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Você soltou um riso alto batendo a mão sobre a mesa tentando recuperar o ar ao que o homem de cabelos ruivos soltou dois jatos de mojito por suas narinas ao tentar segurar a risada, você quase se engasgou com a caipirinha de maracujá que havia acabado de colocar entre seus lábios, arfou de modo desesperado encarando o homem a sua frente que tossia sem parar limpando o nariz com um guardanapo.

— Merda... está ardendo.

Ele choramingou enquanto você tentava acalmar a própria respiração, sorriu de modo cansado voltando a bebericar o líquido amarelado do maracujá em seu próprio copo, encolheu os ombros.

— Cara, você acabou de espirrar a porra de um mojito do seu nariz, obviamente vai estar ardendo.

   Você disse arqueando uma das sobrancelhas, ele abriu um sorriso dolorido antes de assentir devagar, fez uma careta, curvou o corpo sobre a mesa arrancando sua bebida de suas mãos, você franziu o cenho.

   — Nunca mais vou conseguir chegar perto de um mojito, esse copo é gigantesco, divida comigo um pouco para não ter coma alcoólico.

   Ele disse colocando seu canudo entre seus próprios lábios, você riu de modo incrédulo, cruzou os braços.

   — É impossível eu ficar bêbada só com um copo de caipirinha.

   Você balbuciou enquanto jogava alguns palitinhos de dente sobre a mesa montando uma imagem qualquer sobre a superfície extremamente amarelada de plástico, o homem de cabelos alaranjados deu um gole em sua bebida antes de a empurrar novamente em sua direção, encolheu os ombros antes de cruzar os braços, afundou o corpo contra a cadeira de plástico.

— Então você aguenta bebida?

Ele indagou curioso, você levantou o rosto correndo os olhos até o homem, abriu um sorriso curto entre seus lábios antes de assentir devagar.

— Aguento, mas depois eu fico morrendo de dor de cabeça.

   — Eu sou péssimo com bebida, eu prefiro não beber muito, uma vez eu vomitei depois de duas garrafas de 51.

O homem ruivo disse com a voz baixa quase que envergonhado, você arregalou os olhos incrédula, soltou um riso soprado, levou o canudo até seus lábios sugando o líquido para a sua boca, ele desviou o olhar, você sorriu mordendo o canudo levemente antes de o soltar, pendeu a cabeça para o lado.

— Então da próxima vez que sairmos talvez eu tenha que te comprar uma coca já que você consegue dar um PT com 51.

   Você disse, ele arqueou uma das sobrancelhas, cutucou a bochecha com a ponta da língua antes de voltear os olhos castanhos em sua direção, abriu um sorriso de lado.

   — Está me chamando para sair com você de novo?

   — Talvez eu esteja.

   Você murmurou por fim, ele curvou o corpo suavemente sobre a mesa de plástico, apoiou os braços sobre a superfície amarelada, o homem encolheu os ombros.

   — Mas da próxima vez eu escolho o lugar.

   Ele disse estendendo a mão em sua direção como se fosse uma espécie de trato, você riu antes de assentir segurando sua mão entre seus dedos a apertando com cuidado, ele a apertou sem muita força, passeou o polegar pelas costas de sua mão, abaixou os olhos castanhos para suas mãos juntas, você engoliu em seco sentindo seu estômago se revirar suavemente, mesmo que o Rio de Janeiro estivesse queimando como sempre você sentia sua barriga gelada.

   — Você que manda, ruivinho — sussurrou com a voz baixa, ele levantou os olhos em sua direção, sorriu fraco, apertou sua mão mais forte entre seus dedos longos, você respirou fundo, o sentindo soltar sua mão deslizando as pontinhas dos dedos pelos seus —, você não é brasileiro, né? Você tem sotaque.

𝐓𝐄 𝐕𝐈 𝐍𝐀 𝐑𝐔𝐀 𝐎𝐍𝐓𝐄𝐌 ; hinata shoyoOnde histórias criam vida. Descubra agora