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   Seu corpo estava deitado ao tédio de Shoyo, esparramado contra o seu peitoral, conseguia sentir os batimentos do mais velho de forma lenta contra a caixa torácica, se chocando preguiçosamente contra o seu peito, estava vestida com uma das blusas do ruivo, ele acariciava seus cabelos com cuidado quase como se tentasse se concentrar em ficar acordado ali, provavelmente já havia se passado da meia noite, o quarto estava completamente escuro iluminado apenas pela lua que se infiltrava timidamente por entre as frestas da janela; suspirou pesadamente aconchegando mais o seu corpo contra o dele.

   A música ainda soava de maneira baixa através do celular do ruivo, ele deslizava a mão que não estava em seus cabelos por suas costas as acariciando com cuidado, você sorriu de maneira fraca, se sentia cansada, quase como se pudesse pegar no sono a qualquer segundo, seu corpo estava completamente esgotado.

   A música mais triste do ano se fazia presente por entre o ambiente, Shoyo suspirou.

   — Eu não entendo o porquê dela se chamar assim, digo, ela não é triste.

   Ele murmurou confuso, você riu baixinho, encolheu os ombros sem saber muito bem como responder a aquilo, bem, ela realmente não era de fato uma música triste, talvez melancólica mas não triste, não lhe fazia ter vontade de chorar; deixou um selar fraco contra o peitoral do homem respirou fundo, fechou os olhos por uma fração de segundos sentindo suas pálpebras levemente dormentes, estava cansada, os abriu novamente de modo preguiçoso, ergueu o rosto devagar encarando o homem ali, os olhos castanhos encontraram os seus, ele sorriu levando a mão em direção ao seu rosto o acariciando com cuidado sua bochecha com o polegar, você piscou devagar antes de engolir em seco escutando a melodia da música se fazer presente mais uma vez.

   — Vai ficar comigo mesmo quando tiver visto o pior lado de quem eu sou?

   Você disse imitando o trecho da música, ele sorriu, puxou seu rosto para mais perto, aproximou seus lábios com cuidado, conseguiu sentir a respiração quente do homem se chocar contra sua pele, lhe beijou de modo cuidadoso antes de afastar seus lábios em um estalo baixo, negou com a cabeça devagar.

   — Você não tem um pior lado, mocinha.

   Ele sussurrou contra sua boca, você riu baixinho fazendo com que a nuca do ruivo se arrepiasse de leve, levou uma das mãos até o peitoral do mais velho o acariciando com as pontinhas dos dedos, roçou seus lábios de modo lento.

   — Responda a pergunta, Sho.

   — Talvez, se você ainda querer acordar com meu toque e minha voz no ouvido.

   Shoyo respondeu por fim, você sorriu trêmula antes de concordar com a cabeça, seus lábios se encontraram mais uma vez de maneira mais lenta , ele respirou fundo descendo as mãos até sua cintura lhe apertando devagar enquanto puxava o corpo para mais perto do seu, quase como se precisasse de mais contato para que conseguisse sobreviver, ofegou baixinho o sentindo empurrar mais a boca contra a sua aprofundando o beijo com cuidado, ajeitou o corpo sobre o dele abrindo as pernas as deixando apoiadas contra o quadril do mais velho se sentando sobre o começo de sua cintura.

   — Pare de me beijar e vá dormir, Sho, você parece acabado.

   Você disse com a voz fraca por entre o beijo o sentiu rir contra seus lábios enquanto infiltrava as mãos por dentro da blusa acariciando sua cintura com as pontas dos dedos fazendo com que sua pele se arrepiasse por completo.

   — Sabemos muito bem quem me deixou acabado.

   Ele sussurrou, você soltou um riso baixo enquanto ele afastava os lábios dos seus em um estalo baixo, a música que vinha do celular do homem parou abruptamente dando lugar ao som irritante de uma ligação, ele resmungou de maneira chorosa enquanto descia os lábios até seu pescoço o beijando delicadamente enquanto tateava o acolchoado em busca do celular com a mão livre.

   — Atenda de uma vez, ruivinho.

   Disse com a voz divertido e ele sorriu contra a pele de seu pescoço deixando um último beijo contra a mesma antes de afastar o rosto de você ajeitando o corpo contra a cabeceira da cama, pegou o celular por fim que ainda tocava insistentemente o atendendo de uma vez levando até o ouvido.

   — Washijou? 

   Ele indagou de modo confuso, seu cenho estava levemente franzido, você cerrou os olhos sem saber muito bem o que ele estava acontecendo já que o ruivo simplesmente disparou a falar em japonês, parecia... irritado, continuou daquele modo por pelo manos dois minutos discutindo com uma pessoa até o momento desconhecida para você, não demorou muito para que ele desligasse a ligação por fim de modo irritado, jogou o celular contra o acolchoando antes de curvar o corpo sobre o seu, recostou a testa contra seu ombro, respirou fundo quase como se quisesse acalmar a si mesmo, você engoliu em seco sem saber muito bem o que dizer.

   — Está tudo bem?

   Indagou com a voz baixa, ele suspirou pesadamente antes de negar com a cabeça devagar, afastou o rosto de seu ombro devagar levando os olhos castanhos em sua direção, ele engoliu em seco, suas mãos pareciam tremer de leve contra o seu corpo.

   — Era... bem, um treinador, ele que me ajudou a vir para o Brasil.

   Murmurou de modo cansado, você franziu o cenho.

   — Ele disse alguma coisa ruim?

   Perguntou cuidadosamente, o ruivo suspirou de maneira pesada antes de assentir devagar, desviou o olhar do seu, já estava começando a se sentir nervosa por toda aquela espera, remexeu seus dedos ansiosa esperando que ele falasse de uma vez, Shoyo respirou fundo.

   — Meu tempo aqui se encurtou pelo jeito, meu visto, preciso voltar para o Japão semana que vem.

   Ele disse por fim, você arregalou os olhos, engoliu em seco sentindo seu coração bater de maneira forte contra o seu peito, havia se esquecido, havia se esquecido que Hinata não morava ali, havia esquecido que ele voltaria para o seu país em poucos meses, havia se esquecido que não poderia ter se envolvido emocionalmente com ele, respirou fundo, encolheu os ombros devagar, não, aquilo não estava certo.

   — Semana que vem?

   — Sim, me desculpe, mocinha.

   Shoyo sussurrou, você negou com a cabeça devagar, forçou um sorriso em lábios, os sentiu tremer por uma fração de segundos, uma nó se formava em sua gargantas mas não choraria ali, de jeito nenhum, deu de ombros.

   — Não precisa se desculpar, nosso próprio nome já diz "Namorados de férias" eu estou voltando para São Paulo em pouco tempo também.

   Ele franziu o cenho.

   — Não gosto da ideia de "Namorados de férias" apenas nas férias.

   Você sentiu seus olhos se encherem de lágrimas havia se apegado demais, forçou ainda mais o sorriso em seus lábios.

   — Bem, nós nos divertimos não? É isso que importa.

   — Vou sentir sua falta.

   Ele sussurrou, você engoliu em seco saindo de cima do colo do homem com cuidado se deitando contra o acolchoando voltando a pressionar o rosto contra o peitoral do ruivo descansando ali, segurou o choro.

   — Eu também vou sentir sua falta.

   

𝐓𝐄 𝐕𝐈 𝐍𝐀 𝐑𝐔𝐀 𝐎𝐍𝐓𝐄𝐌 ; hinata shoyoOnde histórias criam vida. Descubra agora