ajustado muito bem ao emprego e Dipper também foi chamado para trabalhar na loja de conveniência Dusk 2 Down, que, mesmo que ainda estivesse assombrada, tinha sido reaberta por uma senhora simpática.

- Ei Bill. - Will apareceu do nada, fazendo o irmão quase entornar o café. - Há biscoitos extra?

- Não. Quando acabar o expediente, eu compro-te alguns. E eu já disse para não apareceres assim quando estou a trabalhar. Ainda vais arranjar problemas!

- O que eu faço enquanto espero, então?

- ... Vai chatear o Pinheiro.

- Certo!

Dipper estava a lavar o chão. Olhou para o vidro de um frigorífico e viu um reflexo estranho.

- Boa tarde, senhora Duskerton.

- Oh ho ho, bom dia, meu rapaz. - Disse o espírito de uma velhota. - Como está a correr o teu dia?

- Está quase a acabar. Vou só limpar isto e irei para casa.

- Eu estava preocupada com os jovens de hoje em dia. Se ao menos fossem todos como tu, responsáveis e amáveis, talvez eu não teria morrido.

Dipper riu, e gritou quando ouviu um estalido ao seu lado.

- Will, és só tu. - Disse, arfando e apertando a camisola, sobre o peito. - Que susto que me pregaste!

- Boa tarde, Ma. Pinheiro, estou aborrecido!

- Certo, certo. Porque não ficas a conversar com a senhora e o senhor Duskerton enquanto eu acabo as minhas tarefas.

O menino cruzou os braços e sentou-se em cima do frigorífico. O casal juntou-se a ele, flutuando.

- Porque é que eles estão sempre tão ocupados? Eu quero brincar com eles, mas eles só pensam em trabalho! O que há de tão importante em trabalhar?

- Trabalhar dá-lhes dinheiro e assim eles podem comprar coisas. Eles terem um trabalho significa que já são crescidos o suficiente para isso. - Disse Pa.

- Então, eles têm de trabalhar para poderem comprar-me doces?

- Entre outras coisas. Se queres fazer algo com eles, experimenta ajudá-los.

- Mas ajudá-los no trabalho significa trabalhar, o que significa que vou crescer! Eu não quero crescer!

- Não precisas de ser adulto para trabalhares. Até porque eles ficariam muito felizes se os ajudasses e acabariam mais cedo para brincar contigo.

Will pensou e depois apareceu ao lado de Dipper.

- Credo, avisa antes de fazeres isso!

- Eu quero ajudar-te.

Estrelas brilhavam nos olhos do menino. O coração do moreno derreteu.

- Podes limpar os vidros. Esguichas um pouco de spay neles e depois passas o pano. Assim. - Demonstrou e entregou-lhe os itens de limpeza. - Agora, faz tu.

Will repetiu.

- Perfeito! Tratas disso enquanto eu lavo o chão? Tem cuidado, está molhado.

- Sim, eu vou ter!

Dipper sorriu e afastou-se, em busca da esfregona e do balde que tinha deixado num canto qualquer.

- Quanto mais depressa eu acabar, mais depressa poderemos ir para casa brincar. - Disse o demónio azul para si mesmo, procedendo a cumprir com a sua tarefa rapidamente.

Passaram-se quinze minutos.

- Só falta uma!

Will correu para a última janela. A duas prateleiras de distância, Dipper ouviu um estrondo enorme, juntamente com o som de vários objetos a cair e seguido por um intenso choro.

- Will??

O menino estava no chão, sentado de joelhos e rodeado de latas de salsicha.

- Oh, céus....

O moreno ajoelhou-se e segurou-lhe as mãos, mas ele tentou soltar-se.

- O que aconteceu? Onde dói?

O pequeno Cipher não parou de chorar, mas estendeu a perna. O seu pé estava fora de sítio.

- Credo, o que se passou? - Perguntou a dona da loja.

- É o irmão do meu namorado. Caiu e deslocou o tornozelo...

Dipper olhou para aquilo sem saber o que fazer. Lembrou-se das aulas de primeiros socorros de Ciências do ensino médio e levantou-se. Pediu a Will que ficasse quieto e tirou o telemóvel do bolso.

Pensou, primeiro, em ligar para uma ambulância, mas... o rapaz era um demónio. Talvez fosse melhor ligar para o Bill.

- Dipper?

- Nath, é o teu irmão. Ele escorregou e deslocou o tornozelo.

O outro lado entendeu que eles estavam ali com mais alguém, por isso não podia simplesmente aparecer lá.

- Eu estou mesmo quase a acabar o expediente. Já vou para aí.

- Certo.

Will olhou para Dipper.

- O teu irmão já está a caminho. - O moreno sorriu.

- Dói muito...

- Eu sei. Espera um pouco que ele chega já já.

A senhora olhou para ele.

- Não devíamos chamar uma ambulância?

- Will tem medo de hospitais e de sirenes. Acho melhor ser o irmão dele a vir.

Como prometido, cinco minutos depois lá estava Bill.

- Como te sentes? - Perguntou ao irmão.

- Dói...

Ele olhou para o pé deslocado, pegou nele e segurou-o com as duas mãos.

- Abraça o Dipper e não olhes.

O menino assim o fez e, com um "cá!", o mais velho encaixou de volta no sítio, arrancando um grito dele.

- Pronto, já passou. - Tentou reconfortar o irmão, que se encolheu mais na direção do Pines.

- És muito mau!

- Acho melhor levá-lo para casa. - Disse para o namorado.

- Sim.

- Têm a certeza de que ficam bem? - Perguntou a dona da loja.

- Não se preocupe, nós viramo-nos!

Will ia no colo de Bill e foi pousado na cama do quarto. Felizmente, Ford tinha ido visitar Fiddleford novamente e Stan estava apenas Deus sabe onde.

Eternamente meuOnde histórias criam vida. Descubra agora