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   — Eu juro que não contei para ele.

   O homem de cabelos castanhos murmurou rapidamente quase como se tentasse se defender, estava sentado contra a ponta da cama, você chiou aflita andando de um lado para o outro no quarto, o dia estava quase acabando, a luz alaranjada do por do sol se esgueirava por entre as janelas gigantescas de vidro, sentia que acabaria enlouquecendo, na força do impulso havia respondido a mensagem de Shoyo com um "Sim, claro" e logo em seguida ele mandou o nome de um restaurante e pediu para que estivesse lá as oito da noite.

   — Então por qual motivo ele me mandou mensagem depois de tanto tempo? Digo, só você o conhece, só você do ciclo dele conhece a Orie.

   — Eu não contei para ninguém, S/N, mesmo não achando certo eu respeito a sua decisão que ele não saiba que a menina é dele — ele murmurou em japonês, deu uma pausa longa, você bufou, estava fluente na língua desde o dia em que ele começou a lhe ensinar a exatos dois anos atrás, conversavam em japonês com Orie de vez em quando para que ela aprendesse desde pequena; ele continuou —, ainda acho errado você privar ela de conhecer o próprio pai.

   — Ela não precisa de um pai, ela tem quatro pessoas que já dão todo o amor e carinho para ela, nós suprimos a falta dele.

   Você chiou, sabia que não era certo, mas mesmo assim não queria se envolver com Shoyo, não queria que sua filha se envolvesse com Shoyo, e se ele simplesmente fosse embora e se afastasse como havia feito consigo? Você conseguia — ou menos tentava — lidar com a dor, Orie era uma criança com menos de três anos, ela não entenderia a rejeição, não entenderia o porquê uma pessoa com quem ela se apegou iria embora de uma vez falando para que se afastassem, nem você mesma entendia. Oikawa suspirou pesadamente.

   — Faça como quiser, inclusive onde ela está?

   Ele indagou olhando para os lados, você bufou, havia tirado os olhos por apenas uma fração de segundos e ela sumiu, andou em direção ao banheiro do quarto escutando alguns ruídos, abriu a porta devagar, arregalou os olhos ao ver o que estava acontecendo.

   — Aurora, o que você pensa que está fazendo?

   Chamou irritada, a garota pequena deu um pulo assustada, estava de frente para o espelho se virou rapidamente em sua direção, tinha um batom vermelho na mão pequena, seu rosto estava completamente pintado, os olhos castanhos estavam assustados, ela negou com a cabeça devagar.

   — Aurora não, é Orie, Aurora só quando você tá brava.

   Ela disse de modo atrapalhado, você segurou o sorriso que queria crescer em seus lábios, a risada alta de Oikawa se fez presente ao fundo.

   — Pare de rir, ela não pode achar que isso é engraçado, Tooru! — você disse irritada, andou em direção a garota se abaixando em sua direção, retirou o batom completamente acabado da mão pequena com cuidado, cerrou os olhos — Não estou brava, mas você tem que pedir antes de usar as minhas coisas, está bem?

   — Queria imitar você.

   Ela murmurou de maneira baixa como se fosse chorar a qualquer momento, remexia os dedinhos de maneira ansiosa, você sentiu seu coração amolecer quase que de imediato, respirou fundo, o rosto de Orie estava completamente pintado de vermelho, sorriu.

   — Da próxima vez vamos fazer juntas, tudo bem por você? — indagou com a voz carinhosa levando uma das mãos até os cachos ruivos os acariciando com cuidado, ela sorriu antes de assentir violentamente, você suspirou — A mamãe vai precisar sair um pouco, logo estou de volta, tudo bem ficar com o Kawa até eu voltar?

𝐓𝐄 𝐕𝐈 𝐍𝐀 𝐑𝐔𝐀 𝐎𝐍𝐓𝐄𝐌 ; hinata shoyoOnde histórias criam vida. Descubra agora