NARRADORA
Rapidamente o jogador caminha até Carla e a puxa para trás de si, protegendo-a do homem à sua frente.
- Filho, você precisa me ouvir. Eu estou arrependido, eu mudei, tudo o que quero é o seu perdão!
- EU NÃO PRECISO OUVIR NADA, NÃO ACREDITO EM NENHUMA PALAVRA QUE SAI DESSA SUA BOCA!
- Mas é verdade, e-eu me arrependo de tudo o que fiz a você e a sua mãe! Tudo que preciso é que você me deixe voltar para sua vida, somos a única família um do outro, Arthur!
- LAVA A SUA BOCA PRA FALAR DELA, VOCÊ NÃO MERECE AO MENOS MENCIONAR O NOME DA MINHA MÃE...Você nos destruiu, você nunca foi e nunca será meu pai! Agora eu quero que você saia da minha casa e nunca mais volte aqui...AGORA!
Picoli grita magoado e não demora a ver seu pai caminhar em direção à porta totalmente cabisbaixo.
- Não vou desistir de você, filho!
O loiro ouve a porte se fechar e joga seu corpo sobre o sofá escondendo o rosto com as mãos. Carla que até agora permanecia paralisada caminha em direção ao marido, mas antes que pudesse tocar em seu rosto sente o mesmo se afastar bruscamente.
- Foi você que deixou ele entrar?
- Amor, e-eu...
Arthur interrompe.
- Responde!
- S-Sim!
Carla sussurra e não demora a sentir seu coração se apertar de forma agonizante diante do olhar magoado e decepcionado do marido.
- E-Eu não queria que isso acontecesse, tudo o que eu queria era que vocês fizessem as pazes, q-que esse assunto parasse de te machucar tant...
- VOCÊ NÃO TINHA O DIREITO!
Arthur grita assustando a loira, mas não demora a fazer o máximo para suavizar sua voz.
- V-Você não tem noção do que esse homem já me fez. Por causa dele eu perdi tudo o que eu tinha, perdi minha infância, minha paz...a minha mãe! Ele sempre foi um bêbado que chegava em casa descontrolado. Ele me espancava, batia na minha mãe até ela desmaiar, e não havia nada que eu pudesse fazer p-para salvar ela. Um dia ele chegou tão bêbado em casa que passou totalmente do limite. Ele bateu tanto nela que...ela morreu com um trauma na cabeça!
O loiro declara enquanto lutava para conter as lágrimas e se volta mais uma vez para Carla.
- E-Eu tentei tirar ele de cima dela, e-eu tentei, mas não consegui! Não consegui proteger ela...Droga, Carla, era a minha mãe! Algum vizinho deve ter chamado a polícia ao ouvir os gritos, ele tentou fugir mas não conseguiu e acabou sendo preso. Passei um tempo me virando sozinho e encontrei no esporte uma forma de extravasar toda a raiva que eu sentia. O futebol me salvou, e após um bom tempo fazendo bicos pra ganhar algum dinheiro, eu consegui juntar o suficiente para sair do Brasil. Eu queria esquecer tudo, mas não consigo, o que ele fez é imperdoável!
As lágrimas já rolavam soltas pelo rosto da jovem que sentia seu coração se apertar cada vez mais diante da história que acabara de ouvir. Ele havia sofrido tanto, e permitir que o causador de tanto sofrimento se aproximasse de novo de Arthur, à fazia se odiar. Em um movimento arrependido a loira se aproxima para abraço-lo, mas sente seu peito se apertar novamente ao vê-lo fugir de seu toque.
- Como você pôde trazer ele aqui? Você sabia o quanto esse assunto havia me abalado da última vez...Por que, Carla? Por que fez isso comigo?
- A-Amor, eu sinto muito, me perdoa, por favor!
- Não, eu estou decepcionado com você!
Picoli murmura magoado e não demora a caminhar em direção a porta.
- P-Para onde você vai?
A loira sente o desespero tomar conta de si ao ver o marido saindo e não demora a jogar seu corpo sobre o dele.
