Capítulo 17

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Nathalie Klein

Entro no provador junto com Ester, ela fica me perguntando se eu já conhecia a loja, se eu estava procurando roupa a muito tempo. Ela estava se esforçando ao máximo para ser simpática e me fazer gostar do ambiente.
-Não conhecia a loja.... e eu preciso de roupas mais longas e fechadas... Por favor. - Falo envergonhada.

-Está se escondendo porquê? Você é linda. - Ela fala e sorri.

Eu sei que era papo de vendedora, mas foi bom ouvir isso. Depois de alguns minutos Ester voltou do estoque com um bolo de roupas na mão. Eu nem sei se iria experimentar isso tudo e se iria gostar. Pelo jeito meu sentimento ficou estampado no meu rosto.

-Não precisa se assustar. Seu marido está confortável. E vamos experimentar tudo com calma. Separar o que você gosta e não gosta. - Ela tentou me acalmar.

-Tudo bem... - Falo olhando as roupas.

Ester tinha uma boa leitura das pessoas. Porque mesmo sem eu falar o meu tamanho ou gosto. Ela foi acertando em quase todas a roupas que eu experimentava. No início eu tinha o cuidado de esconder as minhas marcas, mas no final, com a conversa dela, parecíamos amigas.

-Gosta de vinho? - Ester me perguntava animada.

-Sim. Vinho doce. - Respondi dentro do provador enquanto colocava a blusa.
Quando sai do provador com o Look completo, Ester estava do lado de fora, com uma taça de vinha na mão me esperando. Eu olhei rápido para o meio da loja, e lá estava Simon, sério, olhando o telefone.

-Ele está muito ocupado como sempre, não é? - Ela fala me olhando.

-Vocês se conhecem a muito tempo? - Pergunto pegando a taça.

-Nem lembro... - Ela fala pensando. - Acho que uns seis anos. Mas ele parou de comprar aqui a um tempo. - Ela fala enquanto me mostra uma saia.

-Gostei. - Sorrio. - Ele comprava para... - Espero ela completar.

-Não importa. O que importa é que hoje ele está comprando pra você e pelo jeito ele está com paciência. Isso é raro  - Ela sorri e tenta desconversar.

Entro no provador e coloco amis algumas roupas. No final eu já estava o suficiente. Ester já tinha pedido para uma menina separar as roupas e colocar tudo em bolsas. Ela pegou a última roupa que estava comigo e levou.

Eu terminei de colocar a minha roupa, arrumei meu cabelo e peguei a taça de vinho. Fui andando até o caixa. Ester me ofereceu mais vinho, mas eu não aceitei, já estava indo embora. Ela então fechou a conta e deu o valor para Simon, enquanto ele pagava, Ester anotava meu número para me passar as novidades. Que no caso, era o número de Simon, já que eu não tinha telefone para receber mensagens.

-O número dela é novo. Ela trocou recentemente. - Simon dava a desculpa e passava o número novo dele. - Nós trocamos.

Nós dividimos as bolsas e andamos em silêncio até a entrada do shopping. Eu estava realmente feliz por estar livre, mesmo não tendo uma liberdade completa. Assim que chegamos Simon pegou o telefone e chamou um carro. Depois de alguns minutos nosso carro chegou e nos entramos.

- Me diz o valor das roupas. – Falo baixo sem olhar pra ele.

- Não precisa. Guarda o seu dinheiro para algo importante. – Ele fala e me olha
- Eu insisto. – Falo puxando o envelope com dinheiro da bolsa.

- Seu ex marido era um babaca. Já sabemos. Mas eu não sou. Fica como presente. Tudo bem? Começamos errado. Vamos tentar de novo? – Ele me olha sério mas sincero.

- Tudo bem... Obrigada. – Sorrio e fico olhando a paisagem pela janela.

Chegando em casa fui direto para o meu quarto. Deixei as bolsas no chão perto da porta e fui tomar meu banho. Hoje seria o primeiro dia sem Joseph. Seria eu, Simon e o grande desconforto. Sai do banho, coloquei meu pijama e fui para a cozinha. Simon estava no quarto como sempre.

Eu estava com fome e precisava saber se ele iria querer jantar também. Então fui andando até o quarto  e bati na porta de leve. Depois de bater pela segunda vez tive permissão para entrar. Abri a porta lentamente e fiquei parada ali mesmo.

- Vou fazer o jantar. Vai querer comer? – Falo sem graça.

- Sim... Por favor. – Ele me olha. – Precisa de ajuda?

- Não. Obrigada. – Falo e volto para a cozinha.

Eu estava cansada e não cozinhava de verdade e com vontade a um tempo. Então decidi fazer um nhoque caseiro de frango com molho branco. Eu não imaginei o quanto me faria bem cozinhar, é algo tão simples, mas que eu amo e não fazia com paixão a muito tempo.

E cozinhar pra mim era fonte de lembranças afetivas fortes, me lembrava da minha mãe, dos lanches de Final de semana e até mesmo dos primeiros eventos no apartamento com Felipe. Essa jantar de hoje era algo que eu estava precisando de verdade.

Depois que a comida ficou pronta eu arrumei a mesa. Simon não tinha muitas coisas para deixar a mesa com um ar organizado, mas estava bom, pensei em comprar as coisas com o tempo, mas por outro lado eu não iria queria aqui por tanto tempo assim.

Terminei de arrumar a mesa e voltei ao quarto de Simon. Bati novamente na porta e esperei a autorização para entrar, que dessa vez veio de primeira. Eu permaneci na porta e esperei uns minutos enquanto ele terminava de falar algo em alemão com o computador.

- Pode falar. – Ele falava de forma séria.

- A comida está pronta. – Falo nervosa. – Quer comer aqui ou na mesa?

- Aqui. – Ele falou e voltou a olhar para o computador.

Eu esperei alguns segundos mas ele estava muito atento ao computador e não percebeu que eu ainda não tinha ido embora. Nesse momento eu tive um sentimento de tristeza estranho. Mas porque eu estava sentindo isso?

Simon era sério, triste e as vezes estúpido. Ele me lembrava um pouco Felipe, tirando a parte da violência. E o que eu estava esperando? Ele não era meu marido. Tudo isso era mentira. Então como eu poderia ficar chateada porque ele decidiu ficar trabalhando e não comer comigo.

Então voltei para a cozinha, respirei fundo e coloquei a comida dele. Não sei exatamente o quanto ele come. Mas coloquei a mesma quantidade que colocava apara Felipe. Peguei o prato dele e levei até o quarto. Dessa vez não bati na porta, apenas entrei lentamente.

Ele fez um sinal pra eu ir até a mesa e assim eu fiz. Levei o prato e coloquei ao lado do notebook dele. Simon falou algo em alemão que deveria ser um agradecimento. Eu apenas tentei sorrir.

- Quer beber algo? – Pergunto desconfortável.

- Suco de laranja. – Ele fala olhando para a tela.

Eu saio e vou até a cozinha, pego um copo, abro a geladeira e lá estava a caixinha de suco de laranja. Enchi o copo, e procurei no armário um descanso de copo que eu tinha visto mais cedo. Entro e levo até o quarto.

- Tem um vinho na geladeira. Pode beber. – Ele fala olhando para o computador.

- Obrigada. – Falo sem vontade.

Coloco o copo em cima da mesa junto com o descanso para proteger e volto para a minha refeição. Vou até o armário, pego uma taça e vou para a geladeira. Pego a garrafa, sento a mesa sozinha, encho meu copo e fico olhando para a parede pensando em como cheguei a esse ponto.

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