O homem de cabelos ruivos tinha as costas deitadas contra a superfície gelada do chão da cozinha, os olhos castanhos estavam fixos ao teto da casa, não sabia ao certo que horas eram, seu celular estava desligado a mais de uma semana, não queria ter contato com o mundo exterior, apenas queria se depreciar por seus próprios sentimentos e quem sabe assim morrer sufocado contra os mesmos, talvez desse modo a dor sumisse. Toda a sua atenção no momento estava focada no telefone fixo em sua mão, estava com ele por perto a dias, esperando que ele ligasse; levou a garrafa de vodka pura até os próprios lábios dando mais um gole, nem sentia mais o sabor amargo contra a língua, apenas descia como água, não havia morrido de desidratação unicamente por causa das vodkas talvez, não se lembrava qual havia sido a última vez que havia comido ou bebido água; Miya e Bokuto foram até sua casa a uns dias atrás tentando o convencer a sair na rua mas o homem ruivo apenas os mandou embora, não queria sair, apenas queria ficar ali, inerte deitado contra o chão da cozinha.
O telefone fixo em sua mão tocou por fim, se sentou de uma vez contra o chão da cozinha fazendo com que se sentisse tonto, seu corpo estava fraco demais, bufou irritado antes de atender a chamada por fim aproximando o telefone preto de seu ouvido.
— Daichi?
Indagou de modo quase que desesperado, passou a mão de maneira aflita sobre o rosto, o homem do outro lado da linha suspirou pesadamente.
— Oi, Hinata, estava conversando com o chefe de polícia, encontraram ele em Seul.
Daichi disse por fim, o homem de cabelos pretos havia virado policial da força tarefa, trabalhava como oficial a alguns anos, estava passando informações a Shoyo durante alguns dias, Hinata sentiu seu corpo relaxar pouco a pouco, a ideia de Terushima estar solto o deixava simplesmente louco de raiva.
— Estão trazendo ele de volta? Ele vai ser julgado aqui no Japão, não vai?
Indagou se atropelando nas próprias palavras sentindo seu coração bater quase que desesperado contra o próprio peito, se sentia inábil, não havia conseguido proteger sua própria família, deveria ter percebido o que estava acontecendo, deveria ter ficado a alerta, conhecia o tipo de pessoa que Terushima é, por um erro seu quase perdeu Aurora, não merecia permanecer perto delas. Daichi engoliu em seco.
— Hinata, ele não vai ser julgado.
— Como assim? De que merda você está falando, ele tentou matar uma criança, ele tem que...
— Ele morreu essa amanhã, estava fugindo da polícia coreana e foi atropelado por uma minivan, a família disse que não quer o corpo dele de volta, então ele vai ser enterrado em um túmulo público.
Shoyo arregalou os olhos pouco a pouco ao escutar suas palavras. Morto. Terushima estava morto, agradeceu Daichi uma última vez antes de desligar o telefonema, os jornais provavelmente enlouqueceriam com aquilo, realmente havia sido uma boa ideia mandar ela e Aurora de volta para o Brasil, a imprensa com certeza cairiam por cima das duas, elas já haviam passado por desgaste demais, um bando de paparazzi não ajudaria nenhum pouco; respirou fundo antes de fechar os olhos com força, mesmo que tentasse se forçar a acreditar que aquilo havia sido o melhor não conseguia não pensar nela, ou no seu cabelo, o gosto de seus lábios ou a textura de sua pele, estava simplesmente enlouquecendo, era um completo desastre em tentar ficar longe daquela mulher. Levou a garrafa de vodka mais uma vez até a própria boca dando mais um gole grande demais terminando o líquido por fim, a jogou sem cuidado sobre o chão escutando o barulho do vidro se quebrando, sentiu algo quente correr por suas bochechas, seus olhos ardiam como o inferno, não pregava os olhos a dias.
Estava chorando.
