Capitulo 16

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Simon Klein

Eu estava no telefone passando algumas informações para Adam e revisando algumas coisas. Nunca gostei de sair para comprar roupas com a Anna, e Nathalie não era minha esposa. Eu iria fazer o que? Olhar ela se trocar e da opinião?

Ela já tinha passado por algumas lojas e não tinha gostado de nada. Eu não entendo dessas coisas, mas eu queria que ela comprasse algo para eu poder voltar para casa. Estava cansado, precisava do meu notebook, eu tinha muitas coisas para fazer.

Olho para dentro da loja e vendo as meninas me olhando sem entender, vejo que Nathalie não está na loja e a vendedora que estava atendendo ela estava me olhando. Olho em volta e vejo que ela já estava longe demais.

-O que aconteceu? - Olho para as vendedoras, mas ninguém me responde nada.

Vou correndo até ela, as pessoas em volta ficam me olhando sem entender. Quando consigo chegar perto seguro a mão dela e a faço virar de frente pra mim. Eu precisava de respostas. Ela não tinha feito isso nas outras lojas.

Quando ela ficou de frente pra mim, o rosto dela estava vermelho e ela estava chorando, assim que nossos olhos se cruzaram uma lágrima caiu. Eu não sabia o que tinha acontecido, não tinha prestado atenção porque estava no telefone. Limpo a lágrima no rosto dela em um movimento automático.

-O que aconteceu? - Pergunto baixo.
-Nada Simon. Estou cansada. - Ela fala triste.

-Não sou idiota. Elas falaram algo? Te trataram mal? - Pergunto nervoso ainda segurando a mão dela.

-Elas estavam conversando. E pelo jeito te conhecem... E eu não sou bonita o bastante para estar com você e não me visto de forma adequada. - Ela fala chateada. - Mas eu não deveria me importar, porque nosso casamento é de mentirinha. - Ela sorri de forma sarcástica e mais uma lágrima cai.

-Merda. Eu vou voltar e falar com elas. - Falo e ela não me deixa terminar.

-Do que adianta. Isso não vai mudar a opinião delas... Não vai mudar o que eu estou sentindo. - Ela fala e outra lágrima cai. - Porque elas te conhecem? - Ela fica me olhando.

-Minha empresa projetou esse shopping. - Falo e limpo a lágrima dela. - Bem eu conheço uma loja que você pode gostar.... vamos tentar só essa e depois vamos embora. - Ela aceita, ainda desanimada.

Essa era a loja preferida da Anna. Ela sempre dizia:
“Vir ao shopping e não passar aqui, não é vir ao Shopping.”
Era sempre a mesma frase. Não era uma boa ideia voltar lá, mas a gerente acabou virando minha “amiga”. Era mais fácil para comprar um presente surpresa. E sem dúvidas Nathalie seria bem tratada lá.

Vamos andando até a loja, e assim que chego na porta Ester me reconhece. Ela abre um sorriso e vem me abraçar e eu retribuo. Ela olha para Nathalie em sem entender. Como se me perguntasse “Cadê a Anna?” Mas ela disfarçava muito bem.

-Ester... Essa é a Nathalie. - Ela sorri.

-Prazer Nathalie, sou Ester. Precisa de uma ajuda? - Nathalie tenta sorri.

-Ela precisa de tudo. Pode nos ajudar? - Falo nervoso.

-Guarda roupa novo? Adorei. Venha querida, vou te mostrar tudo. - Ela falava empolgada.

Nathalie de início ficou me olhando desconfiada. Mas foi andando com Ester. Eu fiquei sentado no lugar de sempre. Uma poltrona branca no meio da loja, colocada estrategicamente para os maridos e namorados. Com wi-fi liberado, bebidas e chocolate. Era a melhor loja do Shopping, segundo Anna.

Flashback On

Não lembro exatamente como nos conhecemos. Mas lembro do nosso primeiro encontro, foi em um restaurante japonês. Eu odiava a comida, mas queria agrada-la. A cada comida que eu experimentava, a minha vontade de vomitar era enorme, mas eu me mantinha sorrindo. Precisava de um segundo encontro.

Alguns meses depois Anna me contou que se divertiu com toda a cena. Ela sabia que eu estava odiando as comidas, mas que me encheu de comida como forma de castigo, por eu estar mentindo pra agrada-la. Eu ri por me achar estupido.

Essa loja nos conhecemos por acaso. Era dia dos namorados eu queria comprar um presente, mas ela sempre foi muito difícil. Então achei melhor traze-la no shopping para ela escolher. Esse foi o meu maior erro.

Andamos por todas as lojas possíveis e impossíveis. Eu nem sabia que tinham tantas lojas de roupas de mulher. Eu já estava exausto, começando a me irritar, mas era o nosso primeiro ano juntos, eu não queria arrumar confusão. Então vi essa poltrona branca, seria o lugar perfeito para eu descansar.

Assim que chegamos na porta uma vendedora nos recebeu, para Anna ofereceu a coleção de verão e pra mim a poltrona branca e uma garrafa de cerveja, nessa época eu ainda bebia. Nesse momento se tornou a melhor loja.

Eu tinha vinte e quatro anos. Anna tinha vinte e três. Eu estava indo bem com a minha empresa, ganhando bastante dinheiro, estava com uma namorada linda, engraçada, companheira ao meu lado. Ela era perfeita.

-O senhor precisa de algo? - A gerente me perguntava de forma simpática.

Ester era simpática e linda. Conversamos um pouco enquanto Anna escolhia as roupas. Ela tinha acabado de ganhar o cargo de gerente e estava animada. Ao final da compra o telefone de Anna foi deixado no cadastro para receber as novidades, eu não estava me importando. Anna estava feliz com suas sacolas de roupa, eu tinha acertado no presente e a cereja estava bem gelada. Estava tudo perfeito.

Depois daquele dia, essa loja se tornou a nossa preferida. Eu tinha o telefone da loja. E quando queria dar um presente a Anna era só ligar, falar com a Ester que já conhecia o gosto dela, Ester deixava o presente separado e embrulhado e eu só passava para buscar.

Um ano depois Klaus achou melhor que eu ficasse com Joseph, que seria um capo fixo, diferente dos outros, ele iria morar comigo nos dias de semana, fazer minha segurança vinte e quatro horas.

Na época eu não entendi o porquê desse medo de Klaus. Eu não estava sendo ameaçado. Minha vida não corria risco. Então porque um segurança para morar comigo. No futuro eu fui entender que o perigo era a Anna. E que se Joseph não estivesse comigo eu poderia não ter sobrevivido ao acidente de carro.

Flashback off

-Simon... Está me escutando? - Ester fala sorrindo na minha frente.

-Desculpe Ester não te ouvi. - Falo envergonhado.

-Quem é ela? - Ela pergunta curiosa.

-Nathalie. Minha esposa. - Falo tentando convencer.

-E nunca comprou um presente pra ela daqui? Nem adianta inventar desculpa. Eu já perguntei e ela não conhecia a loja. - Ela sorri.

-Por isso que hoje ela está aqui para gastar todo o meu dinheiro. Todo mundo sai feliz certo?- Tento sorrir.

-Ainda bem que você superou a Anna. Fico feliz por você. - Ela fica sem graça. - Vai aquela cerveja de sempre? Tenho uma bem gelada. - Ela olha para o Freezer customizado da loja.

-Não... Eu parei de beber. Obrigado. - Falo e ela bufa.

-Você ficou chato Simon. Espero que essa mulher te faça feliz de novo. - Ela sorri e pisca.

O recomeço Onde histórias criam vida. Descubra agora