- Carla, me solta! ME SOLTA!
Em um pulo assustado a jovem se afasta com o grito do jogador e o observa respirar fundo tentando manter a calma.
- Eu preciso sair, pensar sobre tudo o que está acontecendo...Não me espere acordada!
Sem proferir nem mais uma palavra Arthur fecha a porta com um baque, fazendo o corpo de Carla deslizar até o chão em meio às lágrimas. O arrependimento a corroía por dentro. Ouvir Picoli dizer que estava decepcionado com ela havia doído, mas perceber que o olhar magoado do jogador havia sido causado por ela mesma, parecia ser um soco no estômago. Carla chorava por ter magoado Arthur e por finalmente perceber que estava completamente apaixonada por seu marido.
[...]
Os minutos pareciam se passar como num estralar de dedos, e antes que percebesse Picoli já se encontrava parado em frente ao apartamento de Ronan. Havia praticamente se arrastado até ali, e juntando o resto de suas energias o jogador bate na porta com força, não demorando a ver a mesma se abrir. Os olhos do loiro se encontravam vermelhos devido ao esforço que fazia para não chorar, e sem precisar ouvir ao menos uma palavra Ronan envolve seu amigo em um abraço acolhedor, o puxando para dentro logo em seguida. Arthur odiava seu pai com todas as forças e isso não era novidade, mas ver Carla o ajudando havia lhe destruído completamente. O jovem se sentia traído e decepcionado. Ela era sua esposa e precisava que ela ficasse do seu lado. Ainda abalado Arthur começa a contar tudo o que havia acontecido para Ronan, não demorando a receber o apoio do seu melhor amigo.
- Você pode ficar aqui quanto tempo quiser, cara, amigos são para isso. Mas...quando você pretende ouvir o que a Carla tem a dizer?
- Não sei, o que ela fez me machucou muito, Ronan! Ela não tinha esse direito, eu me sinto traído e isso é uma droga porque...
- "Porque", o quê, Arthur?
Ronan incentiva o loiro a continuar, e não demora a ver Arthur suspirar profundamente. Estava magoado, mas nem a decepção que sentia era grande o suficiente para fazê-lo negar a verdade que há muito tempo lhe rodeava.
- Estou apaixonado pela Carla!
Picoli declara em voz alta, sentindo finalmente a intensidade daquelas palavras. Estava zangado, Carla havia o decepcionado, mas não podia negar o quanto estava apaixonado por sua esposa de "mentirinha". Antes que pudesse ouvir Ronan falar algo, uma voz soa através da televisão que até então não havia percebido estar ligada, fazendo Arthur dirigir sua atenção até o aparelho.
- Estamos aqui em frente a um dos mais famosos edifícios da cidade, onde houve há pouco tempo um grave atropelamento. A vítima já foi reconhecida e é esposa do famoso jogador Arthur Picoli, Carla Diaz Picoli, que nesse exato momento começa a ser levada para o hospital mais próximo. Estamos ao vivo para mais informações!
Arthur sente tudo a sua volta girar rapidamente o fazendo levantar do sofá em um pulo. Os primeiros minutos pareciam ser de choque, mas naquele momento a realidade parecia socar seu estômago com força, o levando à beira do desespero.
- A C-Carla..a m-minha Carla! E-Eu preciso ir para lá, e-eu...
Sem esperar nem mais um segundo o jogador sai do apartamento correndo enquanto era seguido por Ronan. Arthur nunca havia sido um homem religioso, por diversas vezes chegou a duvidar da existência de Deus, mas
naquele momento tudo o que pedia
era que Ele não tirasse sua mulher
de si.
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Eitaaaa, muitas emoções em um único capítulo, né?!
Continuo com 40 comentários!!
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O Contrato - Carthur
FanfictionO que dizer quando o destino decide unir duas vidas de uma forma nada convencional? Aos 27 anos de idade Arthur Picoli é um dos jogadores de futebol mais idolatrados da atualidade. Mas apesar de todo o talento, o loiro esconde dentro de si cicatriz...