Respirou fundo, bateu o punho contra o próprio peito com força e quem sabe assim seu coração parasse de doer, não aguentava mais, estava com saudades, estava se sentindo insuficiente, inábil e principalmente culpado, nunca havia carregado tanta culpa em seu peito como carregava naquele momento, se fosse possível já teria morrido sufocado por seus próprios sentimentos, queria sumir, desaparecer, que um buraco se abrisse no chão e o engolisse ali mesmo.
Queria ver ela, mais uma vez, apenas mais uma vez, se deus de fato existisse talvez ele orasse para que pudesse voltar para o dia em que a conheceu no Brasil, no dia em que ela o atropelou contra a areia da praia, no dia em que ele se apaixonou ao ter os olhos dela contra os seus castanhos. Se deus de fato existisse se ajoelharia ali mesmo e imploraria por mais uma chance, uma chance de fazer tudo diferente, uma chance de ter ela por entre seus braços mais uma vez.
Uma batida na porta, ignorou, não queria ver ninguém, não queria falar com ninguém, apenas queria desaparecer ali mesmo, outra batida dessa vez mais forte, quem quer que fosse do lado de fora parecia querer quebrar a porta, o homem de cabelos ruivos bufou irritado antes de se levantar do chão de uma vez se sentia zonzo, andou até a porta da sala a abrindo.
— Mas que merda, se eu não... Oikawa?
Indagou com a voz confusa vendo o homem do lado de fora, ele parecia tremer, os olhos castanhos estavam completamente avermelhados quase como se houvesse chorado por horas, gritou alto antes que pudesse abrir os lábios para dizer qualquer coisa um soco forte foi desferido contra sua boca, Shoyo caiu no chão quase que de automático, Oikawa gritou correndo até o homem, chutou seu estômago com força, parecia completamente fora de si.
— Ela... ela quase morreu, seu merda! Você tem a mínima noção do que fez com ela?!
Ele gritou a plenos pulmões deixando um último chute forte contra o estômago do homem, suspirou pesadamente antes de cair de joelhos sobre o chão, voltou a chorar baixinho, Shoyo tinha os olhos completamente arregalados, sentia sua boca seca.
— O... que?
Indagou com a voz trêmula sentindo as próprias mãos tremerem de maneira violenta, Oikawa secou o nariz na banca de sua blusa, respirou fundo.
— Ela descobriu que estava grávida, está com anemia severa... estava no hospital e começou a ter uma hemorragia e perdeu a consciência... um dos bebês não sobreviveu, o médico a examinou novamente, eram dois, ela está dormindo agora, parece quem um dos fetos estava sugando a energia dela e a do outro, por isso tudo isso... o outro está bem, fraco mas bem.
Ele disse por fim, escondeu o rosto por entre as mãos, Shoyo sentiu seu coração bater quase que desesperado, estava inquieto, sentia que entraria em pânico a qualquer segundo, respirou fundo sentindo seu corpo inteiro tremer em ansiedade, se levantou de uma vez completamente perdido.
— O que eu faço? Meu deus... Oikawa, o que eu...
— Só vá ver ela, está bem? Por favor, eu sei que você achou que estaria fazendo o melhor a mantendo afastada da imprensa e de tudo, mas isso só piorou tudo... só fique com ela, ela precisa de você.
Ele disse por fim, Shoyo sentiu seus olhos marejarem, estava em pânico.
Porquê na verdade quem precisava dela era ele.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐓𝐄 𝐕𝐈 𝐍𝐀 𝐑𝐔𝐀 𝐎𝐍𝐓𝐄𝐌 ; hinata shoyo
Fanfic⛓▬▬▬▬▬▬𝐭𝐞 𝐯𝐢 𝐧𝐚 𝐫𝐮𝐚 𝐨𝐧𝐭𝐞𝐦▬▬▬▬▬ Você achava que aquelas eram as piores férias de sua vida, até o encontrar jogado sobre a areia da praia. O Ninja Shoyo. ▬▬▬▬▬▬▬𝐡�...