Capítulo 37

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Nathalie Klein

Acordo no dia seguinte e Simon já tinha saído de casa. Sem tomar café da manhã. Provavelmente para me evitar. Eu evitei o beijo, mas não sei se queria. Me pegou de surpresa pra falar a verdade. Eu acho que estou começando a ter sentimentos por ele. Mas tudo isso é muito confuso e está tudo muito recente. Acho que posso estar gostando dele por uma carência, porque ele me trata bem.

Na verdade eu não sei mais como é gostar de alguém de verdade. E tenho medo de gostar, eu não sei se consigo gostar de alguém de novo. Sem ter medo de tudo se repetir. E ainda tenho medo de Felipe, ele está solto no mundo. O que ele faria se descobrisse que estou casada de novo? Ele mataria Simon e depois me mataria.

Joseph chega minutos depois, eu já tinha arrumado a mesa para o café da manhã. Ele se senta e fica me observando por longos minutos sem falar nada. Como se me analisasse. Eu finjo não me importar e continuo comendo em silêncio.

- Ele saiu sem o café da manhã.... – Ele quebra o silêncio.

- Não foi culpa minha. Ele saiu mais cedo. – Falo chateada.

- Não é culpa sua. Eu sei. – Ele suspira. – Mas aconteceu algo? – Ele me analisa.

- Ele te contou? – Devolvo a pergunta e ele sorri.

- Ele nunca fala nada. Mas depois que você chegou Simon mudou. Está mais aberto. Ele falou do beijo. – Joseph fala e para.

- Que não aconteceu. – Ele confirma com a cabeça. – Eu não esperava... Me pegou de surpresa. – Falo sem graça.

- Então você queria. – Joseph afirma.

- Não sei. É complicado. Tenho medo. O que me garante que Simon não é como Felipe? Que não vai fazer a mesma coisa? Eles são bem diferentes... Mas sei lá.... Eu tenho medo. Muito medo. – Falo e suspiro.

- Eu entendo. Mas conheço Simon a muito tempo. Ele nunca faria o que Felipe fez. Eu tenho certeza. – Ele fala decidido.

...

Passamos o resto da tarde organizando a casa e fazendo nada. Eu estava totalmente entediada. Queria sair e fazer alguma coisa. Então fui dar uma volta com Joseph na rua. Assim que voltei preparei um lanche para nós dois e logo mais tarde o jantar.

Eu olhava o relógio a casa minuto e Simon não chegava. Ele sempre chegava no mesmo horário de sempre. Mas já tinham se passado duas horas. Depois de uma ligação, Joseph se despediu de mim e disse que Simon chegaria mais tarde.

Arrumei a mesa do jantar e comi sozinha. Fiquei esperando por Simon por 40 minutos depois de terminado de jantar, mas ele não apareceu. Deixei o prato dele pronto em cima da mesa. Era um comportamento automático, lavei a louça, guardei as panelas e arrumei a cozinha. Tomei meu banho e deitei na cama. Acabei dormindo e não vi Simon chegar.

....

Acordo no dia seguinte com Simon falando alto ao telefone com Adam. Escuto ele gritar sobre algo do processo e ele parecia estar muito nervoso. Levanto da cama assustada e vou para a sala. Joseph estava nervoso a andando de um lado para o outro e Simon gritava do quarto dele.

- O que está acontecendo? – Falo olhando para Joseph.

- Problema no processo. Não sei se Adam fez algo errado ou o que aconteceu. Não é um bom momento...  – Ele fala nervoso.

Depois de longos minutos Simon para de gritar. Eu me aproximo da porta do quarto e vejo Simon sentado na mesa soltando a gravata, o rosto estava todo vermelho de raiva. E ele parecia estar com falta de ar. Bato na porta para anunciar a minha chegada.

- Posso entrar? – Falo baixo e ele confirma.

Simon fecha os olhos, encosta a cabeça na cadeira e tenta respirar. Eu me aproximo lentamente, tiro a gravata dele de forma delicada e abro os primeiros botões da camisa. Ajudo ele a tirar o blazer e passo a mão no cabelo dele de maneira carinhosa. Isso sempre acalmava Arthur. Simon respira fundo e eu sento no braço da cadeira ao lado dele. Simon pega a minha mão e fica acariciando.

- O que está acontecendo? – Pergunto de forma carinhosa.

- Problemas com o processo. Estou com medo de perder e sujar o nome da empresa. Foi tudo muito difícil. – Ele fala exausto.

- Simon... Vai dar tudo certo... Fala com meu pai. Pede ajuda a ele. – Falo e ele abre os olhos.

- Não posso perturbar seu pai com isso. Não agora. – Ele fala e se levanta.

- Porque não agora? Aconteceu algo? – Pergunto preocupada.

- Não. Nada. Está tudo bem. – Ele tenta desconversar.

- Simon. Minha família está bem? Aconteceu algo? – Pergunto preocupada.

Simon estava de costas pra mim. Como se estivesse pensando ou digerindo. Foi tudo muito rápido. Mas em segundos eu consegui pensar em mil coisas. Felipe poderia ter machucado alguém da minha família. Ele prometeu separar Dom e Rosa. Disse que mataria Mike. Ele poderia ter machucado minha mãe porque sabe o quanto ela é importante pra mim. Muita coisa poderia ter acontecido. Simon sabia, mas não queria me contar.

- Simon. Me fala. – Falo um pouco mais alto.

Sinto meu coração acelerar e falta de ar. Simon me olha com uma expressão que eu nunca vi. Ele estava apertando a nuca e parecia estar muito irritado. Ele ficava me olhando como se não soubesse o que fazer. Como se estivesse pensando o que falar.

- Simon. Me fala. – Falo mais alto.

- Nathalie. Não é um bom momento. Não estou bem... Não aconteceu nada. Está todo mundo bem. Só não encontramos Felipe ainda. – Ele fala irritado.

- Se está tudo bem. Então o que aconteceu. Porque não parece ter novidades, mas algo mudou. – Falo e Simon vira de costas.

- Nathalie nada mudou. Só estou com esse problema na empresa. Preciso de paz agora na minha cabeça. Estou cheio de problemas, a empresa, o processo e Felipe. Estou tentando dar conta de tudo. Mas não está fácil. – Ele fala irritado.

- Eu entendo. Divide as coisas comigo. Me conta o que está acontecendo. Sou sua esposa não sou?  – Falo no mesmo tom.

- Não. Você não é. Não posso Nathalie. São os meus problemas. – Ele fala mais alto.

- Felipe é problema meu. – E eu mantenho o tom dele.

- É meu problema. Você é meu problema. Minha responsabilidade. Como a empresa também é. Eu estou aqui para te deixar segura. E estou fazendo isso. Entenda o meu lado. Tem coisas que não posso falar. Você tem que entender. – Simon fala com raiva.

- Sou um problema? – Falo e sinto meu rosto queimar. – Estou cansada de ser um problema pra todos. Não quero ser um problema pra você também. – Falo e cai uma lágrima. – Me deixe ir embora e seu problema acaba. – Falo com raiva.

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