O Contrato - Carthur

Capítulo 23

NARRADORA

As horas pareciam voar, e antes que pudesse perceber o dia seguinte já havia chegado, prometendo mais sofrimento e surpresas do que o esperado. Carla abre os olhos lentamente e encara o lado vazio da cama, se lembrando da última noite de amor que havia tido com o marido. Rapidamente a jovem sente a realidade lhe atingir em cheio, fazendo as lágrimas começarem a cair de forma silenciosa por seu rosto.

Era hoje que acabava o contrato!

E hoje que perderia o amor de sua vida!  

Sentindo uma dor dilacerante rasgar seu coração a loira se levanta e começa a preparar tudo para sua partida. Não suportaria estar ali quando Arthur voltasse, tão pouco conseguiria dizer tudo o que precisava sentindo os olhos do agora "ex-marido" sobre si. Os minutos pareciam se passar como um estralar de dedos, e totalmente devastada Carla deposita uma carta sobre a cama e observa o quarto que havia sido o holocausto de seu amor, pela última vez. Era definitivo, o conto de fadas havia acabado, e por mais que não quisesse, era a hora de voltar para a vida real.

HORAS DEPOIS

ARTHUR

Entro em casa animado e olho mais uma vez para o anel em minha mãos.

É hoje!

E por mais que tentasse manter a calma, mal podia esperar para ver a reação da Carla diante do meu pedido. Olho ao redor estranhando o silêncio da casa, mas não demoro a caminhar ansioso em direção ao nosso quarto. Havia acordado cedo para resolver algumas coisas, e pretendia levá-la à um jantar romântico para finalmente fazer o pedido. Entro no cômodo sorrindo, mas logo sinto o mesmo morrer aos poucos diante do cenário à minha frente. Assim como o resto da casa o quarto estava totalmente vazio, e estranhando totalmente sua ausência ligo para seu celular, não demorando a ver a ligação ser negada após várias tentativas. Sinto uma angústia começar a tomar conta de meu peito e finalmente percebo um pedaço de papel sobre nossa cama. Seguro a carta em mãos estranhando ao ver as mesma tremerem levemente e direciono meu olhar para o conteúdo, não demorando a sentir meu coração falhar uma batida diante das palavras escritas ali.

 N-Não, aquilo não podia ser possível! 

Eu lia cada palavra com rapidez ao mesmo tempo que tentava digerir a informação que fazia minha mente girar.

Ela não pode ter ido embora...

Ela não pode ter me deixado!

Em um movimento desesperado corro em direção ao closet e abro as portas esperando encontrar as roupas de Carla entre às minhas, mas logo sinto o ar fugir de meus pulmões com o cenário diante de mim. A parte que costumava ser da minha esposa estava completamente vazia como se nunca tivesse sido usada, me fazendo perceber que o pesadelo que eu vivia agora, era totalmente real.

Carla havia ido embora!

[...]

NARRADORA

A loira sente as mãos de Pocah acariciarem seus cabelos e logo volta a chorar copiosamente. A jovem já havia perdido as contas de quanto tempo estava ali, mas desde que havia voltado para o pequeno apartamento que costumava dividir com sua irmã, o único desejo de Carla era se perder mais uma vez nos braços do homem que tanto amava. Ainda em meio às lágrimas a jovem permite que sua mente viaje novamente até algumas horas atrás. Após sair de casa e levar tudo o que tinha, Carla havia sido obrigada a se encontrar com o pai de Arthur. E por mais que tentasse não pensar naquele monstro, era impossível não lembrar do homem que havia destruído sua vida.

FLASHBACK

- E-Está tudo aí!

Carla murmura com a cabeça baixa enquanto via o homem contar todo o dinheiro que havia tirado de sua conta. Seu coração já se apertava com a idéia de magoar Arthur, mas com toda a certeza nunca seria capaz de roubar uma moeda sequer do dinheiro de picolé.

- Bom trabalho, norinha! Cheguei a duvidar que você faria realmente o que mandei, mas agora percebo que você realmente ama o imprestável do meu filho.

- Não ouse falar assim dele! O Arthur é o melhor homem que já conheci na minha vida, e diferente de você, ele não é um covarde nojent...

Antes que pudesse terminar de falar a loira sente um tapa ser depositado em seu rosto e seu corpo ser prensado contra a parede suja do beco em que se encontravam.

- Se eu fosse você tomaria cuidado com as palavras...Ou quer que eu entregue ainda hoje a cópia do seu contratinho para o governo americano, hein?! 

- N-Não, por favor, não faz isso! Eu fiz tudo o que você mandou, só não prejudica o Arthur!

- Ah...então quer dizer que você já deu o fora no meu filhinho, né?! Tudo o que eu queria era ser uma mosca para ver aquele infeliz chorando que nem um imbecil por sua causa. Mas enfim, tenho mais o que fazer!

O mais velho se vira para ir embora, mas antes que pude sair dali o pai de Picoli retorna mais uma vez e a encara de forma assustadora enquanto sussurrava próximo ao seu rosto.

-  Se eu por acaso descobrir que você voltou pra ele, eu juro que destruo a vida do seu ex-maridinho. Ele vai perder absolutamente tudo, e a culpa vai ser sua, me entendeu?

Sentindo as lágrimas banharem seu rosto a jovem afirma com a cabeça.

- Foi bom fazer negócios com você! E não se esqueça...Eu estou de olho!

Sem dizer nem mais uma palavra o homem sai do local fazendo o corpo de Carla desabar no chão em meio às lágrimas.

ATUALIDADE

Como se houvesse despertado de um transe a loira olha ao redor e volta à realidade. Tudo aquilo já havia passado, mas a dor que sentia no momento à machucava com a mesma intensidade. Ainda alheia em seus pensamentos Carla ouve a campainha tocar e observa Pocah abrir a porta, fazendo seu coração bater desesperado ao ver quem estava ali.

- Arthur, eu acho melhor você ir embora, ela não...

Picoli interrompe.

- EU NÃO VOU PARA PORRA DE LUGAR NENHUM! VIM VER A MINHA MULHER E É ISSO QUE VOU FAZER!

Em um movimento rápido Arthur passa por Pocah e caminha até Carla, que permanecia paralisada.

- A-Arthur...

- Mas que droga é essa, amor? Isso é uma brincadeira, né?! M-Me diz que isso é a porra de uma brincadeira sem graça! 

O jogador implora enquanto apontava para a carta em suas mãos e lutava para controlar as lágrimas. Picoli estava desesperado, e naquele momento Carla sentia toda a dor visível nos olhos do amado lhe atingir em cheio.

- E-Eu sinto muito, mas...acabou, Arthur!

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