Capitulo 26

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Simon Klein

Escuto a voz da Nathalie me chamando, ela falava de forma doce e eu sentia ela mexer no meu cabelo de forma delicada, logo depois sua mão ia descendo para o meu ombro e depois meu peito, senti meu corpo arrepiar, a voz dela ia ficando mais alta, até que eu senti um soco no meu ombro e acordo assustado.

- Merda Nathalie. Está fazendo o que? – Falo nervoso esfregando o braço.

- Estou te chamando e você não acorda. Está atrasado. Já fiz seu café da manhã. Ia separar suas roupas. Mas você se veste de maneira triste demais. – Ela fala debochando.

- Muito atrasado? – Olho o relógio e levanto correndo.

Levanto e quase caio da cama de desespero, vou tirando a roupa e Nathalie grita jogando o travesseiro em mim e reclama enquanto se aproxima da porta.

- Para se bobeira você é minha esposa. – Falo tentando fazer uma piada. Ela sorri antes de passar pela porta.

Ela sai do quarto rindo alto e fala algo para Joseph, eu corro para o banheiro. Tomo o meu banho o mais rápido possível saio do banheiro enrolado na toalha, coloco uma cueca, calça e vou para a cozinha tomar o café da manhã com a blusa na mão.

- Tem como se vestir? Não sou sua esposa de verdade. Não tenho que te ver pelado. – Ela fala apontando uma espátula pra mim.

- Estou atrasado. – Reclamo.

- E seminu. Coloca a blusa. – Ela fala rindo.

Coloco minha blusa irritado sem tirar os olhos dela. Nathalie vai arrumando a mesa, meu café do jeito que eu gostava, ela já tinha aprendido. Um pão com um patê estranho que ela fez e eu nunca tinha provado, mas assim que comi percebi que a aparência era horrível, mas o gosto era indescritível. Ela era uma ótima cozinheira, não posso negar.

- Gostou do patê? – Ela pergunta sorrindo.

Eu apenas confirmo e termino de comer. Levanto rápido e vou para o meu quarto terminar de me arrumar. Assim que termino pego minha pasta e saio do quarto em direção a sala mandando mensagem para Adam avisando que estou a caminho.

- Não esquece que venho te buscar a tarde. Fique pronta no horário. – Falo olhando a tela do telefone.

- Sim senhor. – Ela fala rindo com um pote na mão.

- Que isso? - Pergunto enquanto pego.

- Biscoitos. Joseph disse que você sente fome a tarde e fica comendo besteira. – Ela fala envergonhada e volta para a cozinha. – É uma receita nova. Deve estar horrível. – Ela grita.

Olho para a caixa sem entender. Olho para o relógio e vejo que já deu tempo de começar uma competição no escritório. Chamo Joseph e saímos correndo. Parando no estacionamento do prédio eu nem espero por ele, subo correndo para ver o nível do estrago. Paro no meu andar, respiro fundo e abro a porta. Para a minha surpresa, todos os funcionários já estavam trabalhando, Adam estava na sala dele, não tinha sinal de fumaça nem cheiro de bebida. Vou andando até a sala de Adam e me assusto. Ele estava sentado trabalhando. Isso era novo.

- Está doente? – Falo sério.

- Você tentou fazer uma piada? – Ele sorri. – Já jogamos três modalidades e seu time quase ganhou. Mas quando você mandou a mensagem eu arrumei tudo. – Ele fala debochando.

- Entendi. Obrigado por cuidar de tudo. – Falo e sorrio.

- Relaxa cara. E como está a Nathalie? – Ele pergunta preocupado.

Suspiro e olho para ele. Adam já entende e faz um sinal para eu sentar. Fecho a porta. Ele larga os papéis e fica me olhando. Eu fecho a porta e sento no sofá. Fico pensando em tudo o que aconteceu. E se devo contar tudo.

- Ela teve uma crise de pânico... Provavelmente... Joseph acha que ela perdeu o costume de andar sozinha na rua. Ela machucou a testa e o cotovelo. Mas está bem. Ficou assustada com um enfermeiro que tentou se aproximar.... – Falo e fecho os olhos.

- Cara eu sei o quanto deve ser difícil pra você reviver isso. Não foi fácil esquecer o quanto essa família te fez mal. E agora ver isso. – Ele fala me olhando.

- Sim. Eu odeio o Roger. Mas tinha esquecido dele. Agora vem tudo de novo. E olha pra ela. Ela tem medo das pessoas, tem medo de sair de casa. Eu a carreguei no colo e você não tem noção do quanto ela está leve. Eu vejo os machucados dela e imagino a dor que ela sentiu e está sentindo. E não tem nem um mês. – Falo desesperado.

- Ela está reagindo bem... Podia ser pior. Mas ela está conseguindo sobreviver. Entende porque ela precisa de carinho agora? Não desse seu jeito. Ela precisa se sentir segura e não ter medo dentro de casa. – Adam fala quase brigando comigo.

- Eu sei. Mas não é fácil pra mim também. Tem esse processo, o passado voltando e ela. Nathalie não é difícil..., mas a situação é. – Falo cansado.

- Eu sei. Mas tenta ajudar. A empresa vou dividir com você, fica tranquilo. Só cuide dela. – Ele fala e sorri.

- Obrigado cara. Não sei se vou conseguir dar conta de tudo sozinho. – Falo solto um pouco a gravata.

- Você não está sozinho. Somos irmãos cara. Estou com você. – Ele ri. – Jantar hoje? De casal, na churrascaria. – Ele combina.

- Tudo bem. Ela precisa sair. Vou levá-la para andar um pouco e a noite vamos. – Combino e vou para a minha sala.

Passo o resto da tarde trabalhando em um ritmo mais lento. Era bom ter Adam trabalhando de verdade e não ter o peso só nas minhas costas. Depois de algumas horas eu paro e lembro dos biscoitos. Pego o pote e começo a comer, era o melhor biscoito que eu já tinha comido. Depois de alguns minutos Adam entra na minha sala e come como um desesperado, no final eu só consegui comer uns três.

No horário combinado eu volto para casa. Nathalie já estava me esperando sentada no sofá, Joseph não tinha voltado para casa porque estava observando o lugar junto com Mike para saber era realmente seguro. Assim que entro em casa vejo Nathalie arrumada, muito bem vestida e sorrindo.

- Você veio mesmo. – Ela sorri.

- Achou que eu estava mentindo? Vamos sair. – Ela levanta animada.  

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