O Contrato - Carthur

Capítulo 2

NARRADORA

Por mais que o momento fosse constrangedor, por algum motivo ambos pareciam incapazes de reagir. A dupla permanece presa no olhar um do outro  até que um pigarrear trás ambos de volta ao mundo real.

- Ai meu Deus, me desculpa! 

Carla declara se levantando rapidamente enquanto via o loiro à sua frente fazer o mesmo.

- Você é cega ou desaprendeu a andar?

- Ei, calma aí, ninguém mandou você ficar parado nos lugares que nem um poste!

- Mas é muita ousadia, você sabe com quem está falando, garota?

- Sei muito bem, mas saiba que para mim sua fama não te dá o direito de tratar as pessoas assim!

- Olha só como fala comig...

Antes que Picoli pudesse completar sua fala, a voz do seu amigo e agente é ouvida, fazendo o casal finalmente perceber sua presença ali.

- Ei, calma aí os dois! Foi só um acidente, não há motivo para isso tudo!

- Quer saber? Não vou perder o meu tempo aqui discutindo com você, tenho trabalho a fazer!

Arthur declara com seu olhar preso em Carla e sai à passos largos enquanto ouvia a loira soltar um suspiro irritado.

- Espera aí, você não é a minha nova secretária?!

Ronan questiona observando o rosto da jovem com atenção enquanto tentava segurava o riso diante da expressão assustada da mulher à sua frente.

- Ai meu Deus, eu sinto muito muito mesmo por tudo isso...por chegar atrasada e ainda dar um show aqui! Mas eu juro que se o senhor não me demitir, isso nunca mais se repetirá!

Carla dispara desesperada até ser interrompida por seu novo chefe.

- Ei, calma, não se preocupe, não vou demitir você!  Como é seu primeiro dia aqui vou perdoar o atraso, mas por favor...eu sei que o Arthur pode ser muito irritante e discutir com ele parece muito convidativo, porém acho melhor evitar essas discussões senão é capaz dele demitir nós dois!

Ronan declara com um tom humorado enquanto observava a jovem finalmente começar a se acalmar.

- Muito obrigada mesmo, eu prometo que isso não acontecerá de novo!

- Sei disso, agora vamos ao trabalho, hoje temos muito o que fazer! 

[...]        

ARTHUR 

Horas já haviam se passado após o desastre de hoje cedo, e por algum motivo não conseguia tirar aquela garota marrenta da cabeça. Ela é linda e tive a plena certeza disso quando a senti sobre o meu corpo. Seus lindos olhos assustados me fitando, os lábios rosados entreabertos, e o nariz fino e delicado. Tudo nela podia ser facilmente considerado características de uma princesa da Disney, o que a tornava totalmente diferente de mim. Confesso minha surpresa diante de suas palavras ácidas, mas não a julgo, até uma princesa perderia a paciência comigo. Balanço a cabeça negativamente tentando à todo custo afastar esses pensamentos de minha mente e volto minha atenção ao ambiente ao meu redor. A noite começava a surgir preguiçosamente através das janelas de vidro, havia sobrevivido a duas longas reuniões sobre os escândalos em que já estive envolvido e as estratégias para melhorar minha imagem. Apesar de tudo isso, eu amava o que fazia, e somente o esporte era capaz de amenizar a culpa que insistia em me perseguir.

Eu havia chegado aos Estados Unidos sem absolutamente nada, havia lutado para chegar onde estou agora, mas confesso que hoje apesar de ter tudo o que tanto sonhei em ter, existe um vazio que nem eu compreendo. Um vazio que a fama e o sucesso, até hoje não conseguiram preencher. Desperto mais uma vez dos meus pensamentos e me levanto caminhando em direção ao elevador. Aparentemente a maioria já havia ido embora e eu havia perdido a noção do tempo. Continuo a prosseguir em direção ao meu destino até ter minha atenção voltada para outro lugar. A mulher que havia esbarrado comigo terminava de organizar sua mesa enquanto parecia se preparar para ir embora. Seu cansaço era evidente, mas esse detalhe não diminuía sua beleza. Permaneço a observando de longe enquanto a vejo concentrada em algo que fazia. Ela era realmente linda, mas totalmente o oposto de mim. Algo parecia me atrair até ela, mas ignorando aquela sensação decidido de uma vez por todas o que iria fazer.

Manteria distância!      

DOIS MESES DEPOIS        

CARLA

Sento em um banquinho da praça com a câmera em mãos, não demorando a fotografar uma criança que brincava logo à frente no parque. Eu amava fotografar, e conseguir um tempo para fazer o que tanto amo me faz sentir totalmente em paz. Sorrio mais uma vez e tiro a foto de um jovem casal em frente a um carrinho de sorvete, e por fim desligo a máquina voltando minha atenção a praça ao meu redor. Eu adorava esse lugar, meus pais sempre me traziam com Pocah aqui, e perder eles em um acidente foi terrível para nós duas. Dois meses já haviam se passado desde a minha chegada na agência, e em menos de uma semana eu já havia pegado o ritmo de tudo. Ronan é um ótimo chefe, e por ele e por meu emprego cheguei a engolir o meu orgulho e pedir desculpas ao Arthur, mas tudo que recebi foi um frio...    

"Tanto faz" 

Ele havia passado a me ignorar, mas por vezes sentia seu olhar queimando minha pele, e por mais que tentasse evitar, haviam momentos em que me pegava lhe observando também. Entretanto, por mais que muitas vezes sua indiferença me incomodasse, talvez fosse melhor assim.

Ele longe de mim, e eu longe dele!

Muitas coisas haviam acontecido durante esse tempo. Pocah havia sido aceita na faculdade e por mais que estivesse cheia de orgulho, a preocupação também me acompanhava. Nossa situação financeira havia piorado devido ao altíssimo valor da mensalidade de sua universidade, e por mais que estivesse sem saber o que fazer para conseguir bancar tudo com meu salário, não queria que ela largasse seu sonho. Por mais difícil que estivesse a situação eu não a deixaria desistir dos estudos, eu daria um jeito. Pocah é minha única família e por ela eu faria tudo!

NARRADORA

Após mais um tempo na praça a loira decide voltar para casa. Havia sido um dia cansativo e na manhã seguinte voltaria ao trabalho. Para Carla seria apenas mais uma segunda feira, mas o que a jovem não imaginava era que depois daquele dia as coisas nunca mais seriam as mesmas. Tudo estava prestes a mudar para ela, e principalmente para um certo jogador de olhos
intensos.

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